Ontem assisti “AZUL É A COR MAIS QUENTE” (La Vie d'adèle - 2013) e ele veio PARA DESAFIAR PRECONCEITOS
Vencedor da Palma de Ouro aborda relação de amor e desejo entre duas mulheres.
Quem quiser ficar por dentro de uma das maiores polêmicas, terá de encarar três horas de câmeras extremamente detalhistas, mas não sairá arrependido. O diretor tunisiano, criado na França, explora até o limite suas belíssimas atrizes e mergulha em suas decepções amorosas, arrastando consigo seus espectadores atordoados. O longa, retrata a relação de amor entre duas mulheres (uma terminando a faculdade, vivida por Léa Seydoux, e outra no Ensino Médio, interpretada por Adèle Exarchopoulos). Não indico este filme aos preconceituosos, pois tem muitas cenas de sexo entre as duas atrizes. Ah, este filme não é recomendado para menores de 16 anos.
Apaixonadas, elas conhecem cada pedaço do corpo uma da outra e se entendem muito bem entre quatro paredes, mas são como água e vinho fora delas.
Adèle, 19 anos na vida real e com 17 anos no filme, ainda não sabe que é lésbica. A dúvida aparece quando suas amigas a pressionam para que se envolva com um garoto e ela o faz – mas detesta a experiência. Paralelamente, ela cruza com Emma na rua e quase é atropelada de tanto olhar para a garota de cabelos azuis.
Além de mostrar a descoberta sexual, “Azul...” discute a impossibilidade do amor diante de certas diferenças. Na verdade, apesar de Kechiche insistir que este é um filme sobre o amor, o que se vê é a paixão em sua forma mais pura. As duas se encantam, conversam superficialmente, sentem o coração bater na garganta, conhecem suas famílias, se perdem na cama...
Apesar disso, o que fica grudado na memória não é o enredo, mas sim o sentimento. É tão fácil se identificar com a insegurança de Adèle – seja você hétero ou homossexual, homem ou mulher – que “Azul...” deixa de ser um drama, ou uma pornografia como o acusaram, para ser um romance “de formação”, sobre o crescimento emocional de sua personagem. Sem julgamentos, sem preconceitos. Não se trata de um filme militante sobre um relacionamento homoafetivo. E por causa disso acaba marcando ainda mais o espectador. O relacionamento de Adèle e Emma é construído de forma muito delicada e inteligente. Um filme que mostra a força do amor, seja para construir, seja para destruir. Que mostra as maravilhas, as incertezas e as dificuldades de uma juventude que não sabe o que quer, mas que ao mesmo tempo quer tudo.
Para mim, elas se entregaram de corpo e alma ao longa e protagonizaram no mínimo três cenas memoráveis: a tão falada cena de sexo; a cena em que brigam; e a sequência num café.
Um filme adorável. Vamos pensar fora da ''caixinha'', sem preconceitos e sem julgamentos? Toda forma de amor, vale a pena!