quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Você conhece alguém que reclama o tempo todo? Isso tem nome, Síndrome de Calimero...


Olá meus queridos, bom dia! Eu sei que ando um pouco sumida, mas graças a Deus está tudo bem por aqui. ♥

A palavra reclamar deriva do latim reclamare, que significa “gritar ou protestar contra”. Aliás, todos nós conhecemos alguém que reclama o tempo inteiro. O psicanalista italiano Saverio Tomasella analisa esse perfil em seu livro: “A síndrome de Calimero”, que se refere à pessoa que não para de reclamar das coisas ruins que ocorrem em sua vida. Para Tomasella, há por trás disso uma dor intensa e cita como exemplo, a metáfora de uma animação italiana-japonesa da TV, com o nome de Calimero. Ela narra a história do principal personagem: um pintinho preto mal-humorado, oriundo de uma família de galináceos amarelos, que veste metade de sua casca de ovo na cabeça.

O pintinho era simpático, mas ingênuo. Passava a vida a lamentar-se, a sentir-se infeliz e injustiçado. Ficou conhecido, por dizer frases do tipo: “É uma injustiça, abusam de mim porque sou pequenino”. Assim, a síndrome de Calimero é um fenômeno contemporâneo, que culpa os outros pelas suas falhas, criando um clima de pessimismo no relacionamento amoroso, familiar, escolar, de amizade, de trabalho, etc.
O exagero dessas reclamações podem ser os reflexos da irritação causada pelo desânimo ou pelo mecanismo inconsciente de autossabotagem, onde o sujeito expõe um enredo complicado de situações que viveu ou está vivendo, a fim de que o seu sofrimento seja ouvido e considerado.
Porém, tem aquele Calimero que busca apenas dramatizar as suas emoções de modo vitimista, com o intuito de manter uma relação de dependência com as pessoas. Ele ainda gosta de apontar os erros de outrem, como uma forma de descrever a si mesmo, e por isso fica infeliz com a felicidade alheia.
Esse é um comportamento queixoso que tende a distanciar as pessoas, já que elas têm os próprios problemas. Segundo Tomasella, as queixas do Calimero escondem “feridas” que se originam de experiências traumáticas da infância, o que dispara o “gatilho” de tantas reclamações.
É por isso que durante a infância e adolescência a derrota pode servir de lição e a vitória deve ser valorizada pelos pais e pela escola, contribuindo para que o adulto se torne um ser resiliente, que é capaz de lidar e superar as adversidades, transformando as experiências negativas em aprendizado.
Na verdade, o Calimero está pedindo “socorro” e não quer prejudicar ninguém, entretanto, é necessário compreender os sentimentos e as emoções de maneira objetiva e racional do indivíduo que sofre dessa síndrome, uma vez que ele precisa de ajuda para retirar a “casca de ovo de sua cabeça,” que simboliza um trauma psicológico.
A psicoterapia também é indicada nesse caso, pois é um sofrimento resultante de um evento angustiante ou de uma grande quantidade de estresse que afeta a capacidade do sujeito de enfrentar as suas emoções, que necessitam ser elaboradas e resolvidas.
Portanto, às vezes gritar ou protestar contra algo que incomoda pode aliviar as tensões, contudo, lamentar-se, sentir-se infeliz e injustiçado a todo o momento transforma a pessoa em um Calimero, que o afastará de seus familiares, amigos e colegas de trabalho.
Por Jackson César Buonocore é sociólogo e psicanalista
No entanto, na maioria das pessoas que reclamam, há algo que está verdadeiramente quebrado e destruído. Elas também não sabem como seguir em frente ou como se reconstruir. Por esse motivo, devemos ser pacientes com elas, porque na realidade elas não querem nos prejudicar, embora possam nos cansar. Presas em suas queixas intermináveis, elas precisam ser ouvidas e acolhidas, para mostrar o quanto estão sofrendo. Para aqueles que ainda não querem explorar o seu passado e mergulhar numa psicoterapia, podem começar fazendo alguma atividade física regularmente, além de exercícios de respiração e/ou meditação, práticas de gratidão, etc. Isso vai ajudar a reduzir a tensão do dia a dia. Assim, pouco a pouco, poderão se preparar para um trabalho terapêutico.