terça-feira, 31 de agosto de 2010

Viva despenteada...


Hoje aprendi que é preciso deixar que a vida te despenteie, por isso decidi aproveitar a vida com mais intensidade…

O mundo é louco, definitivamente louco… O que é gostoso, engorda. O que é lindo, custa caro. O sol que ilumina o teu rosto enruga. E o que é realmente bom dessa vida, despenteia…

- Fazer amor, despenteia.
- Rir às gargalhadas, despenteia.
- Viajar, voar, correr, entrar no mar, despenteia.
- Tirar a roupa, despenteia.
- Beijar à pessoa amada, despenteia.
- Brincar, despenteia.
- Cantar até ficar sem ar, despenteia.
- Dançar até duvidar se foi boa ideia colocar aqueles saltos gigantes essa noite, deixa seu cabelo irreconhecível…

Então, como sempre, cada vez que nos vejamos eu vou estar com o cabelo bagunçado… mas pode ter certeza que estarei passando pelo momento mais feliz da minha vida.

É a lei da vida: sempre vai estar mais despenteada a mulher que decide ir no primeiro carrinho da montanha russa, que aquela que decide não subir.

Pode ser que me sinta tentada a ser uma mulher impecável, toda arrumada por dentro e por fora. O aviso de páginas amarelas deste mundo exige boa presença: arrume o cabelo, coloque, tire, compre, corra, emagreça, coma coisas saudáveis, caminhe direito, fique séria… e talvez deveria seguir as instruções, mas quando vão me dar a ordem de ser feliz?

Por acaso não se dão conta que para ficar bonita eu tenho que me sentir bonita… A pessoa mais bonita posso ser! O único que realmente importa é que ao me olhar no espelho, veja a mulher que devo ser.

Por isso, minha recomendação a todas as mulheres: entregue-se, coma coisas gostosas, beije, abrace, dance, apaixone-se, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, corra, voe, cante, arrume-se para ficar linda, arrume-se para ficar confortável, admire a paisagem, aproveite, e acima de tudo, deixa a vida te despentear!

O pior que pode acontecer é que, rindo frente ao espelho, você precise se pentear de novo!

Autor desconhecido
"Sempre andaram em busca de Deus, mas nunca em busca de si mesmos.
E Ele não está em outro lugar.
Não há um Deus senão aquele dentro de cada um..."

Hermann Hesse

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ACORDAR


Acordar
Você sabe o que significa acordar?
Vamos fazer uma brincadeira e separar em sílabas a palavra acordar:
A - COR - DAR. Viu? Significa dar a cor.
Colocar o coração em tudo que faz.
Existem pessoas que acordam às 6 hs da tarde.
É isso mesmo! Pela manhã caem da cama, são jogadas da cama, mas passam o dia todo dormindo.
E existem alguns, acredite, que passam a vida toda e não conseguem "acordar".
Eu tive um amigo que acordou aos 54 anos de idade.
Ele me disse:
- Descobri que estou na profissão errada.
E ele já estava se aposentando...
Imagina o trauma que esse amigo criou para si, para os colegas de trabalho, para a sua família!
Foi infeliz durante toda a sua vida profissional porque simplesmente não "acordou".
Eu na época era muito jovem, mas compreendi bem o que ele estava me dizendo naquele momento.
Por mais cinzento que possa estar sendo o dia de hoje, ele tem exatamente a cor que dou a ele.
Sabe porque? Porque a vida tem a cor que "a gente pinta".
O engraçado é que os dias são todos exclusivos.
Cada dia é um novo dia, ninguém o viveu. Ele está ali, esperando que eu ou você façamos com que ele seja o melhor de nossa vida. Os meus dias são os mais lindos da face da terra porque eu os faço os mais lindos da face da terra. Acredite em você. O universo é o limite!
Dê a oportunidade de "A - COR - DAR" todos os dias e compartilhar com os outros o que DEUS nos dá de melhor: o privilégio de ser e fazer os outros felizes!
Autor desconhecido
Vamos acordar para a vida...Uma linda semana para todos vocês!!! Muita luz e paz!!!

domingo, 29 de agosto de 2010

Filhos de pais separados correm o risco de ter baixo desempenho escolar


Como se não bastasse o estresse causado pela separação dos pais, um estudo brasileiro, coordenado pelo Instituto Glia, mostra mais um risco para o desenvolvimento infantil: baixo desempenho escolar. Ao todo, os pesquisadores questionaram pais e professores de 5961 crianças e adolescentes (na faixa de 5 a 18 anos) de 17 estados. Mas se você passou - ou está passando - por um divórcio não precisa ficar tão preocupado. “O estudo mostra que há um risco, sim, mas não que seja uma causa do baixo rendimento na escola”, explica Marco Antonio Arruda, neurologista da infância e adolescência e coordenador da pesquisa.

Uma saída para controlar esse risco? Ficar perto das crianças durante o processo de divórcio. “Os pais devem preservar o filho o máximo possível e saber que, nesse momento, vão precisar dar mais atenção às crianças do que o habitual”, diz Arruda.

Esses dados fazem parte de um estudo maior, chamado Atenção Brasil, em que os pesquisadores avaliaram possíveis dificuldades emocionais, problemas de conduta, hiperatividade e desatenção, problemas com os colegas e comportamento pró-social (empatia) das crianças. E como o objetivo final é orientar os pais e professores sobre a boa saúde mental das crianças, o instituto criou uma cartilha, disponível para download gratuito no site do projeto. Como explica Arruda, saúde mental é um estado de bem estar no qual a pessoa está apta a exercer suas habilidades, superar as dificuldades da vida, poder estudar e trabalhar de forma produtiva, colaborando com sua comunidade. “Ou seja, é mais do que apenas não ter uma doença mental”, diz o neurologista.

A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), a universidade La Sapienza (de Roma, Itália) e o Albert Einstein College of Medicine (de Nova York, Estados Unidos).

sábado, 28 de agosto de 2010

Livro: Para Sempre Alice


Ontem à noite, terminei de ler o livro Para Sempre Alice, de Lisa Genova e recomendo para todos. Principalmente para os profissionais da área de saúde, para os cuidadores, amigos e familiares dos portadores de Alzheimer. É um livro revelador e fascinante, que mostra como o portador de Alzheimer sente, se comporta e enfrenta a sua doença.
Alice sempre foi uma mulher de certezas. Professora e pesquisadora bem sucedida, ela sempre se destacou em sua área de atuação e sempre participou com distinção de debates e conferências. Não havia referência bibliográfica que não guardasse de cor. Alice sempre acreditou na formação acadêmica como o melhor caminho para o sucesso profissional, e tentou convencer sua filha caçula, Lydia a seguir o exemplo de seus irmãos e abandonar o sonho de ser atriz. Alice sempre foi antes de tudo uma mulher racional. Sempre gostou de planejar a vida no seus mínimos detalhes. Sempre acreditou que poderia estar no controle. Mas nada é para sempre. Talvez só Alice seja para sempre. Mas como? Perto de completar cinquenta anos, Alice começa a esquecer, no início coisas sem importância, ela achava que era o estresse ou a chegada da menopausa. Até que um dia, ela se perde a caminho de casa. Ironicamente, a professora de memória mais afiada de Harvard é diagnosticada, precocemente com o mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável. Daqui para frente haverá poucas certezas para Alice. Ela terá que reinventar, a cada dia, a própria vida, terá que abandonar o controle de tudo, terá que aprender a se deixar cuidar, terá que conviver com a única certeza que parece lhe restar: a de que ela não será a mesma pessoa daqui um mês.


'' Eu luto para encontrar as palavras que quero dizer e muitas vezes me ouço dizer as palavras erradas. "


" Às vezes derrubo coisas, levo muitos tombos e sou capaz de me perder a dois quarteirões de casa. E minha memória de curto prazo está por um fio, um fio esgarçado."


''Estou perdendo os meus ontens. Se vocês me perguntassem o que fiz ontem, o que aconteceu, o que vi, senti e ouvi, eu teria muita dificuldade para fornecer detalhes. A realidade é que não sei, não me lembro do ontem nem do ontem antes dele."


'' Temo com frequência o amanhã. E se eu acordar e não souber quem é o meu marido? E se não souber onde estou nem me reconhecer no espelho? Quando deixarei de ser eu mesma?"


" Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância."


'' Ainda tenho uma esperança de cura para mim, para meus amigos com demência, para minha filha que tem o mesmo gene mutado. Talvez eu jamais consiga recuperar o que perdi, mas possa conservar o que tenho. E ainda tenho muito."
"Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade."

Leia, é um livro muito interessante!

Para vocês...




Para meus amigos que estão... SOLTEIROS
O amor é como uma borboleta. Por mais que tente pegá-la, ela fugirá.
Mas quando menos esperar, ela está ali do seu lado.
O amor pode te fazer feliz, mas às vezes também pode te ferir.
Mas o amor será especial apenas quando você tiver o objetivo de se dar somente a um alguém que seja realmente valioso. Por isso, aproveite o tempo livre para escolher .

Para meus amigos... NÃO SOLTEIROS
Amor não é se envolver com a "pessoa perfeita", aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser.

Para meus amigos que gostam de... PAQUERAR
Nunca diga "te amo" se não te interessa.
Nunca fale sobre sentimentos se estes não existem.
Nunca toque numa vida, se não pretende romper um coração.
Nunca olhe nos olhos de alguém, se não quiser vê-lo derramar em lágrimas por causa de ti.

A COISA MAIS CRUEL QUE ALGUÉM PODE FAZER É PERMITIR QUE ALGUÉM SE APAIXONE POR VOCÊ, QUANDO VOCÊ NÃO PRETENDE FAZER O MESMO.

Para meus amigos... CASADOS.
O amor não te faz dizer "a culpa é", mas te faz dizer "me perdoe".
Compreender o outro, tentar sentir a diferença, se colocar no seu lugar.
Diz o ditado que um casal feliz é aquele feito de dois bons perdoadores.
A verdadeira medida de compatibilidade não são os anos que passaram juntos;
mas sim o quanto nesses anos vocês foram bons um para o outro.

Para meus amigos que têm um CORAÇÃO PARTIDO
Um coração assim dura o tempo que você deseje que ele dure, e ele lastimará o tempo que você permitir.
Um coração partido sente saudades, imagina como seria bom, mas não permita que ele chore para sempre.
Permita-se rir e conhecer outros corações.
Aprenda a viver, aprenda a amar as pessoas com solidariedade, aprenda a fazer coisas boas, aprenda a ajudar os outros, aprenda a viver sua própria vida.

A DOR DE UM CORAÇÃO PARTIDO É INEVITÁVEL, MAS O SOFRIMENTO É OPCIONAL!
E LEMBRE-SE: É MELHOR VER ALGUÉM QUE VOCÊ AMA FELIZ COM OUTRA PESSOA, DO QUE VÊ-LA INFELIZ AO SEU LADO.

Para meus amigos que são... INOCENTES.
Ela(e) se apaixonou por ti, e você não teve culpa, é verdade.
Mas pense que poderia ter acontecido com você. Seja sincero, mas não seja duro; não alimente esperanças, mas não seja crítico; você não precisa ser namorado(a), mas pode descobrir que ela(e) é uma ótima pessoa e pode vir a se tornar uma(um) grande amiga(o).

Para meus amigos que tem MEDO DE TERMINAR.
As vezes é duro terminar com alguém, e isso dói em você.
Mas dói muito mais quando alguém rompe contigo, não é verdade?
Mas o amor também dói muito quando ele não sabe o que você sente.
Não engane tal pessoa, não seja grosso(a) e rude esperando que ela(e) adivinhe o que você quer.
Não a (o) force terminar contigo, pois a melhor forma de ser respeitado é respeitando.

Pra terminar ...

Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata....
Um dia descobrimos que beijar uma pessoa para esquecer outra, é bobagem.Você não só não esquece a outra pessoa como pensa muito mais nela...
Um dia descobrimos que se apaixonar é inevitável...
Um dia percebemos que as melhores provas de amor são as mais simples...
Um dia percebemos que o comum não nos atrai...
Um dia saberemos que ser classificado como o "bonzinho" não é bom . .
Um dia perceberemos que a pessoa que nunca te liga é a que mais pensa em você...
Um dia percebemos que somos muito importante para alguém, mas não damos valor a isso...
Um dia percebemos como aquele amigo faz falta, mas ai já é tarde demais...
Enfim...
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos, para dizer tudo o que tem que ser dito...
O jeito é: ou nos conformamos com a falta de algumas coisas na nossa vida ou lutamos para realizar todas as nossas loucuras...
Quem não compreende um olhar tampouco compreenderá uma longa explicação.

Martha Medeiros

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Casamento... leia com atenção

Naquela noite, enquanto minha esposa servia o jantar, eu segurei sua mão e disse: "Tenho algo importante para te dizer". Ela se sentou e jantou sem dizer uma palavra. Pude ver sofrimento em seus olhos.

De repente, eu também fiquei sem palavras. No entanto, eu tinha que dizer a ela o que estava pensando. Eu queria o divórcio. E abordei o assunto calmamente.
Ela não parecia irritada pelas minhas palavras e simplesmente perguntou em voz baixa: "Por quê?"

Eu evitei respondê-la, o que a deixou muito brava. Ela jogou os talheres longe e gritou "você não é homem!" Naquela noite, nós não conversamos mais. Pude ouví-la chorando. Eu sabia que ela queria um motivo para o fim do nosso casamento. Mas eu não tinha uma resposta satisfatória para esta pergunta. O meu coração não pertencia a ela mais e sim a Jane. Eu simplesmente não a amava mais, sentia pena dela.
Me sentindo muito culpado, rascunhei um acordo de divórcio, deixando para ela a casa, nosso carro e 30% das ações da minha empresa.
Ela tomou o papel da minha mão e o rasgou violentamente. A mulher com quem vivi pelos últimos 10 anos se tornou uma estranha para mim. Eu fiquei com dó deste desperdício de tempo e energia mas eu não voltaria atrás do que disse, pois amava a Jane profundamente. Finalmente ela começou a chorar alto na minha frente, o que já era esperado. Eu me senti libertado enquanto ela chorava. A minha obsessão por divórcio nas últimas semanas finalmente se materializava e o fim estava mais perto agora.
No dia seguinte, eu cheguei em casa tarde e a encontrei sentada na mesa escrevendo. Eu não jantei, fui direto para a cama e dormi imediatamente, pois estava cansado depois de ter passado o dia com a Jane.
Quando acordei no meio da noite, ela ainda estava sentada à mesa, escrevendo. Eu a ignorei e voltei a dormir.
Na manhã seguinte, ela me apresentou suas condições: ela não queria nada meu, mas pedia um mês de prazo para conceder o divórcio. Ela pediu que durante os próximos 30 dias a gente tentasse viver juntos de forma mais natural possível. As suas razões eram simples: o nosso filho faria seus exames no próximo mês e precisava de um ambiente propício para preparar-se bem, sem os problemas de ter que lidar com o rompimento de seus pais.

Isso me pareceu razoável, mas ela acrescentou algo mais. Ela me lembrou do momento em que eu a carreguei para dentro da nossa casa no dia em que nos casamos e me pediu que durante os próximos 30 dias eu a carregasse para fora da casa todas as manhãs. Eu então percebi que ela estava completamente louca mas aceitei sua proposta para não tornar meus próximos dias ainda mais intoleráveis.
Eu contei para a Jane sobre o pedido da minha esposa e ela riu muito e achou a ideia totalmente absurda. "Ela pensa que impondo condições assim vai mudar alguma coisa; melhor ela encarar a situação e aceitar o divórcio" , disse Jane em tom de gozação.
Minha esposa e eu não tínhamos nenhum contato físico havia muito tempo, então quando eu a carreguei para fora da casa no primeiro dia, foi totalmente estranho. Nosso filho nos aplaudiu dizendo
"O papai está carregando a mamãe no colo!" Suas palavras me causaram constrangimento. Do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa, eu devo ter caminhado uns 10 metros carregando minha esposa no colo. Ela fechou os olhos e disse baixinho "Não conte para o nosso filho sobre o divórcio". Eu balancei a cabeça mesmo discordando e então a coloquei no chão assim que atravessamos a porta de entrada da casa. Ela foi pegar o ônibus para o trabalho e eu dirigi para o escritório.
No segundo dia, foi mais fácil para nós dois. Ela se apoiou no meu peito, eu senti o cheiro do perfume que ela usava. Eu então percebi que há muito tempo não prestava atenção a essa mulher. Ela certamente tinha envelhecido nestes últimos 10 anos, havia rugas no seu rosto, seu cabelo estava ficando fino e grisalho. O nosso casamento teve muito impacto nela. Por uns segundos, cheguei a pensar no que havia feito para ela estar neste estado.
No quarto dia, quando eu a levantei, senti uma certa intimidade maior com o corpo dela. Esta mulher havia dedicado 10 anos da vida dela a mim.
No quinto dia, a mesma coisa. Eu não disse nada a Jane, mas ficava a cada dia mais fácil carregá-la do nosso quarto à porta da casa. Talvez meus músculos estejam mais firmes com o exercício, pensei.
Certa manhã, ela estava tentando escolher um vestido. Ela experimentou uma série deles mas não conseguia achar um que servisse. Com um suspiro, ela disse "Todos os meus vestidos estão grandes para mim". Eu então percebi que ela realmente havia emagrecido bastante, daí a facilidade em carregá-la nos últimos dias.
A realidade caiu sobre mim com uma ponta de remorso...ela carrega tanta dor e tristeza em seu coração...Instintivamente, eu estiquei o braço e toquei seus cabelos.

Nosso filho entrou no quarto neste momento e disse "Pai, está na hora de você carregar a mamãe". Para ele, ver seu pai carregando sua mão todas as manhãs tornou-se parte da rotina da casa. Minha esposa abraçou nosso filho e o segurou em seus braços por alguns longos segundos. Eu tive que sair de perto, temendo mudar de ideia agora que estava tão perto do meu objetivo. Em seguida, eu a carreguei em meus braços, do quarto para a sala, da sala para a porta de entrada da casa. Sua mão repousava em meu pescoço. Eu a segurei firme contra o meu corpo. Lembrei-me do dia do nosso casamento.
Mas o seu corpo tão magro me deixou triste. No último dia, quando eu a segurei em meus braços, por algum motivo não conseguia mover minhas pernas. Nosso filho já tinha ido para a escola e eu me vi pronunciando estas palavras: "Eu não percebi o quanto perdemos a nossa intimidade com o tempo".
Eu não consegui dirigir para o trabalho.... fui até o meu novo futuro endereço, saí do carro apressadamente, com medo de mudar de ideia... Subi as escadas e bati na porta do quarto. A Jane abriu a porta e eu disse a ela "Desculpe, Jane. Eu não quero mais me divorciar".
Ela olhou para mim sem acreditar e tocou na minha testa "Você está com febre?" Eu tirei sua mão da minha testa e repeti "Desculpe, Jane. Eu não vou me divorciar. Meu casamento ficou chato porque nós não soubemos valorizar os pequenos detalhes da nossa vida e não por falta de amor. Agora eu percebi que desde o dia em que carreguei minha esposa no dia do nosso casamento para nossa casa, eu devo segurá-la até que a morte nos separe.
A Jane então percebeu que era sério. Me deu um tapa no rosto, bateu a porta na minha cara e pude ouví-la chorando compulsivamente. Eu voltei para o carro e fui trabalhar.
Na loja de flores, no caminho de volta para casa, eu comprei um buquê de rosas para minha esposa. A atendente me perguntou o que eu gostaria de escrever no cartão. Eu sorri e escrevi: "Eu te carregarei em meus braços todas as manhãs até que a morte nos separe".
Naquela noite, quando cheguei em casa, com um buquê de flores na mão e um grande sorriso no rosto, fui direto para o nosso quarto onde encontrei minha esposa deitada na cama - morta.

Minha esposa estava com câncer e vinha se tratando a vários meses, mas eu estava muito ocupado com a Jane para perceber que havia algo errado com ela. Ela sabia que morreria em breve e quis poupar nosso filho dos efeitos de um divórcio - e prolongou a nossa vida juntos proporcionando ao nosso filho a imagem de nós dois juntos toda manhã. Pelo menos aos olhos do meu filho, eu sou um marido carinhoso.
Os pequenos detalhes de nossa vida são o que realmente contam num relacionamento. Não é a mansão, o carro, as propriedades, o dinheiro no banco. Estes bens criam um ambiente propício a felicidade, mas não proporcionam mais do que conforto. Portanto, encontre tempo para ser amigo de sua esposa, faça pequenas coisas um para o outro para mantê-los próximos e íntimos. Tenham um casamento real e feliz!

Muitos fracassados na vida são pessoas que não perceberam que estavam tão perto do sucesso e preferiram desistir.
Autor desconhecido


Só o amor não sustenta a relação...


Aos que não casaram,
aos que vão casar,
aos que acabaram de casar,
aos que pensam em se separar,
aos que acabaram de se separar.
aos que pensam em voltar...
Não existem vários tipos de amor, assim como não existem três tipos de saudades, quatro de ódio, seis espécies de inveja. O AMOR É ÚNICO, como qualquer sentimento, seja ele destinado a familiares, ao cônjuge ou a Deus.
A diferença é que, como entre marido e mulher não há laços de sangue, a SEDUÇÃO tem que ser ininterrupta...
Por não haver nenhuma garantia de durabilidade, qualquer alteração no tom de voz nos fragiliza, e de cobrança em cobrança, acabamos por sepultar uma relação que poderia SER ETERNA
Casaram. Te amo pra lá, te amo pra cá. Lindo, mas insustentável. O sucesso de um casamento exige mais do que declarações românticas.
Entre duas pessoas que resolvem dividir o mesmo teto, tem que haver muito mais do que amor, e às vezes, nem necessita de um amor tão intenso. É preciso que haja, antes de mais nada, RESPEITO.
Agressões zero.
Disposição para ouvir argumentos alheios.
Alguma paciência...
Amor só, não basta. Não pode haver competição. Nem comparações. Tem que ter jogo de cintura, para acatar regras que não foram previamente combinadas. Tem que haver BOM HUMOR para enfrentar imprevistos, acessos de carência, infantilidades.
Tem que saber levar.
Amar só é pouco.
Tem que haver inteligência. Um cérebro programado para enfrentar tensões pré-menstruais, rejeições, demissões inesperadas, contas para pagar. Tem que ter disciplina para educar filhos, dar exemplo, não gritar. Tem que ter um bom psiquiatra.
Não adianta, apenas, amar.
Entre casais que se unem, visando à longevidade do matrimônio, tem que haver um pouco de silêncio, amigos de infância, vida própria, um tempo pra cada um.
Tem que haver confiança. Certa camaradagem, às vezes fingir que não viu, fazer de conta que não escutou. É preciso entender que união não significa, necessariamente, fusão.
E que amar "solamente", não basta.
Entre homens e mulheres que acham que O AMOR É SÓ POESIA, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas que sozinho não dá conta do recado.
O amor é grande, mas não são dois.
Tem que saber se aquele amor faz bem ou não, se não fizer bem, não é amor. É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta.

Um bom Amor aos que já têm!
Um bom encontro aos que procuram!
E felicidades a todos nós!

Arthur da Távola

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Religião deveria servir para promover o amor e a paz...

Apoio que as pessoas se manifestem publicamente contra a violência urbana, contra os altos impostos que não são revertidos em benefícios sociais, contra a corrupção, contra a injustiça, contra o descaso com o meio ambiente, enfim, contra tudo o que prejudica o desenvolvimento da sociedade e o bem-estar pessoal de cada um. No entanto, tenho dificuldade de entender a mobilização, geralmente furiosa, contra escolhas particulares que não afetam em nada a vida de ninguém, a não ser aos diretamente envolvidos, caso da legalização do casamento gay, que acaba de ser aprovado na Argentina.

Se dois homens ou duas mulheres desejam viver amparados por todos os direitos civis que um casal hétero dispõe, em que isso atrapalha a minha vida ou a sua? Estarão eles matando, roubando, praticando algum crime? No caso de poderem adotar crianças, seria mais saudável elas serem criadas em orfanatos do que num lar afetivo? Ou será que se está temendo que a legalização seja um estímulo para os indecisos? Ora, a homossexualidade faz parte da natureza humana, não é um passatempo, um modismo. É um fato: algumas pessoas se sentem atraídas – e se apaixonam – por parceiros do mesmo sexo. Acontece desde que o mundo é mundo. E se por acaso um filho ou neto nosso tiver essa mesma inclinação, é preferível que ele cresça numa sociedade que não o estigmatize. Ou é lenda que queremos o melhor para nossos filhos?

No entanto, o que a mim parece lógico, não passa de um pântano para grande parcela da sociedade, principalmente para os católicos praticantes. Entendo e respeito o incômodo que sentem com a situação, que é contrária às diretrizes do Senhor, mas na minha santa inocência, ainda acredito que religião deveria servir apenas para promover o amor e a paz de espírito. Se for para promover a culpa e decretar que quem é diferente deve arder no fogo do inferno, então que conforto é esse que a religião promete? Não quero a vida eterna ao custo de subjugar quem nunca me fez mal. Prefiro vida com prazo delimitado, porém vivida em harmonia.

Sei que sou uma desastrada em tocar num assunto que deixa meio mundo alterado. Daqui a cinco minutos minha caixa de e-mails estará lotada de agressões, mas me concedam o direito ao idealismo, que estou tentando transmitir com a maior doçura possível: não há nada que faça com que a homossexualidade desapareça como um passe de mágica, ela é inerente a diversos seres humanos e um dia será aceita sem tanto conflito. Só por cima do seu cadáver? Será por cima do cadáver de todos nós, tenha certeza. Claro que ninguém precisa ser conivente com o que lhe choca, mas é mais produtivo batalhar pela erradicação do que torna nossa vida ruim, do que se sentir ameaçado por um preconceito, que é algo tão abstrato.

Pode rir, mas às vezes acho que acredito mais em Deus do que muito cristão.
Martha Medeiros

Reflita! O forte não é aquele que maltrata, fere ou aflige o fraco; mas aquele que suporta tudo, até mesmo o preconceito.

Fitness Mental ou Cerebral


A preocupação com a saúde cresce a cada dia. Afinal, a prática diária de exercícios é capaz de garantir a boa qualidade de vida. Mas o que muita gente não sabe é que o cérebro também precisa de exercícios constantes para se manter saudável.

“Se os músculos se fortalecem com exercícios físicos, o cérebro é fortalecido a partir do exercício mental. O importante é sair do “automático”. É preciso fazer coisas que exijam atenção e concentração”, ensina Carla Correia, psicóloga especializada em programação neurolinguística e consultora de recursos humanos.

A ginástica pode fazer parte da rotina diária, de maneira prática e muito funcional. A ideia é exercitar o cérebro com algumas atitudes simples. Tente mudar trajeto habitual para o trabalho ou usar o relógio de pulso no outro braço. Existem exercícios mais complexos, como se vestir de olhos vendados, tomar banho com a luz do banheiro apagada, andar pela casa de trás para frente, ver as horas num espelho ou até mesmo ouvir uma música diferente do repertório de costume, buscando identificar um determinado instrumento musical, escovar os dentes e escrever com a outra mão, andar pela casa de olhos fechados, o que vale é usar a criatividade, o fundamental é não fazer nada automático, pois quando estamos fazendo algo automático o nosso cérebro não trabalha suficientemente, por isso precisamos sair da rotina.

É comum que cada pessoa exercite determinadas partes do cérebro mais do que as outras, por conta das atividades profissionais ou preferências pessoais, deixando outras áreas cerebrais sem estímulos. Por isso, o ideal é exercitar pontos menos exigidos no dia-a-dia. “Uma pessoa que lê muito, por exemplo, deve procurar atividades que exercitem outras áreas do cérebro, como fazer cálculos matemáticos, jogos de raciocínio ou de visão espacial”, diz.

Para manter o cérebro saudável, o ideal é praticar no mínimo três exercícios diferentes por dia. Vale lembrar que o cérebro tem capacidade ilimitada de aprendizagem. Com exercícios, ele pode aumentar sua eficiência e se manter ágil durante toda a vida.

Um exemplo de Fitness Mental ou Cerebral:
Encontre a sequência dos números de 1 a 60 no quadro.

1 21 4
29 11 58 26
19 7 12 50
15 41 34 18
53 3 42 56
45 5 28 22
17 51 44
55 9 8 20
35 13 40 14
49 31 52 60
3 43 21 38 46
49 17 32 24 28
27 59 19 6 10
23 47 58
15 22 32 48
57 33 39 16
37 51 2 36
25 30 54

Fonte:Globo.com

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A Quimioterapia Natural


Quimioterapia Natural, assim está sendo chamada a vitamina D, depois que estudos realizados pela Universidade de Guelph, no Canadá, comprovaram que ela hipersensibiliza as células cancerígenas inibindo-as devido a hipoatividade da proteína chamada MARRS, um receptor que sinaliza a vitamina D.

Isto quer dizer que o câncer não gosta do sol, porque este ajuda a metabolizar a vitamina D interferindo na morte das células tumorais, diferente do que a mídia fala: quem tem câncer de pele, por exemplo, não pode ir ao sol.

A cientista Kelly Meckling, uma das pesquisadoras, diz que as células doentes crescem rapidamente, mas quando inicia a terapia da vitamina D, incluindo o sol, como agente anti-tumoral elas morrem muito rapidamente.

Estes estudos podem mudar o raciocínio para o uso dos procedimentos da cura contra não só o câncer, mas também doenças como alzheimer, psoríase, Parkinson entre outras.

Infelizmente só os médicos conscientes e que apresentam maior abertura serão capazes de fazer mudanças.


Outra Pesquisa
Vitamina D pode diminuir risco de mal de Parkinson.

Segundo estudo finlandês, o nutriente exerce um efeito protetor no cérebro.
Um novo estudo indicou que pessoas com níveis elevados de vitamina D podem ter menor risco de desenvolver doença de Parkinson. O trabalho foi publicado na edição de julho dos Archives of Neurology.

O papel da vitamina D na saúde óssea é conhecido, mas estudos anteriores apontaram a relação também com problemas como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.

Paul Knekt, do Instituto Nacional para Saúde e Bem-Estar da Finlândia, e colegas acompanharam 3.173 homens e mulheres com idades entre 50 e 79 anos e que não tinham diagnóstico de Parkinson no início do estudo, entre 1978 e 1980.

Os participantes completaram questionários e foram submetidos a entrevistas sobre aspectos de saúde e socioeconômicos. Também foram examinados e forneceram amostras de sangue para análise.

Em um período de 29 anos, até 2007, os pesquisadores observaram que 50 dos participantes desenvolveram a doença de Parkinson. Após serem feitos os ajustes para fatores potencialmente relacionados (como atividade física e índice de massa corporal), os indivíduos no grupo com níveis mais elevados da vitamina D apresentaram 67% menos risco de desenvolver a doença do que o grupo com menores níveis. Os participantes haviam sido divididos em quatro grupos com relação aos níveis da vitamina.

“Apesar dos níveis baixos de vitamina D em geral na população estudada, uma relação de dose e resposta foi encontrada. O estudo foi conduzido na Finlândia, onde há exposição restrita à luz solar e, portanto, tem como base uma população com níveis continuamente baixos da vitamina”, disse Knekt.

“De fato, o nível médio da vitamina D na população estudada é cerca da metade do nível considerado ideal, de 75 a 80 nanomoles por litro. Os resultados do estudo são consistentes com a hipótese de que uma deficiência crônica de vitamina D é um fator de risco para Parkinson”, destacou.

Segundo os pesquisadores, os mecanismos pelos quais os níveis da vitamina podem afetar o desenvolvimento da doença são desconhecidos, mas o nutriente exerce um efeito protetor no cérebro por meio de atividades antioxidantes, da regulação de níveis de cálcio, da desintoxicação, da modulação do sistema imunológico e da melhoria na condução de eletricidade nos neurônios.

“O estudo reúne os primeiros dados promissores em humanos que sugerem que um estado inadequado de vitamina D está associado com o risco de desenvolver Parkinson, mas outras pesquisas são necessárias, tanto básicas como clínicas, para elucidar o papel, mecanismos e concentrações exatas”, disse Marian Leslie Evatt, da Universidade Emory, nos Estados Unidos, em editorial na revista sobre o estudo.

Fonte: Jornal Estadão


A Selva e o Mar...


Vou contar uma estória de separação. Toda separação é triste. Ela guarda memória de tempos felizes (ou de tempos que poderiam ter sido felizes...)
E nela mora a saudade. A saudade ficou no rosto de uma criança, partida entre dois lugares, e o seu corpinho se estendia de viagem a viagem, entre a casa do pai e a casa da mãe, esticado, querendo fazer uma ponte imensa que juntasse de novo aquilo que a vida separara. E ela ficava a se perguntar: Por que? E é por isso que conto, para ajudar a entender...
Sua mãe nasceu no mar e era, inteirinha, amor ao mar. Ah! Você quer saber o que é o amor?...
Amar é querer trazer para bem perto aquilo que está longe, abraçar, esforço de pôr dentro aquilo que está fora, beber, com prazer, aquilo que fez os olhos sorrir. Pois é: ela bebia do mar tudo o que via, e o mar nela morava e ela o mar namorava: a imensidão azul mistério, as coisas que viviam nas suas funduras: corais vermelhos, algas verdes, peixes de cores brilhantes, icebergs branco-gelados de mares não vistos, músicas silenciosas de catedrais encantadas. Assim era o corpo da jovem. Você acha estranho? Pensava que o corpo era feito de carne, de sangue e de ossos? Puro engano. Nosso corpo é feito daquilo que o amor pôs lá dentro. E onde o amor quis, mas não pôde, ficou um vazio, que é onde mora a saudade... Assim era o corpo daquela jovem, quase menina: havia os sons acolhidos por seus ouvidos, barulhos das ondas, um paciente ir e vir sem fim como a vida... Odores de coisas marinhas entravam lá dentro pelas narinas pulsantes e faziam bem a lugares ocultos; perfumes azuis de marolas e aromas de pérolas brancas... (Você já sentiu isso, o bem que um perfume faz, num lugar de dentro da gente que a gente nem sabe onde fica?)
Sua pele brincava com a água e se arrepiava toda quando a brisa lhe fazia cócegas. E em seus olhos se viam gaivotas de brancas asas e barcos a vela ao vento. Quem lhe ouvisse o coração bater juraria que eram ondas.... Seus seios, conchas lisas que abrigavam criaturas macias. Seu ventre, lugar de mistérios, como a vida secreta do mar, caverna escura onde nadavam peixes minúsculos e invisíveis sementes ficavam à espera. Mas havia uma coisa que ela não podia entender: era uma tristeza, suave nostalgia. Não lhe bastava o mar infinito.
Havia os Vazios, Desejos, Ausência imensa, Saudade de algo que lhe faltava. E ela sonhava com coisas longínquas, e as amava: florestas que nunca vira, e pensava que seria bom se, um dia o mar e a selva se encontrassem e o azul e o verde se misturassem.
Ela amava o mar que nela morava, e a selva, ausência, pedaço que lhe faltava. E cantava o nome do seu amado: "Os bosques são belos, sombrios, fundos..." (Frost).
Seus olhos se voltavam então para o alto das montanhas, ao longe, e viam as silhuetas das árvores ao céu, e imaginavam belezas e mistérios diferentes daqueles do mar. E amava a floresta com que sonhava. Seu pai nascera da selva e o seu corpo crescera com árvores velhas de muitos anos, frutas silvestres de muitas aves,musgos macios de muitos verdes, borboletas de asas de muitas cores, aves de vozes de muitos cantos, grilos ocultos em muitas noites, correntes de águas de muitas pedras, flores silvestres de muitos cheiros, terra macia de muitos brotos, vidas que renascem de muitas formas...Ah! Assim era o seu corpo. "E como ele se entregava! Amava seu mundo interior, caos selvagem, bosque antiquíssimo, sobre cujo silencioso despertar verde-luz seu coração erguia." (Rilke)
Mas ele também tinha um sentimento triste, vazio, doía-lhe o lugar da Falta. E quando o sol se punha sobre o mar, ele sentia uma nostalgia imensa. Como se a floresta não lhe bastasse, o desejo por algo belo-distante, ausente. E, da sombra verde das árvores,olhava a luz azul do mar, solene no horizonte, brincalhão na areia, e desejava mergulhar nele, e pensava que felicidade é isto: a selva penetrando o mar. Um dia os dois se encontraram, se amaram, a floresta mergulhou no mar, o mar abraçou a floresta, suas sementes se misturaram e uma criança nasceu... E ela tinha no seu corpo um pouco de mar e um pouco de selva... Ah! Felicidade maior não poderia haver, e até pensaram que seria eterna... Foram morar lá em cima, no lugar do Pai, os três. Felizes... O pai, no seu mundo verde, velho amigo, conhecido. A mãe, no mundo verde, mistério com que sempre sonhara e desejara. A criança, feliz, por ser selva e mar. Mas o tempo passou e a felicidade acabou. No peito da jovem foi crescendo uma dor. Primeiro era saudade mansa que virou tristeza: e a floresta, tão bela de longe, virou prisão... E o jovem que tanto amara ficou estranho, gigante verde, senhor da floresta, seu carcereiro.
Ah! Ela já não podia amar a selva e sua face se transformou. E o mar que morava nela ficou sinistro, uma tempestade enorme cresceu por dentro, e no seu rosto quebraram ondas em cuja fúria até mesmo a criança se debatia. E a jovem virou tristeza por se ver assim, tão feia.
(É preciso que você saiba disto: nós amamos as pessoas por aquilo de belo que elas fazem nascer em nós. Como se fossem espelhos. Se nos vemos belos naqueles olhos que nos contemplam, nós as amamos. Mas se nos vemos feios, as odiamos...) E ela então compreendeu que, por belas que as matas fossem, ela seria sempre uma estranha, exilada sem lar. E foi o que disse ao seu companheiro, que a entendeu e disse que não importava. Viveram à beira-mar para que ela reencontrasse a felicidade perdida. E assim aconteceu. A alegria voltou. Mas o tempo passou e a saudade chegou agora no peito do jovem, onde a solidão foi crescendo, tristeza de quem vive em degredo, prisioneiro de ilhas cercadas de mar sem fim. E a jovem que ele tanto amara se transfigurou num mar de tristeza, ondas que repetiam de noite e de dia, sem parar: "Nunca mais, nunca mais..." E a floresta que morava nele se enfuresceu, e acordaram os bichos sinistros que dormiam nela, cobras e escorpiões, venenos e escuridões, e aflorou tudo naquele rosto outrora manso, e ele ficou sinistro, e havia fogo no seu olhar, e espinhos cortantes no seu falar. E ele chorou ao ver o espanto nos olhos da sua criança, espelhos tristes, e sentiu que já não era o mesmo, e nunca o seria, longe da selva, que era o seu lar. E então compreenderam que, para continuar belos, era preciso que o mar e a floresta fossem verdadeiros consigo mesmos e morassem nos seus lugares. E assim viveram, longe: a jovem, à beira mar, saudosa da floresta, o jovem, na floresta, com saudades do mar... E é por isso que as pessoas se separam, por mais que isso as dilacere, para ficarem bonitas de novo e voltarem aos mares e florestas perdidos... Cada separação é uma busca de um amor que se perdeu: em cada partida, um desejo de reencontro.
Quanto à criança, diziam os outros, que nada sabiam: "Não tem onde morar..." Ignoravam os mundos onde vivera e que o seu corpo pequeno moravam um mar e uma selva. E se ora estava com a mãe, à beira-mar, ora com o pai na floresta, não é que um lar lhe faltasse.
Ela era mar, era floresta, e podia sentir-se em casa onde quer que estivesse.

Do Livro: "Cantos do Pássaro Encantado", de Rubem Alves
Este livro fala sobre o nascimento, a morte e a ressurreição do Amor!

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Encontro e Silêncio


Jacques Lacan foi o responsável pelo elo de amizade entre psicanalista e escritor, que propiciou reflexões sobre sonhos, valores e estima.
O melhor relato de uma análise com Jacques Lacan foi feito por Pierre Rey. Chama-se "Uma temporada com Lacan", que durou dez anos. Pierre Rey era jornalista e escritor. Nasceu no sul da França, em 1930, e morreu em julho de 2006, aos setenta e seis anos de idade, de câncer, em Paris.

Quem não o conhece, talvez se lembre de um filme famoso sobre o Onassis, interpretado por Anthony Quinn e Jacqueline Bisset - O Magnata Grego - de 1978, filme que foi inspirado em um de seus maiores sucessos literários: O Grego.

Desde que li seu livro sobre Lacan, em 1989, quando foi lançado, fiquei com curiosidade de conhecer seu autor, e, ao mesmo tempo, o seu personagem. Isso acabou acontecendo por acaso. Eu almoçava um dia em Paris com um amigo, Antoine Gallimard, editor de Rey, quando nos encontramos e fomos apresentados. Meu interesse por conversar com ele era compreensível, não tanto o oposto; talvez o fato de encontrar um brasileiro que tinha ido para a França se formar na escola de seu analista, que era amigo de seu editor, sei lá, o fato é que a conversa correu fácil e desde aquele dia nos tornamos progressivamente grandes amigos apesar, também, da diferença de idade e de experiências de vida, o que nunca, aliás, foi ressaltado em nossas inúmeras conversas.

Amizade além da Psicanálise
Como diz François Leguil, um amigo psicanalista que apresentei a Pierre, o mágico de conversar com ele consistia que em pouco tempo ele lhe fazia sentir a pessoa mais interessante do mundo. Todos sabiam que seus amigos mais próximos eram Picasso, Dali, Anouk Aimée, Michel Legrand, e por aí vai. Fazer parte dessa série, falava Leguil, mesmo que por um momento, não deixava de ser bom. A generosidade afetiva de Pierre Rey era espantosa. Ele era uma lição de amizade.

Já desde 2004 notava-se uma queda física impressionante em Pierre que, apesar da idade e contrariando os hábitos sedentários dos escritores, era um esportista aplicado, o que lhe conferia um ar mais jovem e uma disposição invejável. Perguntado, ele sempre negava qualquer doença, disfarçando sua dificuldade em comer com as desculpas mais diversas.

Foi por volta de junho de 2006, a última vez que vi meu amigo. Estava há uma semana em Paris, e não conseguia encontrá-lo; a cada vez, surgia um impedimento de última hora. Finalmente, indo para o aeroporto pegar o avião de volta para São Paulo, dirigindo um carro alugado, consigo falar-lhe ao telefone. Sua voz sussurrante mal me deixou entender a terrível frase: "Je souffre". De pronto lhe disse: - "Ah, não! Vou sentir sua falta", ao que ele contestou bem a seu estilo: - "E eu já estou sentindo a sua".

Aí, lhe pedi que esperasse ao menos até agosto, quando eu deveria voltar, para nos vermos. Ele me respondeu que não iria dar. Disse-lhe, então, que iria vê-lo naquele momento, mesmo estando a um quilômetro do aeroporto - era a sua preocupação - e arriscando perder o voo. Dei meia-volta. Ele me disse: - "Não faça essa loucura". Eu: - "Já fiz". Ele, rindo: - "Eu teria feito o mesmo".

Deixei o carro em dupla fila no meio da Rue du Faubourg Saint-Honoré, onde ele morava, e subi correndo até a sua cobertura. Atendeu-me sua mulher, que me fez entrar imediatamente em seu quarto. Encontrei uma sombra do que ele tinha sido. Falamo-nos pouco - era um esforço enorme para ele falar - restringimo-nos a amenidades, futuros não vividos, pouco do passado, nada da doença, ou quase nada, a não ser do incômodo que sentia em estar naquela posição.

Interpretação dos sonhos
Despedimos-nos comedidamente, sem maiores expressões afetivas. Quando eu já chegava ao elevador, ouço-o, com grande esforço, me chamar. Volto e ele me pede: - "Jorge, como você é um bom psicanalista (ele foi bem mais gentil que isso), me ajude a interpretar um sonho. Nessas últimas três noites tive três sonhos importantes. Primeiro, sonhei que corria a maratona. Foi fácil para eu compreender, afinal, tendo feito ginástica a vida inteira, é normal que eu sonhe em correr uma maratona, longe da imobilidade a que fui reduzido. Segundo, ontem, eu sonhei que estava em um enorme banquete. Também é fácil de entender para quem adorava comer e que foi reduzido a esses tubos."

Eu ouvia tudo com atenção, sem dizer nenhuma palavra. - "Agora, hoje, tive um terceiro sonho que não consigo entender e, além do mais, diferentemente dos outros, me angustiou. Eu sonhei que estava nesse quarto e tinha ratos por toda parte, nas paredes, no teto, debaixo da cama, na cama...". Preocupado, lhe perguntei em francês, língua com que sempre nos comunicávamos - "Você disse 'ratos'?". - "Sim, me retorquiu, des rats (em francês), rats (em inglês), rats partout". Respirei fundo e lhe respondi: - "Pierre, esse sonho é tão fácil de ser compreendido quanto os outros, os 'rats' aludem ao Rat Pack que andam querendo companhia...". Eu apostava que Pierre tendo vivido em Los Angeles, e sempre no meio artístico, não poderia deixar de saber que Rat Pack é como se intitulavam os amigos Frank Sinatra, Dean Martin, Sammy Davis Jr. e mais alguns poucos. Pierre caiu em uma gostosa gargalhada, dentro do possível, e me disse: - "Eu sabia que você era um grande analista e que ia entender o meu sonho". Despedimo-nos, saí correndo, peguei o avião.

Um mês depois toca o telefone em minha casa, era o filho de Pierre, Stéphane, que me diz: - "Estou ligando para lhe comunicar em primeiro lugar, a pedido do meu pai, que ele acaba de morrer. Ele me pediu para lhe dizer que foi encontrar o Rat Pack. Você entende o que raios ele quis dizer com isso?"

Respondi com meio sorriso de saudade: - "Entendo".

Texto de Jorge Forbes, que é psicanalista e médico-psiquiatra. É Analista Membro da Escola Brasileira de Psicanálise (A.M.E.), Preside o IPLA - Instituto da Psicanálise Lacaniana e dirige a Clínica de Psicanálise do Centro do Genoma Humano da USP.

Uma foto The Rat Pack:

Para que Gritar?


Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos :
"Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?"
"Gritamos porque perdemos a calma", disse um deles.
"Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado?", questionou novamente o pensador.
"Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça", retrucou outro discípulo.
E o mestre volta a perguntar :
"Então não é possível falar-lhe em voz baixa?"
Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.
Então ele esclareceu :
"Vocês sabem porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido?"
O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito.
Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente.
Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.
Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas?
Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê?
Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena.
Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.
E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta.
Seus corações se entendem.
É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
Por fim, o pensador conclui, dizendo :
"Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta".

Mahatma Gandhi

Para descontrair...



Vamos rir um pouco, rir faz bem à saúde!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Tenho aprendido com o tempo...

"Tenho aprendido com o tempo que a felicidade vibra na frequência das coisas mais simples. Que o que amacia a vida, acende o riso, convida a alma pra brincar, são essas imensas coisas pequeninas bordadas com fios de luz no tecido áspero do cotidiano. Como o toque bom do sol quando pousa na pele. A solidão que é encontro. O café da manhã com pão quentinho e sonho compartilhado. A lua quando o olhar é grande. A doçura contente de um cafuné sem pressa. O trabalho que nos erotiza. Os instantes em que repousamos os olhos em olhos amados. O poema que parece que fomos nós que escrevemos. A força da areia molhada sob os pés descalços. O sono relaxado que põe tudo pra dormir. A presença da intimidade legítima. A música que nos faz subir de oitava. A delicadeza desenhada de improviso. O banho bom que reinventa o corpo. O cheiro de terra. O cheiro de chuva. O cheiro do tempero do feijão da infância. O cheiro de quem se gosta. O acorde daquela risada que acorda tudo na gente. Essas coisas. Outras coisas. Todas, simples assim."

Ana Jácomo

A Escolha é Só Sua...


Você pode curtir ser quem você é, do jeito que você for, ou viver infeliz por não ser quem você gostaria.
Você pode assumir a sua individualidade ou reprimir seus talentos e fantasias, apenas para ser o que os outros gostariam que você fosse.
Você pode produzir-se e ir se divertir, brincar, cantar e dançar, ou dizer em tom amargo que já passou da idade ou que essas coisas são fúteis e não ficam bem para pessoas sérias e bem situadas como você.
Você pode olhar com ternura e respeito para si próprio e para as outras pessoas ou com aquele olhar de censura, que poda, pune, fere e mata, sem nenhuma consideração para com os desejos, limites e dificuldades de cada um, inclusive os seus.
Você pode amar e deixar-se amar de maneira incondicional, ou ficar reclamando que ninguém se importa com você.
Você pode ouvir o seu coração e viver apaixonadamente, ou agir exclusivamente de acordo com o figurino da cabeça tentando analisar e explicar a vida antes de vivê-la.
Você pode deixar como está para ver como é que fica ou, com paciência e trabalho, ir realizando as mudanças que precisam ser feitas na sua vida e no mundo à sua volta.
Você pode deixar que o medo de perder paralise os seus planos ou partir para a ação, mesmo com os poucos recursos que tem, com muito entusiasmo e uma enorme vontade de ganhar.
Você pode amaldiçoar sua sorte ou encarar a situação como mais uma grande oportunidade de crescimento que a vida está lhe oferecendo.
Você pode mentir para si mesmo, achando desculpas e culpados para todas as suas insatisfações, ou encarar a verdade de que, no fim das contas, sempre você é quem decide o tipo de vida que quer levar.
Você pode escolher o seu destino e, através de ações concretas, caminhar firme em direção a ele, com marchas e contramarchas, avanços e retrocessos, ou continuar acreditando que ele já estava escrito nas estrelas e nada mais lhe resta a fazer senão passivamente entregar-se a ele e sofrer.
Você pode viver o presente que a vida lhe dá ou ficar preso a um passado que já acabou, e que portanto, nada mais lhe resta fazer, ou a um futuro que ainda não veio, e que portanto, não lhe permite fazer nada.
Você pode ficar numa boa, desfrutando o máximo das coisas que você é e possui ou se acabar de tanta ansiedade e desgosto.
Você pode se engajar no mundo, melhorando a si próprio e, por consequência, melhorando tudo que está à sua volta, ou esperar que o mundo melhore para só então começar a pensar em melhorar.
Você pode celebrar a vida e a Energia Universal que a criou ou celebrar a morte, vivendo aterrorizado com a ideia de pecado e punição.
Você pode continuar escravo da preguiça, ou comprometer-se pra valer, tomando as atitudes necessárias para mudar de vida por não ser ou não possuir tudo o que você gostaria.
Você pode ser feliz com a vida como ela é ou passar todo o seu tempo se lamentando pelo que ela não é.
A escolha é sua e o importante é que você sempre tem escolha.
Pondere, portanto, ao se decidir pelo caminho que vai tomar, pois é você que terá de se haver -sozinho e sempre com as consequências de cada escolha que fizer.

Geraldo Eustáquio de Souza

Solidão Amiga...


A noite chegou, o trabalho acabou, é hora de voltar para casa. Lar, doce lar? Mas a casa está escura, a televisão apagada e tudo é silêncio. Ninguém para abrir a porta, ninguém à espera. Você está só. Vem a tristeza da solidão... O que mais você deseja é não estar em solidão...

Mas deixa que eu lhe diga: sua tristeza não vem da solidão. Vem das fantasias que surgem na solidão. Lembro-me de um jovem que amava a solidão: ficar sozinho, ler, ouvir música... Assim, aos sábados, ele se preparava para uma noite de solidão feliz. Mas bastava que ele se assentasse para que as fantasias surgissem. Cenas. De um lado, amigos em festas felizes, em meio ao falatório, os risos, a cervejinha. Aí a cena se alterava: ele, sozinho naquela sala. Com certeza ninguém estava se lembrando dele. Naquela festa feliz, quem se lembraria dele? E aí a tristeza entrava e ele não mais podia curtir a sua amiga solidão. O remédio era sair, encontrar-se com a turma para encontrar a alegria da festa. Vestia-se, saía, ia para a festa... Mas na festa ele percebia que festas reais não são iguais às festas imaginadas. Era um desencontro, uma impossibilidade de compartilhar as coisas da sua solidão... A noite estava perdida.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: “Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.“ Pare. Leia de novo. E pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

Como é que a sua solidão se comporta? Ou, talvez, dando um giro na pergunta: Como você se comporta com a sua solidão? O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofrimento, uma doença, uma inimiga... Aprenda isso: as coisas são os nomes que lhe damos. Se chamo minha solidão de inimiga, ela será minha inimiga. Mas será possível chamá-la de amiga? Drummond acha que sim:

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.!“

Nietzsche também tinha a solidão como sua companheira. Sozinho, doente, tinha enxaquecas terríveis que duravam três dias e o deixavam cego. Ele tirava suas alegrias de longas caminhadas pelas montanhas, da música e de uns poucos livros que ele amava. Eis aí três companheiras maravilhosas! Vejo, frequentemente, pessoas que caminham por razões da saúde. Incapazes de caminhar sozinhas, vão aos pares, aos bandos. E vão falando, falando, sem ver o mundo maravilhoso que as cerca. Falam porque não suportariam caminhar sozinhas. E, por isso mesmo, perdem a maior alegria das caminhadas, que é a alegria de estar em comunhão com a natureza. Elas não veem as árvores, nem as flores, nem as nuvens e nem sentem o vento. Que troca infeliz! Trocam as vozes do silêncio pelo falatório vulgar. Se estivessem a sós com a natureza, em silêncio, sua solidão tornaria possível que elas ouvissem o que a natureza tem a dizer. O estar juntos não quer dizer comunhão. O estar juntos, frequentemente, é uma forma terrível de solidão, um artifício para evitar o contato conosco mesmos. Sartre chegou ao ponto de dizer que “o inferno é o outro.“ Sobre isso, quem sabe, conversaremos outro dia... Mas, voltando a Nietzsche, eis o que ele escreveu sobre a sua solidão:

“Ó solidão! Solidão, meu lar!... Tua voz – ela me fala com ternura e felicidade! Não discutimos, não queixamos e muitas vezes caminhamos juntos através de portas abertas. Pois onde quer que estás, ali as coisas são abertas e luminosas. E até mesmo as horas caminham com pés saltitantes.

Ali as palavras e os tempos...poemas de todo o ser se abrem diante de mim. Ali todo ser deseja transformar-se em palavra, e toda mudança pede para aprender de mim a falar.“
E o Vinícius? Você se lembra do seu poema O operário em construção? Vivia o operário em meio a muita gente, trabalhando, falando. E enquanto ele trabalhava e falava ele nada via, nada compreendia. Mas aconteceu que, “certo dia, à mesa, ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção ao constatar assombrado que tudo naquela casa – garrafa, prato, facão – era ele que os fazia, ele, um humilde operário, um operário em construção (...) Ah! Homens de pensamento, não sabereis nunca o quando aquele humilde operário soube naquele momento! Naquela casa vazia que ele mesmo levantara, um mundo novo nascia de que nem sequer suspeitava. O operário emocionado olhou sua própria mão, sua rude mão de operário, e olhando bem para ela teve um segundo a impressão de que não havia no mundo coisa que fosse mais bela. Foi dentro da compreensão desse instante solitário que, tal sua construção, cresceu também o operário. (...) E o operário adquiriu uma nova dimensão: a dimensão da poesia.“

Rainer Maria Rilke, um dos poetas mais solitários e densos que conheço, disse o seguinte: “As obras de arte são de uma solidão infinita.“ É na solidão que elas são geradas. Foi na casa vazia, num momento solitário, que o operário viu o mundo pela primeira vez e se transformou em poeta.

Rubem Alves

domingo, 22 de agosto de 2010

Eu aprendi que para se crescer como
pessoa é preciso me cercar de gente
mais inteligente do que eu.

William Shakespeare