quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Preciso...


''Preciso de alguém que tenha ouvidos para ouvir, porque são tantas histórias a contar. Que tenha boca para, porque são tantas histórias para ouvir, meu amor. E um grande silêncio desnecessário de palavras. Para ficar ao lado, cúmplice, dividindo o astral, o ritmo, a over, a libido, a percepção da terra, do ar, do fogo, da água, nesta saudável vontade insana de viver. Preciso de alguém que eu possa estender a mão devagar sobre a mesa para tocar a mão quente do outro lado e sentir uma resposta como – eu estou aqui, eu te toco também.''

Caio F. Abreu 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

O cárcere das drogas...


Qual é a pior prisão do mundo? É aquela que aprisiona o ser humano por fora ou por dentro? É aquela que acorrenta seu corpo ou aprisiona a sua alma? 
A pior prisão do mundo não é a que restringe os movimentos do corpo, mas a que confina os pensamentos e controla a emoção e, consequentemente, engessa a capacidade de pensar e impede a poesia da vida. Diversas doenças psíquicas causam esse tipo de prisão, entre as quais a dependência psicológica das drogas. Nenhuma espécie ama tanto a liberdade, quanto a humana e nenhuma outra consegue perdê-la com mais facilidade.

Dica de leitura: A Pior Prisão do Mundo, de Augusto Cury

Todos temos vontades, desejos, sonhos...



''Ela sempre fez o que quis. 
Mas não com… Com agressividade, entende? 
Quero dizer, ela está sempre tão dentro dela mesma que qualquer coisa que faça não é nem certa nem errada. É simplesmente o que ela podia fazer.''

 Caio Fernando Abreu

É preciso aprender a olhar...



"Mas, quando falo dessas pequenas felicidades certas, que estão diante de cada janela, uns dizem que essas coisas não existem, outros que só existem diante das minhas janelas, e outros, finalmente, que é preciso aprender a olhar, para vê-las assim."

Cecília Meireles

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O caminho é cheio de contradições...


''Aceite com sabedoria o fato de que o caminho está cheio de contradições. Há momentos de alegria e desespero, confiança e falta de fé, mas vale a pena seguir adiante...''

Paulo Coelho

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Seja você mesmo...


Você me pede um conselho e atrevidamente eu dou o Grande Conselho: seja você mesmo, porque ou somos nós mesmos ou não somos coisa nenhuma. E para ser si mesmo é preciso um trabalho de mouro e uma vigilância incessante na defesa, porque tudo conspira para que sejamos meros números, carneiros de vários rebanhos - os rebanhos políticos, religiosos, estéticos. Há no mundo ódio à exceção - e ser si mesmo é ser exceção.

Monteiro Lobato

Desejo a todos uma linda semana cheia de alegria, boas energias e principalmente autenticidade! Bjs

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Saúde Mental. Esse texto vale relembrar... fantástico!


Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.
Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, Van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maiakovski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. Van Gogh matou-se. Wittgenstein alegrou-se ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakovski suicidou-se. Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.
Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as ideias comportam-se bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem-unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado; nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!) ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa...
Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idosos de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego numa empresa. Por outro lado, nunca ouvi falar de político que tivesse estresse ou depressão. Andam sempre fortes em passarelas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.
Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.
Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas chama-se hardware, literalmente "equipamento duro", e a outra denomina-se software, "equipamento macio". O hardware é constituído por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. O software é constituído por entidades "espirituais" - símbolos que formam os programas e são gravados nos disquetes.
Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos do cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo "espirituais", sendo que o programa mais importante é a linguagem.
Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que chamar psiquiatras e neurologista, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para lidar com o software há que fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.
Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.
Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e os acessórios, o hardware, tenham a capacidade de ouvir a música que ele toca e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.
Dados esses pressupostos teóricos, estamos agora em condições de oferecer uma receita que garantirá, àqueles que a seguirem à risca, saúde mental até o fim dos seus dias.
Opte por um soft modesto. Evite as coisas belas e comoventes. A beleza é perigosa para o hardware. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente contraindicados. Já o rock pode ser tomado à vontade. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do doutor Lair Ribeiro, por que se arriscar a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. E, aos domingos, não se esqueça do Silvio Santos e do Gugu Liberato.
Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, em vez de ter o fim que tiveram as pessoas que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já terá se esquecido de como eles eram.

Rubem Alves

Bom domingo pessoal!

sábado, 23 de fevereiro de 2013

A Depressão por Ermance Dufaux...


Depressão é uma intimação das Leis da Vida convocando a alma a mudanças inadiáveis. É a “doença‐prisão” que caça a liberdade da criatura, rebelde, viciada em ter seus caprichos atendidos. Vício sedimentado em milênios de orgulho e rebeldia por não aceitar as frustrações do ato de viver. Em tese, depressão é a reação da alma que não aceitou  sua realidade pessoal  como  ela é, estabelecendo um desajuste interior que a incapacita para viver plenamente. 
Desde as crises ocasionais da depressão  reativa até os quadros mais severos que avançam aos sombrios labirintos da psicose, encontramos no cerne da enfermidade o Espírito, recusando os alvitres da vida. Através das reações demonstra sua insatisfação em concordar com a Vontade Divina, acerca de Seus Desígnios, em flagrante desajuste. 
Rebela‐se ante a morte e a perda, a mudança e o desgosto, a decepção e os desafios do caminho,  criando um litígio  com Deus, lançando  a si mesmo  nos leitos amargos  da inconformação e da revolta, do ódio e da insanidade, da apatia e do sofrimento moral. 
Neste momento de transição em que os avanços científicos a classificam dentro de limites e códigos, é necessário ampliar a lente das investigações para analisá‐la como estado  interior  de inadequação com a vida,  que limita o  Espírito  para plenificar‐se, existir, ser em plenitude. Seu traço psíquico predominante é a diminuição ou ausência de prazer em quaisquer níveis que se manifeste. Portanto, dilatando as classificações dos respeitáveis códigos  humanos,  vamos conceituá‐la como  sendo o  sofrimento  moral capaz de reduzir ou retirar a alegria de viver.
Sob  enfoque espiritual, estar  deprimido é um estado  de insatisfação  crônica, não necessariamente incapacitante. As mais graves psicoses nasceram através de “filetes de loucura controlada” que roubam do ser humano a alegria de continuar sua marcha, de cultivar sonhos e lutas pelos ideais de sobrevivência básica. Nessa ótica, tomemos alguns exemplos para ilustrar  nosso  enfoque de depressão  à luz do  Espírito  imortal.  

Condutas rotineiras: 
  •  O desânimo no cumprimento do dever.
  •  A insegurança obsessiva. 
  •  A ansiedade inexplicável. 
  •  A solidão em grupo. 
  •  A impotência perante o convite das escolhas. 
  •  A angústia da melhora. 
  •  A aterrorizante sensação de abandono. 
  •  Sentir‐se inútil. 
  •  Baixa tolerância às frustrações. 
  •  O desencanto com os amigos. 
  •  Medo da vulnerabilidade. 
  •  A descrença no ato de viver. 
  •  O hábito sistemático da queixa improdutiva. 
  •  A revolta com normas coletivas para o bem de todos. 
  •  A indisposição de conviver com os diferentes. 
  •  A relação de insatisfação com o corpo. 
  •  O apego aos fatos passados. 
  •  O sentimento de menos‐valia perante o mundo. 
  •  O descaso com os conflitos, a negação dos sentimentos. 
  •  A inveja do sucesso alheio. 
  •  A desistência de ser feliz. 
  •  A decisão de não perdoar.
  •  A inconformação perante as perdas. 
  •  Fixação obstinada nos pontos de vista. 
  •  O desamor aos que nos prejudicam. 
  •  O cultivo do personalismo – a exacerbada importância pessoal. 
  •  O gerenciamento ineficaz da culpa. 
  •  As aflições‐fantasma com o futuro. 
  •  A tormenta de ser rejeitado. 
  •  As agruras perante as críticas. 
  •  Rigidez nas atitudes e nos objetivos. 
  •  Conduta perfeccionista. 
  •  Sinergia com o pessimismo. 
  •  Impulso para desistir dos compromissos. 
  •  Pulsão para controlar a vida. 
  •  Irritabilidade sem causas conhecidas. 
Todas essas ações ou  sentimentos são  sinais de depressão  na alma,  porque criam ou refletem um desajuste da criatura com a existência, levando‐a, paulatinamente, a roubar de si mesma a energia da vida. São rejeições à Sábia e Justa Vontade Divina — excelsa expressão do bem em nosso favor nas ocorrências de cada dia. 
Bilhões e bilhões de homens, na vida física e extrafísica, estão deprimidos ou  constroem “estufas psíquicas” para futuras depressões reconhecidas pela ótica clínica.
Arrastam‐se entre a animalidade e o mundo racional. Lutam para se livrar da pesada crisálida magnética dos instintos e assumir sua gloriosa condição  de filhos de Deus e cocriadores na Obra Paternal. Vivem, mas não sabem existir. Perambulam, quase sempre, na alegria de possuir e raramente alcançam o prazer de ser. Ora escravos das lembranças do  passado,  ora atormentados pelo medo  do  futuro.  Jornadeiam sob os grilhões do ego recusando os apelos do self. 
Esse conceito maleável  da doença explica o  lamentável estado  de inquietude interior  que assola a humanidade. É a “algazarra do ego”  criando  mecanismos para continuar  seu  reinado  de ilusões,  obstruindo os clarões de serenidade e saúde imanentes do self — a vontade lúcida do Espírito em busca da liberdade. 
Devido aos programas coletivos de saneamento psíquico da Terra orientados pelo Mais Alto,  vivendo  o  momento  histórico.  Nunca foram alcançados índices tão significativos de resgate e socorro  nos atoleiros morais da erraticidade. 
Consequentemente, eleva‐se o número de corações que regressam ao corpo carnal sob custódia do  remorso. Esse estado  psíquico responde pelo crescimento  dos episódios depressivos.  Seria trágico  esse fenômeno social  se deixássemos de considerá‐lo como indício de mudança nos refolhos da alma. 
Conquanto não  signifiquem libertação e paz, coloca a criatura a caminho dos primeiros lampejos de consciência lúcida. 
O  planeta em todas as latitudes experimentará  uma longa noite de dores psicológicas,  em cujo  bojo  despontará um homem novo e melhorado  em busca dos Tesouros Sublimes, ainda desconhecidos em sua intimidade. 
Ao  formularmos esse foco  para a depressão,  nossa intenção  é estimular a medicina preventiva centrada no Espírito imortal e na educação. É assustador o índice de deprimidos segundo a sintomatologia oficial,  no entanto, infinitamente maior  é o  número daqueles que cultivam,  em regime de cultura mental, os embriões de futuros episódios psiquiátricos depressivos.  A solução  vem da própria mente.  A terapêutica está no imo  da criatura. 
Aprender  a ouvir  os ditames da consciência:  eis o  que pouco  fazem quando se encontram sob  sansão  da depressão.  Esse é o  estado  denominado  “consciência tranquila”, ou seja, quando o self supera as tormentas da culpa e do medo, da ansiedade e do instinto de posse. Aprendendo a arte de ouvir esse guia infalível, a criatura caminha para o sossego íntimo, a serenidade, a plenitude, a alegria.
A saúde decorre de uma relação  sinérgica com o  self. Dele partem as forças capazes de estabelecer o  clima da alegria de ser. Do self procede a energia da vida, o tônus que permite a criatura ampliar seu raio de interação com a natureza — outra fonte de vida —, expressão celeste de Deus no universo. A depressão é ausência dessa energia de base, dessa força de vitalidade e saúde,  ensejando  a defasagem,  o  esgotamento. A ausência de contato com o amor — Lei universal de vida e saúde integral —  responde pelos reflexos da “morte interior”. Nos apelos da consciência encontraremos o  receituário  para a liberdade e a paz, o equilíbrio e o progresso. A ingestão dessa medicação amarga será a batalha sem tréguas, porque aderir  aos ditames conscienciais significa, antes de tudo, deixar de desejar o que se quer para fazer que se deve. Nessa escola de novas aprendizagens, alma fará cursos intensivos de novos costumes emoções através do  aprendizado  de olhar para si. 
A ausência de uma percepção  muito  nítida das nossas reais necessidades interiores leva‐nos à busca do prazer estereotipado, aquele que a maioria procura para preencher  o “vazio”,  e não  viver  criativamente em paz.  Depois vem a culpa e outras manifestações de dor.
O prazer real é somente aquele que nos equilibra e preenche sem sofrimentos posteriores. Somente estando identificados com os “recados do self”, construiremos uma vida criativa,  adequada ao  caminho individual.  Jung  chamou  esse processo  de individuação. 
Descobrir nossa singularidade, saber vivê‐la sem afronta ao meio e colocá‐la a serviço do bem, essas as etapas do crescimento sistêmico, integrado com o próximo, a vida e a natureza. Individuação  só  será possível  acolhendo  a sombra do  inconsciente através dos “braços do  ego”,  entregando‐a à “inteligência espiritual” do  self, para transformá‐la em luz e erguimento conforme as aspirações do Espírito. 
Depressão — condição mental da alma que começa a resgatar o encontro com a verdade sobre si mesma depois de milênios nos labirintos da ilusão. 
“A  felicidade terrestre é relativa à posição de cada um.  O  que basta para a felicidade de um,  constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?” 
“Com  relação  à vida material,  é a posse do  necessário.  Com relação  à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro”. 
Consciência tranquila e prazer de viver, a maior conquista das pessoas livres e felizes.

Do Livro: Escutando Sentimentos, de Wanderley S. de Oliveira (por Ermance Dufaux)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O equilíbrio vem de dentro, é algo particular...


''Viver é buscar o equilíbrio entre escolhas e consequências...''

Jean-Paul Sartre

Um lindo final de semana a todos, cheio de paz e momentos agradáveis!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Tem dias que a esperança é sempre mais teimosa do que eu...


''...Por fora já desistiu. Por dentro sempre descobre alguma desculpa para recomeçar...''

Fabrício Carpinejar

Ele e ela...



Ela o amava. Ele a amava também. E ainda que essa coisa, o amor, fosse complicada demais para compreender e detalhar nas maneiras tortuosas como acontece, naquele momento em que acontecia dentro do sonho, era simples. Boa, fácil, assim era. Ela gostava de estar com ele, ele gostava de estar com ela. Isso era tudo.

Caio F. Abreu

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Hoje encerro o dia com Engenheiros do Hawaii... adoro!

♫ O que você me pede eu não posso fazer
Assim você me perde e eu perco você
Como um barco perde o rumo
Como uma árvore no outono perde a cor
O que você não pode, eu não vou te pedir
O que você não quer, eu não quero insistir
Diga a verdade, doa a quem doer
Doe sangue e me dê seu telefone
Todos os dias eu venho ao mesmo lugar
Às vezes fica longe e impossível de encontrar
Mas quando o neon é bom
Toda noite é noite de luar
No táxi que me trouxe até aqui
''Bob Marley'' me dava razão
As últimas do esporte, hora certa
Crime e Religião
Na verdade, "nada"
É uma palavra esperando tradução
Toda vez que falta luz
Toda vez que algo nos falta
O invisível nos salta aos olhos
É um salto no escuro da piscina
O fogo ilumina muito, por muito pouco tempo
Em muito pouco tempo
O fogo apaga tudo, tudo um dia vira luz
Mas toda vez que falta luz, o invisível nos salta aos olhos
Ontem à noite, eu conheci uma guria
Já era tarde, era quase dia
Era o princípio num precipício
Era o meu corpo que caía
Ontem à noite, a noite tava fria
Tudo queimava, nada aquecia
Ela apareceu, parecia tão sozinha
Parecia que era minha aquela solidão...

Alterno o sim e o não intimamente...



''Enquanto trabalho com ar de moça séria e ajuizada, minha cabeça parece uma metralhadora giratória, os pensamentos sendo disparados a esmo: digo ou não digo; fico ou não fico; tento ou não tento? Quem de mim é a sã e quem é a louca, por que ontem eu não estava a fim e hoje estou tão apaixonada, como estarei raciocinando daqui a duas horas, em linha reta ou por vias tortas? Alguém bate na porta interrompendo meus devaneios, é o zelador entregando a correspondência, eu agradeço e sorrio gentil, demonstrando minha perfeita sanidade. Que controle tenho eu sobre o que ainda não me aconteceu? E sobre o já acontecido, que segurança posso ter de que minha memória seja justa, de que minhas lembranças não tenham sido corrompidas?  Quero e não quero a mesma coisa tantas vezes ao dia, alterno o sim e o não intimamente, tenho dúvidas impublicáveis, e ainda assim me visto com sobriedade, respondo meus e-mails e não cometo infrações de trânsito, sou confiável, sou uma doida. E essa constatação da demência que os dias nos impingem não seria lucidez das mais requintadas? É de pirar.''

Do livro:  Coisas da Vida (Crônicas), de Martha Medeiros

Biblioteca Roubada... para refletirmos



"A Carta Roubada" é um dos contos mais célebres de Edgar Allan Poe. Nele, o escritor norte-americano conta a história de um ministro que resolve chantagear a rainha roubando a carta que lhe fora endereçada por um amante.
Desesperada, a rainha encarrega sua polícia secreta de encontrar a carta, que provavelmente deveria estar na casa do ministro. Uma astuta análise, com os mais modernos métodos, é feita sem sucesso. Reconhecendo sua incompetência, o chefe de polícia apela a Auguste Dupin, um detetive que tem a única ideia sensata do conto: procurar a carta no lugar mais óbvio possível, a saber, em um porta-cartas em cima da lareira.
A leitura do conto de Edgar Allan Poe deveria ser obrigatória para os responsáveis pela educação pública. Muitas vezes, eles parecem se deleitar em procurar as mais finas explicações, contratar os mais astutos consultores internacionais com seus métodos pretensamente inovadores, sendo que os problemas a combater são primários e óbvios para qualquer um que queira, de fato, enxergá-los.
Por exemplo, há semanas descobrimos, graças ao Censo Escolar de 2011, que 72,5% das escolas públicas brasileiras simplesmente não têm bibliotecas. Isto equivale a 113.269 escolas. Um descaso que não mudou com o tempo, já que, das 7.284 escolas construídas a partir de 2008, apenas 19,4% têm algo parecido com uma biblioteca.
Mesmo São Paulo, o Estado mais rico da Federação, conseguiu ter 85% de suas escolas públicas nessa situação. Ou seja, um número pior do que a média nacional.
Diante de resultados dessa magnitude, não é difícil entender a matriz dos graves problemas educacionais que atravessamos. Difícil é entender por que demoramos tanto para ter uma imagem dessa realidade.
Ninguém precisa de mais um discurso óbvio sobre a importância da leitura e do contato efetivo com livros para a boa formação educacional. Ou melhor, ninguém a não ser os administradores da educação pública, em todas as suas esferas. Pois não faz sentido algum discutir o fracasso educacional brasileiro se questões elementares são negligenciadas a tal ponto.
Em política educacional, talvez vamos acabar por descobrir que "menos é mais". Quanto menos "revoluções na educação" e quanto mais capacidade de realmente priorizar a resolução de problemas elementares (bibliotecas, valorização da carreira dos professores etc.), melhor para todos.
A não ser para os consultores contratados a peso de ouro para vender o mais novo método educacional portador de grandes promessas.
Vladimir Safatle  - Folha de São Paulo

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Profissão Barista...


Aquele pingado que pedimos na padaria e o cafezinho no café-da-manhã e no almoço estão com seus dias contados. Um novo adversário, cheio de classe, veio para ficar: o café gourmet.

consumo de café no Brasil está crescendo vertiginosamente: a média por habitante está ultrapassando os cinco quilos por ano, dados comparados com o de outros países que são grandes consumidores da bebida, como a Alemanha e a Itália.
E todo esse fôlego está formando consumidores ávidos por cafés de alta qualidade, bem como pessoas que procuram entender cada vez mais sobre o café, tratando sua degustação e particularidades como uma arte, como é o caso do vinho.
Mas você sabia que já existe uma profissão exclusiva de entendedores de café? São os baristas. Profissionais do café, os baristas são mais do que simples atendentes de café. São uma mistura de ciência com arte.
Um barista é especializado em preparar e servir todos os tipos de café. Sua grande experiência garante que a bebida terá um sabor único e soberbo. Esses profissionais têm profundo conhecimento sobre a história do café e todos os seus processos de criação. Baristas sabem tudo sobre o plantio, amadurecimento, colheita, torra e moagem de diversos tipos de café, cada um com características diferentes.
Todo esse conhecimento permite que o barista consiga criar combinações e sabores com diferentes tipos de café, chamados de blends. Eles ainda são mestres em identificar nuances e sabores no paladar de um café, características que passam batidas pela esmagadora maioria da população.
Os baristas podem auxiliar empresas em diversos aspectos, desde a melhor forma de torrar o café até a criação de novos produtos. Contudo, um dos aspectos mais legais de ser um barista é conseguir criar arte com o café. Verdadeiros artistas, os baristas conseguem fazer desenhos fantásticos em questão de segundos. Existem até competições internacionais de melhor desenho no café!

Fonte: Revista Mobly
Que tal um cafezinho agora?

A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade...


De repente, a surpreendo num banco olhando de soslaio, aguardando sua vez no balcão. Outras vezes ela passa por mim na rua entre os camelôs. Vezes outras a entrevejo no espelho de uma joalheria. A mulher madura, com seu rosto denso esculpido como o de uma atriz grega, tem qualquer coisa de Melina Mercouri ou de Anouke Aimé.

Há uma serenidade nos seus gestos, longe dos desperdícios da adolescência, quando se esbanjam pernas, braços e bocas ruidosamente. A adolescente não sabe ainda os limites de seu corpo e vai florescendo estabanada. É como um nadador principiante, faz muito barulho, joga muita água para os lados. Enfim, desborda.


A mulher madura nada no tempo e flui com a serenidade de um peixe. O silêncio em torno de seus gestos tem algo do repouso da garça sobre o lago. Seu olhar sobre os objetos não é de gula ou de concupiscência. Seus olhos não violam as coisas, mas as envolvem ternamente. Sabem a distância entre seu corpo e o mundo.


A mulher madura é assim: tem algo de orquídea que brota exclusiva de um tronco, inteira. Não é um canteiro de margaridas jovens tagarelando nas manhãs.


A adolescente, com o brilho de seus cabelos, com essa irradiação que vem dos dentes e dos olhos, nos extasia. Mas a mulher madura tem um som de adágio em suas formas. E até no gozo ela soa com a profundidade de um violoncelo e a sutileza de um oboé sobre a campina do leito.


A boca da mulher madura tem uma indizível sabedoria. Ela chorou na madrugada e abriu-se em opaco espanto. Ela conheceu a traição e ela mesma saiu sozinha para se deixar invadir pela dimensão de outros corpos. Por isto as suas mãos são líricas no drama e repõem no seu corpo um aprendizado da macia paina de setembro e abril.


O corpo da mulher madura é um corpo que já tem história. Inscrições se fizeram em sua superfície. Seu corpo não é como na adolescência uma pura e agreste possibilidade. Ela conhece seus mecanismos, apalpa suas mensagens, decodifica as ameaças numa intimidade respeitosa.


Sei que falo de uma certa mulher madura localizada numa classe social, e os mais politizados têm que ter condescendência e me entender. A maturidade também vem à mulher pobre, mas vem com tal violência que o verde se perverte e sobre os casebres e corpos tudo se reveste de uma marrom tristeza.


Na verdade, talvez a mulher madura não se saiba assim inteira ante seu olho interior. Talvez a sua aura se inscreva melhor no olho exterior, que a maturidade é também algo que o outro nos confere, complementarmente. Maturidade é essa coisa dupla: um jogo de espelhos revelador.


Cada idade tem seu esplendor. É um equívoco pensá-lo apenas como um relâmpago de juventude, um brilho de raquetes e pernas sobre as praias do tempo. Cada idade tem seu brilho e é preciso que cada um descubra o fulgor do próprio corpo.


A mulher madura está pronta para algo definitivo.


Merece, por exemplo, sentar-se naquela praça de Siena à tarde acompanhando com o complacente olhar o voo das andorinhas e as crianças a brincar. A mulher madura tem esse ar de que, enfim, está pronta para ir à Grécia. Descolou-se da superfície das coisas. Merece profundidades. Por isto, pode-se dizer que a mulher madura não ostenta jóias. As jóias brotaram de seu tronco, incorporaram-se naturalmente ao seu rosto, como se fossem prendas do tempo.


A mulher madura é um ser luminoso é repousante às quatro horas da tarde, quando as sereias se banham e saem discretamente perfumadas com seus filhos pelos parques do dia. Pena que seu marido não note, perdido que está nos escritórios e mesquinhas ações nos múltiplos mercados dos gestos. Ele não sabe, mas deveria voltar para casa tão maduro quanto Yves Montand e Paul Newman, quando nos seus filmes.


Sobretudo, o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem o que perderam em não esperá-la madurar. Ali está uma mulher madura, mais que nunca pronta para quem a souber amar.

Affonso Romano de Sant'Anna

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O vazio é fundamental...



“A vida precisa do vazio: a lagarta dorme num vazio chamado casulo até se transformar em borboleta.
A música precisa de um vazio chamado silêncio para ser ouvida. 
Um poema precisa do vazio da folha de papel em branco para ser escrito. 
E as pessoas, para serem belas e amadas, precisam ter um vazio dentro delas. 
A maioria acha o contrário; pensa que o bom é ser cheio. Essas são as pessoas que se acham cheias de verdades e sabedoria e falam sem parar. 
São umas chatas, quando não são autoritárias.
Bonitas são as pessoas que falam pouco e sabem escutar. 
A essas pessoas é fácil amar. Elas estão cheias de vazio. E é no vazio da distância que vive a saudade...” 


Rubem Alves

E na infinita possibilidade de tempos...


"Não havíamos marcado hora, não havíamos marcado lugar. E, na infinita possibilidade de lugares, na infinita possibilidade de tempos, nossos tempos e nossos lugares coincidiram. E deu-se o encontro."

Rubem Alves

Desejo a todos uma semana cheia de alegria, paz e fé!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Sou um ser inacabado...


''... Mas não sou completa, não. 
Completa lembra realizada.
Realizada é acabada.
Acabada é o que não se renova a cada instante da vida e do mundo.
Eu vivo me completando, mas falta um bocado...''

Clarice Lispector

''E basta fechar os olhos para naufragar outra vez e cada vez mais fundo na tua boca.''



''Eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas. Por que nunca se sabe nem como serão ditas, nem como serão ouvidas. Compreende?''

Do livro: Ovelhas Negras, de Caio F. Abreu

O silêncio, aprendo, pode construir...


Silêncio Amoroso
Preciso do teu silêncio
cúmplice sobre minhas falhas
Não fale
Um sopro, a menor vogal, pode me desamparar.
E se eu abrir a boca a minha alma vai rachar.
O silêncio, aprendo, pode construir.
É um modo denso/tenso - de coexistir.
Calar, às vezes, é fina forma de amar.

Affonso Romano de Sant'Anna
Bom domingo pessoal e bom descanso!

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Nietzsche sobre o Amor...


''Para se relacionar plenamente com o outro, você precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como um escudo contra o isolamento. Somente quando consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, você consegue se voltar para a outra pessoa com amor; somente então é capaz de se preocupar com o engrandecimento do outro ser humano...''

Do livro: Quando Nietzsche chorou, de Irvin D. Yalom

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O caminho de mim...


Quero asas de borboleta azul
Para que eu encontre 
o caminho do vento 

O caminho da noite
A janela do tempo
O caminho de mim

Roseana Murray 

Um lindo final de semana pessoal! Muita paz e bons momentos...Bjs

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Algumas obras de Childe Hassam...







Frederick Childe Hassam (17 de outubro de 1859 - 27 de agosto de 1935) foi um pintor impressionista, americano, conhecido por suas cenas urbanas e costeiras. Ele produziu mais de 3.000 pinturas, aquarelas, gravuras, litografias ao longo de sua carreira e  foi um artista influente  do início do século XX.
Hassam foi considerado entre os "gênios abandonados''.
Ele morreu em East Hampton, em 1935, aos 75 anos.