quarta-feira, 30 de junho de 2010

Se tu me amas...



Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mario Quintana

terça-feira, 29 de junho de 2010


"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas, já eu teria desistido da vida." 

 José Saramago

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Música: Gatinha Manhosa


Ficou uma graça este vídeo na voz de Adriana Calcanhoto... confira!

O que dá trabalho mesmo é...

"O que dá trabalho mesmo é viver sempre do mesmo jeitinho. Pois eu quero mais dessa maluquice que me ajuda a reinventar maneiras de estar aqui. Porque para se estar aqui com um pouco que seja de conforto na alma há que se ter riso. Há que se ter fé. Há que se ter a poesia dos afetos. Há que se ter um olhar viçoso. E muita criatividade."

Ana Jácomo

Eu, meu melhor amigo

A autoestima é a melhor aliada do sucesso na vida pessoal e profissional. Não há idade-limite para conquistá-la.

PAUL CÉZANNE (1839-1906)
O pintor francês teve seus quadros rejeitados no Salão Oficial de Paris e foi motivo de chacota entre os críticos durante anos, mas não se deixou abater. "Eu sou um marco na arte", costumava dizer. Tinha razão.

WALT WHITMAN
(1819-1892) O poeta americano enaltece a si próprio em sua obra-prima Folhas de Relva. "Eu celebro a mim mesmo / E o que assumo você vai assumir / Pois cada átomo que pertence a mim pertence a você", proclamou.

TINA TURNER
A cantora apanhou do marido, Ike Turner, durante quase duas décadas até que um dia se convenceu do próprio valor, achou-se capaz de mudar de vida e seguiu carreira-solo.

ALEXANDRE, O GRANDE
O imperador se considerava um deus. Comparava suas conquistas e realizações com as de personagens da mitologia grega, como Hércules e Dionísio,
o deus do vinho.

LEWIS HAMILTON
Aos 10 anos de idade, ainda piloto de kart, o jovem inglês se apresentou ao chefão da McLaren, Ron Dennis, e disse que um dia ainda faria parte da escuderia. Agora, em sua estréia na Fórmula 1, já é considerado um fenômeno nas pistas.

MICHEL DE MONTAIGNE
Em Ensaios, o filósofo francês sugere como superar o sentimento de desconforto com o próprio corpo, a sensação de que se é pouco inteligente e o sentimento de inadequação quando algum comportamento é desaprovado pelos outros. "A pior desgraça para nós é desdenhar aquilo que somos", escreveu.

COCO CHANEL
A estilista desafiou a sociedade do início do século XX ao apostar na originalidade de suas roupas. "As pessoas costumavam rir da forma como eu me vestia", dizia ela. "Mas esse era o segredo do meu sucesso. Eu não era parecida com ninguém."

Os manuais de auto-ajuda se incorporaram à vida moderna tanto quanto os telefones celulares ou a internet. Cada vez mais gente encontra inspiração em seus conselhos para perseguir uma vida melhor, seja do ponto de vista material, seja do espiritual. Na lista dos livros mais vendidos de VEJA, os títulos de maior sucesso ensinam a ficar rico em pouco tempo, a atrair a sorte para si próprio e a galgar degraus no trabalho rapidamente. Se todos os títulos de auto-ajuda fossem colocados em uma centrífuga, o conselho fundamental que daí resultaria seria: goste de você, tenha confiança em si mesmo, acredite em sua capacidade. Em resumo: preserve sua autoestima. Os psicólogos são unânimes em afirmar que a autoestima é a principal ferramenta com que o ser humano conta para enfrentar os desafios do cotidiano, uma espécie de sistema imunológico emocional. Ela determina, em última análise, a forma como nos relacionamos com o mundo. "A pior desgraça para nós é desdenhar aquilo que somos", escreveu ainda no século XVI o filósofo francês Michel de Montaigne. Resume o historiador inglês Peter Burke: "A autoestima é o conceito mais estudado na psicologia social, e há um bom motivo para isso. Ela é a chave para a convivência harmoniosa no mundo civilizado".

A autoestima é vital não apenas para as pessoas mas também para as famílias, os grupos, as empresas, as equipes esportivas e os países. Sem ela, não há terreno fértil para as grandes descobertas nem para o surgimento dos líderes. Quem não acredita em si mesmo acha que não vale a pena dizer o que pensa. Desde o início da civilização, o mundo é movido a pessoas que confiam de tal forma nas próprias ideias que se sentem estimuladas a dividi-las com os outros. Isso vale tanto para cientistas quanto para poetas, tanto para artistas quanto para políticos. O filósofo grego Aristóteles já observava que a esperança e o entusiasmo, juntos, formam a centelha da autoconfiança, sem a qual os jovens não teriam futuro.

Antigamente, acreditava-se que o grau de autoestima de uma pessoa era determinado na infância e se preservava intocado ao longo da vida. A boa notícia é que, nos últimos anos, a psicologia derrubou essa teoria. Hoje se sabe que é possível desenvolver a autoestima em qualquer idade e mantê-la elevada para sempre. O sucesso dessa empreitada depende não apenas da visão que se tem de si mesmo, mas também da avaliação que se faz da sociedade em que se vive. Em 2004, três estudos da Universidade de Dakota do Norte, nos Estados Unidos, envolvendo 257 estudantes, constataram que os mais pessimistas, que tinham uma percepção negativa sobre diversas atividades do local em que viviam, também eram os que apresentavam a pior impressão de si mesmos. "As pessoas que aprendem a adequar sua maneira de agir aos valores da sociedade em que vivem são as que possuem autoestima mais elevada", disse a VEJA Shinobu Kitayama, professor de psicologia da Universidade de Michigan e autor de um estudo comparativo entre a autoestima de americanos e japoneses.

As pesquisas mais recentes sobre autoestima apresentam outras duas novidades. A primeira é que é possível ter autoestima alta e baixa que se alternam. "Um indivíduo pode ter confiança plena em si próprio no ambiente profissional, mas se sentir a última das criaturas no âmbito pessoal, e vice-versa", disse a VEJA o psicólogo Daniel Hart, da Universidade Rutgers, nos Estados Unidos, que detalhou essa teoria em um artigo do livro Self-Esteem: Issues and Answers (AutoEstima: Casos e Respostas), lançado no ano passado. "Isso indica que, para aumentar a autoestima, não basta apenas ter pensamentos positivos generalizados. O ideal é concentrar-se nos pontos fracos que podem ser mudados e melhorados", observa Hart. Uma pesquisa feita há três meses pela Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, concluiu que um grupo de mulheres que implantou silicone nos seios teve sua autoestima elevada no que diz respeito à sexualidade. Em outras áreas, como desempenho profissional e satisfação no trabalho, a cirurgia não surtiu efeito algum. Ou seja, se o problema da autoestima é na carreira, de pouco adianta melhorar a aparência física.

A segunda revelação da psicologia no terreno da autoestima é que algumas das características que a compõem podem ser hereditárias. Essa descoberta enterra definitivamente a noção de que a autoestima é formada apenas durante a infância, em casa, por influência dos pais. Recentemente, um grupo de psicólogos da Universidade de Southampton, na Inglaterra, fez uma revisão dos principais estudos já conduzidos sobre a relação entre a autoestima e os fatores genéticos. O trabalho foi publicado no European Journal of Personality. Uma das pesquisas foi realizada com 738 pares de gêmeos adultos que viviam separados um do outro havia pelo menos um ano e meio. Embora morando em ambientes totalmente diferentes, os gêmeos univitelinos, que têm o código genético idêntico, apresentaram o mesmo grau de autoestima. Já os gêmeos bivitelinos, que não foram gerados no mesmo óvulo, desenvolveram graus de autoestima diferentes. Outros estudos, feitos com filhos adotivos, também indicaram que a genética pode ter um peso considerável na autoestima. Segundo as pesquisas, a autoestima de crianças adotadas não é influenciada pelo comportamento dos pais adotivos. "Existe um conjunto de fatores que nos leva a crer que os genes exercem um papel crucial no desenvolvimento da autoestima", disse a VEJA o americano William Swann, professor de psicologia social da Universidade do Texas e autor de vários artigos sobre o tema. "O que ainda não sabemos é quanto da autoestima é formado pelos genes e quanto é resultado do ambiente. Quando tivermos essa resposta, poderemos tratar o problema da baixa autoestima de maneira muito mais eficiente", afirma ele.

O primeiro passo para melhorar a autoestima, segundo médicos e psicólogos, é identificar os comportamentos e as crenças negativas que foram construídos durante a vida. Coisas como acreditar-se incapaz de realizar grandes projetos, de conseguir um bom marido ou uma boa esposa e achar que subir na carreira e ganhar mais dinheiro é privilégio apenas das outras pessoas. A partir daí, é preciso questionar essas crenças. As que não contribuírem para uma vida harmoniosa devem ser limadas do comportamento do dia-a-dia. Segundo os psicólogos, são os pensamentos e as atitudes próprios – e não os eventos externos – que moldam os sentimentos. Assim, se um indivíduo tem uma visão distorcida e negativa de si mesmo, terá autoestima baixa. Ter baixa autoestima não significa, necessariamente, ter depressão, mas uma coisa pode levar a outra. "Uma pessoa com baixa autoestima se enxerga de maneira negativa, mas consegue levar uma vida normal. Quem tem depressão, além dessa visão negativa, perde a motivação para viver", diz a psicóloga Eliana Melcher Martins, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Mas um indivíduo com depressão sempre tem autoestima baixa, pois essa sensação de incapacidade é um dos aspectos que podem torná-lo depressivo", ela completa.

Existem seis regras básicas para elevar a autoestima e ganhar confiança de maneira permanente. Elas funcionam a partir do momento em que se decide identificar as crenças negativas e se trabalha continuamente para modificá-las. As regras são as seguintes:

• Examinar o passado. Esse é um passo crucial para elevar a autoestima. Ao fazer essa retrospectiva, é possível perceber que alguns erros do passado podem ser corrigidos e outros não. Ao deparar com o que não pode ser mudado, o melhor a fazer é aceitar a situação, esquecer esses erros e se concentrar apenas no que pode ser melhorado.

• Achar um meio-termo. Quem sofre de baixa autoestima costuma seguir a linha de pensamento do "tudo ou nada", ou seja: se uma tarefa realizada não saiu perfeita, foi um tremendo fiasco. Há uma grande diferença entre dizer "Eu fracassei três vezes" e "Eu sou um fracasso". Segundo os psicólogos, é preciso se esforçar para encontrar um meio-termo. Uma tarefa que não saiu perfeita dessa vez pode ser melhorada no futuro.

• Dar um sentido à vida. Um estudo do Instituto de Envelhecimento da Universidade da Flórida concluiu que pessoas que dão um sentido à vida, prestando serviços comunitários ou investindo numa segunda carreira, se sentem mais satisfeitas consigo mesmas e apresentam autoestima elevada e estável.

• Focar os aspectos positivos. A pessoa que sofre de baixa autoestima tende a concentrar sua atenção apenas nos aspectos negativos de determinada situação. Se o chefe menciona os pontos fortes e fracos de um projeto apresentado, por exemplo, ela vai lembrar e remoer apenas as críticas, ignorando os elogios. Ao se concentrar nos pontos positivos, a percepção do indivíduo sobre a mesma situação muda para melhor.

• Comentar com a família e os amigos as realizações positivas. Um estudo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, da Associação Americana de Psicologia, concluiu que alardear o próprio sucesso ajuda a reforçar a autoconfiança e a elevar a autoestima e neutraliza os pensamentos de autodepreciação.

• Fazer ginástica. Vários estudos mostram que a prática regular de exercícios ajuda a elevar a autoestima. Numa pesquisa da Universidade do Arkansas, nos Estados Unidos, um grupo de estudantes que começou a praticar exercícios regularmente passou a ter uma percepção mais positiva de si próprio. Outro estudo, da Universidade de Illinois, concluiu que a ginástica aumenta a autoestima dos praticantes porque melhora a saúde e a qualidade de vida em geral.

Uma pesquisa concluída no ano passado pela filial no país da International Stress Management Association (ISMA-BR) constatou que os brasileiros possuem autoestima baixa em comparação com os americanos e os franceses. O estudo foi feito com 760 brasileiros entre 23 e 60 anos de Porto Alegre e São Paulo. O mesmo número de pessoas foi entrevistado nos Estados Unidos e na França. Segundo a pesquisa, 59% dos brasileiros sofrem de baixa autoestima, contra 22% dos americanos e 27% dos franceses. Em compensação, em matéria de otimismo, o brasileiro está nas alturas: 67% dos pesquisados disseram ser otimistas, contra 54% dos americanos e 49% dos franceses. "Apesar de terem baixa autoestima, os brasileiros são os que mais têm esperança. Eles sempre acham que hoje está ruim, mas amanhã vai ficar melhor", analisa a psicóloga Ana Maria Rossi, coordenadora do estudo.

Durante a pesquisa, Ana Maria constatou que, para a maioria dos brasileiros, considerar-se bem-sucedido é uma atitude arrogante. Diz ela: "Existe no Brasil uma cultura de condenar quem se vangloria das próprias realizações e de enaltecer a humildade. Isso acaba por minar a autoestima das pessoas, que começam a acreditar que não são merecedoras de seus feitos mais ambiciosos". A arrogância costuma ser confundida com autoestima em excesso. O poeta e escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) dizia com a solenidade característica que "um erro grave é tanto se julgar mais do que se é quanto se estimar menos do que se merece". A moderna psicologia não aceita mais a ideia de que alguém possa ter autoestima em excesso. Seria como ter saúde em excesso. Os complexos de superioridade e a arrogância pertencem a outra natureza. Uma pessoa com autoestima elevada acredita que tem o controle da própria vida, sente-se confiante em lidar com os contratempos e almeja alcançar o sucesso na vida pessoal e profissional. Simples.

Fonte: Revista Veja

domingo, 27 de junho de 2010

Ama Sempre...

Não te canses de amar.
É possível que a resposta do amor
não te chegues imediatamente. Talvez
te causem surpresa as reações que
propicia. É possível que as haja desencorajadoras.
Sucede que, desacostumadas aos sentimentos puros,
as pessoas reajem por mecanismos de auto-defesa.
Insistindo, porém, conseguirás demonstrar a
excelência desse sentimento sem limite e
mimetizarás aqueles a quem amas, recebendo
de volta a bênção de que se reveste.
Ama, portanto, sempre.

Joanna de Ângelis

Tudo Depende Só de Mim


“Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a
poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.
Tudo depende só de mim.”

Charles Chaplin

sábado, 26 de junho de 2010

Minha alma tem...

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música.
Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita.
Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade.
Tem o peso de um olhar.
Pesa como pesa uma ausência.
E a lágrima que não se chorou.
Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros."

Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Pai, tô com fome! - História Verídica

Deixo este texto que é um convite para pensar. Pensar que, realmente, nunca é tarde para começar, porém, do mesmo jeito, nunca é cedo para parar!
Uma história verídica que nos remete ao mais profundo sentimento de amor e respeito ao próximo. Espero que os amigos prestigiem essa história real, fácil de ser encontrada muito próxima de cada um de nós. Ela relata a vida de uma pequena criança, chamada Ricardinho, que há muito tempo não sabia o que era se alimentar bem. Vivia de restos e migalhas, recolhidas pelo pai, das latas de lixo e das sobras de bares e lanchonetes. Certo dia, enquanto seu pai recolhia restos de um cesto, Ricardinho não aguentou o cheiro bom do pão fresco da padaria e falou: - Pai, tô com fome!!! O pai, que se chamava Agenor, sem ter um tostão no bolso, caminhando desde muito cedo em busca de um trabalho, olha com os olhos marejados para o filho e pede mais um pouco de paciência...

- Calma filho. Deus vai nos ajudar.

- Mas pai, desde ontem não como, eu tô com muita fome, pai!

Envergonhado, triste e humilhado em seu coração de pai, Agenor pede para o filho aguardar na calçada enquanto pára de vasculhar o cesto e entra na padaria que exalava fascinante cheiro de pão quente... Ao entrar dirige-se a um homem no balcão e diz:- Meu senhor, estou com meu filho de apenas 6 anos lá na porta, com muita fome, não tenho nenhum tostão. Saí cedo de casa para buscar um emprego e nada encontrei, eu lhe peço que em nome de Jesus me forneça um pão para que eu possa matar a fome desse menino, em troca posso varrer o chão de seu estabelecimento, lavar os pratos e copos, ou outro serviço que o senhor precisar!!!

Amaro, o dono da padaria, estranha aquele homem de semblante calmo e sofrido pedir comida em troca de trabalho e pede para que ele chame o filho pequeno... Agenor pega o filho pela mão e apresenta-o a Amaro, que imediatamente pede que os dois sentem-se junto ao balcão, onde manda servir dois pratos de comida. Era o famoso PF (Prato Feito) com arroz, feijão, bife e ovo. Para Ricardinho era um sonho, comer após tantas horas na rua. Já para Agenor, uma grande dor a mais, já que comer aquela comida maravilhosa fazia-o lembrar-se da esposa e mais dois filhos que ficaram em casa, também com fome, apenas com um punhado de fubá. Grossas lágrimas desciam dos seus olhos já na primeira garfada. A satisfação de ver seu filho devorando aquele prato simples como se fosse um manjar dos deuses, e a lembrança de sua pequena família em casa, foi demais para seu coração tão cansado de mais de 2 anos de desemprego, humilhações e necessidades. Amaro se aproxima de Agenor e percebendo a sua emoção, brinca para relaxar: - Ôh Maria!!! Sua comida deve estar ruim... Olha o nosso amigo, aqui, está até chorando de tristeza desse bife, será que está tão duro assim? Imediatamente, Agenor sorri e diz que nunca comeu comida tão apetitosa, e que agradecia a Deus por ter esse prazer. Amaro pede então que ele sossegue seu coração, que almoçasse em paz e depois conversariam sobre trabalho. Mais confiante, Agenor enxuga as lágrimas e começa a almoçar, já que sua fome já estava nas costas. Após o almoço, Amaro convida Agenor para uma conversa nos fundos da padaria, onde havia um pequeno escritório. Agenor conta então que há mais de 2 anos havia perdido o emprego e desde então, sem uma especialidade profissional, sem estudos, ele estava vivendo de pequenos trabalhos aqui e acolá, mas que há 2 meses não recebia nada...Amaro resolve então contratar Agenor para serviços gerais na padaria e, penalizado, faz para o homem uma cesta básica com alimentos para pelo menos 15 dias. Agenor com lágrimas nos olhos agradece a confiança daquele homem e marca para o dia seguinte seu início no trabalho. Ao chegar em casa com toda aquela ‘fartura’, Agenor é um novo homem. Sentia esperanças, sentia que sua vida iria tomar novo impulso. Deus estava lhe abrindo mais do que uma porta, era toda uma esperança de dias melhores. No dia seguinte, às 5 da manhã, Agenor estava na porta da padaria ansioso para iniciar seu novo trabalho. Amaro chega logo em seguida e sorri para aquele homem que nem ele sabia por que estava ajudando. Tinham a mesma idade, 32 anos, e histórias diferentes, mas algo dentro dele chamava-o para ajudar aquela pessoa. E, ele não se enganou - durante um ano, Agenor foi o mais dedicado trabalhador daquele estabelecimento, sempre honesto e extremamente zeloso com seus deveres. Um dia, Amaro chama Agenor para uma conversa e fala da escola que abriu vagas para a alfabetização de adultos um quarteirão acima da padaria, e que ele fazia questão que Agenor fosse estudar. Agenor nunca esqueceu seu primeiro dia de aula: a mão trêmula nas primeiras letras e a emoção da primeira carta. Doze anos se passam desde aquele primeiro dia de aula.

Hoje, vamos encontrar o dr. Agenor Baptista de Medeiros, advogado, abrindo seu escritório para seu cliente, e depois outro, e depois mais outro. Ao meio dia ele desce para um café na padaria do amigo Amaro, que fica impressionado em ver o ‘antigo funcionário’ tão elegante em seu primeiro terno. Mais dez anos se passam, e agora, o dr. Agenor Baptista, já com uma clientela que mistura os mais necessitados que não podem pagar, e os mais abastados que o pagam muito bem, resolve criar uma instituição que oferece aos desvalidos da sorte, que andam pelas ruas, pessoas desempregadas e carentes de todos os tipos, um prato de comida diariamente na hora do almoço. Naquele mesmo restaurante, hoje são servidas mais de 300 refeições por dia. Atualmente o estabelecimento é administrado por aquele garotinho, agora nutricionista, Ricardo Baptista. Tudo mudou, tudo passou, mas a amizade daqueles dois homens, Amaro e Agenor impressionava a todos que conheciam um pouco da história de cada um.
Contam que aos 82 anos de idade os dois faleceram, exatamente no mesmo dia, quase que a mesma hora, morrendo placidamente com um sorriso de dever cumprido. Ricardinho, o filho, mandou gravar na frente da ‘Casa do Caminho’, que seu pai fundou com tanto carinho: “Um dia eu tive fome, e você me alimentou. Um dia eu estava sem esperanças e você me deu um caminho. Um dia acordei sozinho, e você me deu Deus, e isso não tem preço. Que Deus habite em seu coração e alimente sua alma. E que te sobre o pão da misericórdia para estender a quem precisar!’

O Pacote de Biscoito

Para reflexão...
Era uma vez uma moça que estava à espera de seu vôo, na sala de embarque de um grande aeroporto. Como ela deveria esperar por muitas horas pelo seu vôo, resolveu comprar um livro para matar o tempo. Comprou, também, um pacote de biscoitos.
Sentou-se numa poltrona, na sala VIP do aeroporto, para que pudesse descansar e ler em paz. Ao seu lado sentou-se um homem. Quando ela pegou o primeiro biscoito, o homem também pegou um. Ela se sentiu indignada, mas não disse nada. Apenas pensou: “Mas que cara de pau! Se eu estivesse mais disposta, lhe daria um soco no olho para que ele nunca mais esquecesse!"
A cada biscoito que ela pegava, o homem também pegava um. Aquilo a deixava tão indignada que não conseguia nem reagir. Quando restava apenas um biscoito, ela pensou: “o que será que este abusado vai fazer agora?” Então o homem dividiu o último biscoito ao meio, deixando a outra metade para ela. Ah! Aquilo era demais! Ela estava bufando de raiva! Então, ela pegou o seu livro e as suas coisas e se dirigiu ao local de embarque. Quando ela se sentou, confortavelmente, numa poltrona já no interior do avião, olhou dentro da bolsa e, para sua surpresa, o pacote de biscoitos estava lá, ainda intacto, fechadinho. Ela sentiu tanta vergonha! Só então ela percebeu que a errada era ela, sempre tão distraída!
Ela havia se esquecido que seus biscoitos estavam guardados, dentro da bolsa. O homem havia dividido os biscoitos dele sem se sentir indignado, nervoso ou revoltado, enquanto ela tinha ficado muito transtornada, pensando estar dividindo os dela com ele. E já não havia mais tempo para se explicar, nem para pedir desculpas.

Autor desconhecido

Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia - por Rodrigo Constantino



"O maior castigo para aqueles que não se interessam por política, é que serão governados pelos que se interessam." -Arnold Toynbee-

Como vocês sabem, a escolha de Sofia é a história de uma mãe judia no campo de concentração nazista de Auschwitz, que é forçada por um soldado alemão a escolher entre o filho e a filha - qual será executado e qual será poupado. Se ela se recusasse a escolher, os dois seriam mortos. Ela escolhe o menino, que é mais forte e tem mais chances de sobreviver, porém nunca mais tem notícias dele.
A questão é tão terrível que o título se converteu em sinônimo de decisão quase impossível de ser tomada.

Envio para vocês um artigo escrito em final de 2009 pelo economista Rodrigo Constantino. Autor de 5 livros. Escreve a coluna "Eu e Investimentos" do jornal Valor Econômico. É também colunista do jornal O Globo. Membro-fundador do Instituto Millenium. Vencedor do prêmio Libertas em 2009, no XII Forum da Liberdade. Seu curriculum vai muito além, é extenso e respeitável.

" Serra ou Dilma? A Escolha de Sofia."

“Tudo que é preciso para o triunfo do mal é que as pessoas de bem nada façam.” (Edmund Burke)

Agora é praticamente oficial: José Serra e Dilma Rousseff são as duas opções viáveis nas próximas eleições. Em quem votar? Esse é um artigo que eu não gostaria de ter que escrever, mas me sinto na obrigação de fazê-lo.
Os antigos atenienses tinham razão ao dizerem que assumir qualquer lado é melhor do que não assumir nenhum?”
Mas existem momentos tão delicados e extremos, onde o que resta das liberdades individuais está pendurado por um fio, que talvez essa postura idealista e de longo prazo não seja razoável. Será que não valeria a pena ter fechado o nariz e eliminado o Partido dos Trabalhadores Nacional-Socialista em 1933 na Alemanha, antes que Hitler pudesse chegar ao poder? Será que o fim de eliminar Hugo Chávez justificaria o meio deplorável de eleger um candidato horrível, mas menos louco e autoritário? São questões filosóficas complexas. Confesso ficar angustiado quando penso nisso.

Voltando à realidade brasileira, temos um verdadeiro monopólio da esquerda na política nacional. PT e PSDB cada vez mais se parecem. Mas existem algumas diferenças importantes também. O PT tem mais ranço ideológico, mais sede pelo poder absoluto, mais disposição para adotar quaisquer meios – os mais abjetos – para tal meta. O PSDB parece ter mais limites éticos quanto a isso. O PT associou-se aos mais nefastos ditadores, defende abertamente grupos terroristas, carrega em seu âmago o DNA socialista. O PSDB não chega a tanto.

Além disso, há um fator relevante de curto prazo: o governo Lula aparelhou a máquina estatal toda, desde os três poderes, passando pelo Itamaraty, STF, Polícia Federal, as ONGs, as estatais, as agências reguladoras, tudo! O projeto de poder do PT é aquele seguido por Chávez na Venezuela, Evo Morales na Bolívia, Rafael Correa no Equador, enfim, todos os comparsas do Foro de São Paulo . Se o avanço rumo ao socialismo não foi maior no Brasil, isso se deve aos freios institucionais, mais sólidos aqui, e não ao desejo do próprio governo. A simbiose entre Estado e governo na gestão Lula foi enorme. O estrago será duradouro. Mas quanto antes for abortado, melhor será: haverá menos sofrimento no processo de ajuste.

Justamente por isso acredito que os liberais devem olhar para este aspecto fundamental, e ignorar um pouco as semelhanças entre Serra e Dilma. Uma continuação da gestão petista através de Dilma é um tiro certo rumo ao pior. Dilma é tão autoritária ou mais que Serra, com o agravante de ter sido uma terrorista na juventude comunista, lutando não contra a ditadura, mas sim por outra ainda pior, aquela existente em Cuba ainda hoje. Ela nunca se arrependeu de seu passado vergonhoso; pelo contrário, sente orgulho. Seu grupo Colina planejou diversos assaltos. Como anular o voto sabendo que esta senhora poderá ser nossa próxima presidente?! Como virar a cara sabendo que isso pode significar passos mais acelerados em direção ao socialismo “bolivariano”?

Entendo que para os defensores da liberdade individual, escolher entre Dilma e Serra é como uma escolha de Sofia. Anular o voto, desta vez, pode significar o triunfo definitivo do mal. Em vez de soco na cara ou no estômago, podemos acabar com um tiro na nuca.

Dito isso, assumo que votarei em Serra, Meu voto é anti-PT acima de qualquer coisa. Meu voto é contra o Lula, contra o Chávez, que já declarou abertamente apoio a Dilma. Meu voto não é a favor de Serra. E, no dia seguinte da eleição, já serei um crítico tão duro ao governo Serra como sou hoje ao governo Lula. Mas, antes é preciso retirar a corja que está no poder. Antes é preciso desarmar a quadrilha que tomou conta de Brasília. Só o desaparelhamento de petistas do Estado já seria um ganho para a liberdade, ainda que momentâneo.
Respeito meus colegas liberais que discordam de mim e pretendem anular o voto. Mas espero ter sido convicente de que o momento pede um pacto temporário com a barbárie, como única chance de salvar o que resta da civilização - o que não é muito.

Rodrigo Constantino

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Primavera da Vida

A primavera da vida
Não é quando temos 18 anos
E não sabemos nada de nada
E pensamos que sabemos tudo;
Quando pensamos
Que nossas dores de amor
Serão eternas...
A primavera da vida
Chega quando nos sentimos
Prontos para nascer
Para as coisas boas e belas
Que a vida nos oferece;
Quando nos sentimos bem conosco mesmos
E podemos nos olhar no espelho e dizer:
-Agora sei o que quero,
Sei do que preciso
E sei o que vou buscar;
Não tenho medo de errar.
A primavera da vida
Chega quando olhamos para trás
Sem ressentimentos,
Sem arrependimentos
E para o futuro com o brilho nos olhos
De quem já descobriu
Que dores não são eternas
E alegrias também não,
Mas que a gente vive
E sobrevive apesar de tudo.
É quando a gente descobre
Que nunca é tarde demais
Pra recomeçar.

Letícia Thompson

Educadores não podem ser produzidos, educadores nascem...

O estudo da gramática não faz poetas. O estudo da harmonia não faz compositores. O estudo da psicologia não faz pessoas equilibradas. O estudo das “ciências da educação” não faz educadores. Educadores não podem ser produzidos. Educadores nascem. O que se pode fazer é ajudá-los a nascer. Para isso eu falo e escrevo: para que eles tenham coragem de nascer. Quero educar os educadores. E isso me dá grande prazer porque não existe coisa mais importante que educar. Pela educação o indivíduo se torna mais apto para viver: aprende a pensar e a resolver os problemas práticos da vida. Pela educação ele se torna mais sensível e mais rico interiormente, o que faz dele uma pessoa mais bonita, mais feliz e mais capaz de conviver com os
outros.
A maioria dos problemas da sociedade se resolveria se os indivíduos tivessem aprendido a pensar. Por não saber pensar tomamos as decisões políticas que não deveríamos tomar. Se você desejar saber com detalhes o que penso sobre a educação, leia os livros que se encontram na sala Biblioteca. Nas minhas conversas com educadores meus temas favoritos são:
A alegria de ensinar, A educação dos sentidos, O prazer de ler, A arte de pensar, O educador como sedutor, O educador como artista, O educador como cozinheiro, As leis do pensar criativo, Anatomia do pensamento: informação, razão, inteligência, conhecimento, alegria, Aprendendo a desaprender, Entre a ciência e sabedoria: o dilema da educação, Educação e política, Educação e Vida, Aprendizagem e prazer.

Leia o artigo Como amar uma criança sobre o educador Janusz Korczak, que se tornou um símbolo pelo seu amor às crianças. Diretor de um orfanato em Varsóvia, foi morto pelos nazistas com suas crianças numa câmara de gás.

Rubem Alves

terça-feira, 22 de junho de 2010

Você vai...


"Você vai encher os vazios com as suas peraltagens e
algumas pessoas vão te amar por seus despropósitos."

Manoel de Barros

Amor...

"Amor vem de amor. Vem de longe, vem no escuro, brota que nem mato que dispensa cuidado e cresce com a mais remota chuva. Vem de dentro e fundo e com urgência. Amor vem de amor. Que não cabe, mas assim mesmo a gente guarda. A gente empurra, dobra, faz força, deixa amassado num canto, no peito, no escuro, dentro, ou larga pegando sereno. Amor vem de amor. Vem do pedaço mais feio, do mais sem palavra, do triste, vem de mãos estendidas. É tecido desfeito pelo tempo, amarelecido pelo tempo, pelo cheiro da gaveta fechada, pelo riscado do sol na madeira. Amor vem de amor. Vem de coisa que arrebata, vira chão, terra, cisco, resto, rastro, coisa para sempre varrida. É delicadeza viva forte violenta. Que faz doer, partir, deixar caído. Amor vem de amor. E dói bonito." 

 Guimarães Rosa

domingo, 20 de junho de 2010

Hoje...


"Faço menos planos
e cultivo menos recordações.
Não guardo muitos papéis,
nem adianto muito o serviço.
Movimento-me num espaço
cujo tamanho me serve.
Alcanço meus limites com as mãos.
É nele que me instalo e vivo,
com a integridade possível.
Canso menos, me divirto mais.
E não perco a fé por constatar
o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós."

Martha Medeiros


"A vida começa todos os dias ."

Érico Veríssimo

sábado, 19 de junho de 2010

Vitiligo

Dez mutações genéticas causam vitiligo
Doença autoimune provoca despigmentação da pele; conflitos psíquicos e estresse contribuem para que manchas brancas se alastrem.


O vitiligo está associado a mutações em genes que atuam no sistema imunológico humano. Essa é a conclusão de um estudo realizado por um grupo de pesquisadores de vários países publicado no site da revista Nature Genetics. Caracterizada pela perda localizada da pigmentação na pele, a patologia é citada em textos médicos desde a Antiguidade, embora ainda hoje pouco se conheça sobre ela. Na maioria dos casos, o sintoma pode ser controlado, mas não costuma ser totalmente eliminado.No artigo, os pesquisadores descrevem como descobriram variações em dez genes associados com a resposta imunológica em pessoas com o problema. Os genes integram a família Fox, conhecida por regular a expressão gênica e a funcionalidade em linfócitos T e em outras células envolvidas na defesa contra infecções. Liderados por Richard Spritz, diretor do Programa de Genética Médica Humana da Universidade do Colorado, os pesquisadores identificaram os genes que aumentam o risco de desenvolvimento do vitiligo ao estudar o genoma de mais de 1,5 mil portadores da doença e comparar os dados com os de não portadores. Normalmente, uma resposta imunológica é algo positivo, mas no caso do vitiligo as células que protegem o organismo aparentemente se tornam agressivas E acabam destruindo os melanócitos responsáveis pela produção de pigmentos que dão coloração à pele. O estudo reforça a teoria de que há múltiplos caminhos celulares que podem contribuir para a manifestação e a progressão da patologia. Segundo os autores, isso torna mais difícil compreender a doença, mas, ao mesmo tempo, oferece uma grande variedade de pontos de partida para o desenvolvimento de terapias. “O vitiligo generalizado é um distúrbio complexo que envolve não apenas genética ou o ambiente, mas uma combinação de fatores, devendo ser levadas em conta também questões psicológicas. Mas se forem estudados os aspectos biológicos, será possível descobrir maneiras de interromper o surgimento de sintomas”, declarou Margaret Wallace, da Universidade da Flórida, um dos autores do estudo. Em sua opinião, esse avanço talvez seja uma oportunidade de pôr em prática uma medicina personalizada, com terapias desenvolvidas especialmente para pessoas com suscetibilidades genéticas específicas. Para uma resposta mais efetiva a qualquer tratamento, entretanto, é fundamental o acompanhamento psicológico, tanto para tratar dos aspectos psíquicos que contribuíram para deflagrar a doença quanto para ajudar o paciente a lidar com os inconvenientes (e eventuais preconceitos) ocasionados pelo aparecimento das manchas brancas – que em certos casos se alastram por grande parte do corpo.
(Flávia Ferreira, com informações da Agência Fapesp).

Revista Mente&Cérebro

Aprendi com a primavera...

"Aprendi com a primavera a me deixar cortar.
E a voltar sempre inteira."


Cecília Meireles

Nos meus desejos existe...


Às vezes, em sonho triste
Nos meus desejos existe
Longinquamente um país
Onde ser feliz consiste
Apenas em ser feliz.

Vive-se como se nasce
Sem o querer nem saber,
Nessa ilusão de viver
O tempo morre renasce
Sem que o sintamos correr.

O sentir e o desejar
São banidos dessa terra.
O amor não é amor
Nesse país por onde erra
Meu longínquo divagar.

Nem se sonha nem se vive:
É uma infância sem fim.
Parece que se revive
Tão suave é viver assim
Nesse impossível jardim.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Homenagem a José Saramago...


"Nossa maior tragédia é não saber o que fazer com a vida."
José Saramago (escritor português)

Faleceu hoje José Saramago, que deixa um legado de opiniões fortes e uma vasta obra literária. Prêmio Nobel de Literatura em 1998, primeiro escritor de língua portuguesa a obter a honraria, Saramago mostrou ao longo de sua vida uma paixão duradoura pela literatura.

"O único progresso verdadeiro é o progresso moral.
O resto é simplesmente ter mais ou menos bens."
José Saramago

terça-feira, 15 de junho de 2010

Perguntei a um sábio...



Perguntei a um sábio,
a diferença que havia
entre amor e amizade,
ele disse-me esta verdade…
O Amor é mais sensível,
a Amizade mais segura.
O Amor nos dá asas,
a Amizade o chão.
No Amor há mais carinho,
na Amizade compreensão.
O Amor é plantado
e com carinho cultivado,
a Amizade vem faceira,
e com troca de alegria e tristeza,
torna-se uma grande e querida
companheira.
Mas quando o Amor é sincero
ele vem com um grande amigo,
e quando a Amizade é concreta,
ela é cheia de amor e carinho.
Quando se tem um amigo
ou uma grande paixão,
ambos sentimentos coexistem
dentro do seu coração.

William Shakespeare

domingo, 13 de junho de 2010

Maturidade

Em que tempo a maturidade chega e se instala em cada um?
Conheço muitos que a possuem e variam de idade: uns muito jovens outros, nem tanto. Quais os requisitos necessários para adquiri-la? Como conquistá-la? Penso em todos que a tem e não consigo detectar um denominador comum, uma característica única, um atributo diferencial. E os questionamentos ficam no ar. Enquanto as respostas se mantêm no plano do desconhecido, elaboro algumas constatações de cunho particular, usando um pouco de perspicácia e observação. Maturidade é o equilíbrio (invejável, diga-se de passagem) na vivência de situações problemáticas. É aquele ''savoir faire" de lidar com o inevitável e imutável. Maturidade é um não bater portas e nem gritar impondo um ponto de vista e muito menos virar as costas e dar de ombros. Maturidade é ENCARAR. Maturidade é sonhar sem medo de acordar, é acordar dando graças pela vida, é viver cada minuto com intensidade, é valorar o momento presente, lembrar do passado sem mágoas, aguardar o futuro de braços abertos e alma escancarada para o que der e vier. Maturidade é ter como bandeira autenticidade do que se é em detrimento do que se tem. O que se possui se pode perder; o que se é, nunca! Ser maduro é dar tempo ao tempo, é ter paciência com atrasos e antecipações sem julgamentos e precipitados. Maturidade é ponderar antes de falar e falar a palavra certa na hora exata, "doa em quem doer" e "custe o que custar".


Ser maduro é ser essencialmente responsável por si mesmo, pelos atos praticados com ou sem justa causa, assumindo as consequências do bom e do ruim. Maturidade é, também cantar desafinado embaixo do chuveiro sem ligar para o que os vizinhos vão pensar. É direito adquirido a custa de muito despojamento e lapidação. Ser maduro é não ter medo de errar. É assumir o erro. É reconhecer ser falível e humano. É saber pedir perdão por gestos e omissões, de cara lavada e de peito aberto. Maduro é quem olha no espelho e enxerga a verdade, modéstia à parte. Maturidade é ter bom senso e discernimento como lema e não só usá-los como palavras bonitas e discursos entre amigos. Maduro é aquele que apesar dos pesares, entende de sussurros, de noites em claro, de soluços trancados na garganta, de silêncios esquivos, sem exigir explicações. Maturidade é um patamar alcançado aos trancos e barrancos porque pela vida não se passa impunimente e muito menos ao bem e ao mal. Ser maduro é superar limites, é deixar a lágrima rolar pela face diante do sofrimento ou da felicidade, é enfrentar a dor como estágio passageiro e aceitar a alegria como transitória. Maturidade talvez seja a consequência da peneira que usamos para separar o joio do trigo. Pode ser, simplesmente o fiel da balança. Ou talvez, o resultado de uma equação que nos é entregue ao nascermos e que poucos conseguem elaborar com precisão e presteza. Torno a dizer que conheço jovens adultos e adultos infantis. Tudo é questão de solucionar a equação em tempo. Ou não?

Maria Alice Estrella

sábado, 12 de junho de 2010

Ter ou Não Ter Namorado, eis a questão...


Quem não tem namorado é alguém que tirou férias remuneradas de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namoro de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia.

Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas, namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção dele não precisa ser parruda, decidida ou bandoleira: basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição. Quem não tem namorado, não é que não tem um amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes, mesmo assim pode não ter um namorado.

Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa é quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugida ou impossível de durar.

Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas, de carinho escondido na hora em que passa o filme, de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar, de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.

Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, fazer cesta abraçado, fazer compra junto. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d’agua, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos e musical da Metro.

Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais.


Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo, e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e de medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita, e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras, e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada, e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo da janela.

Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteira.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. Enlou-cresça.

 Na internet diz que este texto é de Carlos Drummond de Andrade, mas NÃO é. É de Artur da Távola.

Feliz dia dos Namorados a todos!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Quando eu me comunico com criança...

"Quando eu me comunico com criança é fácil
porque sou muito maternal. Quando me comunico
com adulto, na verdade estou me comunicando
com o mais secreto de mim mesma, daí é difícil...
O adulto é triste e solitário.
A criança tem a fantasia muito solta."

Clarice Lispector

Não existe evolução sem mudanças...


"O mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas
não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas - mas que elas
vão sempre mudando."

João Guimarães Rosa

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Ah, o tempo


 "O tempo é muito lento para os que esperam
Muito rápido para os que tem medo
Muito longo para os que lamentam
Muito curto para os que festejam
Mas, para os que amam, o tempo é eterno."

William Shakespeare

Bons Amigos...♥


Abençoados os que possuem amigos, os que os têm sem pedir.
Porque amigo não se pede, não se compra, nem se vende.
Amigo a gente sente!

Benditos os que sofrem por amigos, os que falam com o olhar.
Porque amigo não se cala, não questiona, nem se rende.
Amigo a gente entende!

Benditos os que guardam amigos, os que entregam o ombro pra chorar.
Porque amigo sofre e chora.
Amigo não tem hora pra consolar!

Benditos sejam os amigos que acreditam na tua verdade ou te apontam a realidade.
Porque amigo é a direção.
Amigo é a base quando falta o chão!

Benditos sejam todos os amigos de raízes, verdadeiros.
Porque amigos são herdeiros da real sagacidade.
Ter amigos é a melhor cumplicidade!

Há pessoas que choram por saber que as rosas têm espinho,
Há outras que sorriem por saber que os espinhos têm rosas!

Machado de Assis
"Mais uma vez o tempo me assusta.
Passa afobado pelo meu dia, atropela minha hora,
despreza minha agenda.
Corre prepotente, para disputar lugar com o vento.
O tempo envelhece, não se emenda.
Deveria haver algum decreto que
obrigasse o tempo a desacelerar
e a respeitar meu projeto.
Só assim, eu daria conta dos livros
que vão se empilhando,
das melodias que estão me aguardando;
Das saudades que venho sentindo,
Das verdades que ando mentindo,
Das promessas que venho esquecendo,
Dos impulsos que sigo contendo,
Dos prazeres que chegam partindo,
Dos receios que partem voltando.
Agora, que redijo a página final,
Percebo o tanto de caminho percorrido
Ao impulso da hora que vai me acelerando.
Apesar do tempo, e sua pressa desleal,
Agradeço a Deus por ter vivido, amanhecer
e continuar teimando..."

Do livro Chão de Vento, de Flora Figueiredo

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Torradas Queimadas

Quando eu ainda era um menino, ocasionalmente, minha mãe gostava de fazer um lanche, tipo café da manhã, na hora do jantar. E eu me lembro especialmente de uma noite, quando ela fez um lanche desses, depois de um dia de trabalho, muito duro.

Naquela noite longínqua, minha mãe pôs um prato de ovos, linguiça e torradas bastante queimadas, defronte ao meu pai. Eu me lembro de ter esperado um pouco, para ver se alguém notava o fato. Tudo o que meu pai fez, foi pegar a sua torrada, sorrir para minha mãe e me perguntar como tinha sido o meu dia, na escola.

Eu não me lembro do que respondi, mas me lembro de ter olhado para ele lambuzando a torrada com manteiga e geléia e engolindo cada bocado.

Quando eu deixei a mesa naquela noite, ouvi minha mãe se desculpando por haver queimado a torrada. E eu nunca esquecerei o que ele disse:

" - Amor, eu adorei a torrada queimada...só porque veio de suas mãos."

Mais tarde, naquela noite, quando fui dar um beijo de boa noite em meu pai, eu lhe perguntei se ele tinha realmente gostado da torrada queimada. Ele me envolveu em seus braços e me disse:

" - Filho, sua mãe teve um dia de trabalho muito pesado e estava realmente cansada... Além disso, uma torrada queimada não faz mal a ninguém. A vida é cheia de imperfeições e as pessoas não são perfeitas. E eu também não sou o melhor marido, empregado, ou cozinheiro! O que tenho aprendido através dos anos é que saber aceitar as falhas alheias, escolhendo relevar as diferenças entre uns e outros, é uma das chaves mais importantes para criar relacionamentos saudáveis e duradouros.
Desde que eu e sua mãe nos unimos, aprendemos, os dois, a suprir um as falhas do outro.
Eu sei cozinhar muito pouco, mas aprendi a deixar uma panela de alumínio brilhando, ela não sabe usar a furadeira, mas após minhas reformas, ela faz tudo ficar cheiroso, de tão limpo. Eu não sei fazer uma lasanha de frios como ela, mas ela não sabe assar uma carne como eu. Eu nunca soube fazer você dormir, mas comigo você tomava banho rápido, sem reclamar e brincávamos juntos durante este tempinho, com sua mãe você chorava, pelo shampoo, pelo pentiar, etc
A soma de nós dois monta o mundo que você recebeu e que te apoia, eu e ela nos completamos. Nossa família deve aproveitar este nosso universo enquanto temos os dois presentes. Não que mais tarde, o dia que um partir, este mundo vá desmoronar, não vai, novamente teremos que aprender e nos adaptar para fazer o melhor."

De fato, poderíamos estender esta lição para qualquer tipo de relacionamento: entre marido e mulher, pais e filhos, irmãos, colegas e com amigos.

Não ponha a chave de sua felicidade no bolso de outra pessoa, mas no seu próprio. Veja pelos olhos de Deus e sinta pelo coração dele; você apreciará o calor de cada alma, incluindo a sua.

As pessoas sempre se esquecerão do que você lhes fez, ou do que lhes disse. Mas nunca esquecerão o modo pelo qual você as acolheu e valorizou.

Autor desconhecido

terça-feira, 8 de junho de 2010

Mulheres Possíveis - um belo texto...

Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. Uma imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado três vezes por semana, decido o cardápio das refeições, levo os filhos no colégio e busco, almoço com eles, estudo com eles, telefono para minha mãe todas as noites, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e-mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos, participo de eventos e reuniões ligados à minha profissão e ainda faço escova toda semana - e as unhas! E, entre uma coisa e outra, leio livros.

Portanto, sou ocupada, mas não uma workaholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres. Primeiro: a dizer Não. Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer Não. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.

Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros. Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.

Você não é Nossa Senhora. Você é, humildemente, uma mulher. E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
Tempo para sumir dois dias com seu amor. Três dias. Cinco dias!
Tempo para uma massagem.
Tempo para ver a novela.
Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
Tempo para fazer um trabalho voluntário.
Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
Tempo para conhecer outras pessoas. Voltar a estudar. Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.

Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal. Existir, a que será que se destina? Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra. A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.

Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente. Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.

Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C. Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante’.

Martha Medeiros - Revista do Jornal O Globo

Me dê cinco anos...

''Meu Deus, me dê cinco anos.
Me dá a mão, me cura de ser grande!"

Adélia Prado

sábado, 5 de junho de 2010

Envelhecer...



Envelhecer é o único meio de viver muito tempo.

A idade madura é aquela na qual ainda se é jovem, porém com muito mais esforço.
O que mais me atormenta em relação às tolices de minha juventude, não é havê-las cometido... É sim não poder voltar a cometê-las.
Envelhecer é passar da paixão para a compaixão.
Muitas pessoas não chegam nos oitenta porque perdem muito tempo tentando ficar nos quarenta.
Aos vinte anos reina o desejo, aos trinta reina a razão, aos quarenta o juízo.
O que não é belo aos vinte, forte aos trinta, rico aos quarenta, nem sábio aos cinquenta, nunca será nem belo, nem forte, nem rico, nem sábio...
Quando se passa dos sessenta são poucas as coisas que nos parecem absurdas.
Os jovens pensam que os velhos são bobos; os velhos sabem que os jovens o são.
A maturidade do homem é voltar a encontrar a serenidade como aquela que se usufruía quando se era menino.
Nada passa mais depressa que os anos.
Quando era jovem dizia: “verás quando tiver cinquenta anos”.
Tenho cinquenta anos e não estou vendo nada.
Nos olhos dos jovens arde a chama, nos olhos dos velhos brilha a luz.
A iniciativa da juventude vale tanto quanto a experiência dos velhos.
Sempre há um menino em todos os homens.
A cada idade lhe cai bem uma conduta diferente.
Os jovens andam em grupo, os adultos em pares e os velhos andam sós.
Feliz é quem foi jovem em sua juventude e feliz é quem foi sábio em sua velhice.
Todos desejamos chegar à velhice e todos negamos que tenhamos chegado.
NÃO ENTENDO ISSO DOS ANOS: QUE, TODAVIA, É BOM VIVÊ-LOS, NÃO TÊ-LOS.

Albert Camus