“Cristiane, recentemente descobri que tenho um câncer, o que posso fazer? Pois perdi o meu chão!”
Olá minha queridinha! Antes de tudo, eu sinto muitíssimo por essa notícia. Receber um diagnóstico de câncer é como se o chão sumisse mesmo, vem o medo, a raiva, a confusão, a indignação, a negação e muita tristeza também, e é natural se sentir assim. Chore o que for preciso e dê-se um tempo para processar essa dor, mas saiba que você não está sozinha. Existe vida, força, tratamento e esperança mesmo nesse momento tão difícil e triste.
Às vezes, você poderá fazer certas perguntas: “porquê comigo?” Ou “ o que fiz para merecer isso?” E é normal sentir-se assim, também.
Respire fundo e busque informação segura sobre o seu caso. O primeiro impulso pode ser o desespero ou sair pesquisando tudo na internet, mas evite isso por agora. Se possível, converse com dois médicos para saber se há um consenso entre eles, sobre o diagnóstico, tratamento e todas as alternativas sobre o seu câncer. Concentre-se em conversar com eles com calma e clareza. Pedir que alguém de confiança te acompanhe nas consultas, seria benéfico para você não se sentir sozinha. Perguntar sobre tipo, estágio, tratamento, chances e cuidados, também é importante. Você não precisa entender tudo de uma vez. Vá aos poucos e com calma.
Permita-se sentir sem se culpar. Não se force a “ser forte” o tempo todo. E pense que as mudanças a partir de hoje na sua vida, fazem parte da sua cura, tente olhar tudo por esse lado. Ou seja, mudanças serão necessárias, mas para você chegar mais perto da sua cura.
Cerque-se de apoio. Fale com pessoas de confiança (família e amigos). Considere terapia com um psicólogo ou com um psico-oncologista. Ou se quiser, procure grupos de apoio com outras pessoas que vivem isso, muitos hospitais e ONGs oferecem gratuitamente esses serviços para pacientes com câncer.
Cuide do seu corpo e da sua mente. O tratamento pode afetar o físico, mas a mente tem um papel fundamental. Faça alongamentos ou leves caminhadas no seu dia a dia. Não deixe de se cuidar e se movimentar pelo menos um pouco. Saia de casa, vá ver o pôr do sol, vai te fazer bem, esteja em contato com plantas ou árvores, respire ar puro. Alimente-se bem (com orientação nutricional, se possível). Faça atividades que aliviem o estresse (meditação, oração, escrita terapêutica, músicas). Mesmo em meio ao tratamento. Há beleza, encontros e pequenos prazeres que continuam sendo seus. Desfrute-os sem culpa e também descanse. Tire momentos para descontrair e relaxar. Eu também entenderei se você quiser ficar mais tempo sozinha, nessa fase, mais reflexiva e introspectiva, é normal. E não se sinta culpada por ter essa vontade, é natural, organizar alguns pensamentos, isso faz parte da cura.
Aprofunde sua espiritualidade (se desejar). Para muitas pessoas, espiritualidade é uma fonte de esperança, consolo, fé, cura da alma e um sentido para a vida. Se você crê em Deus, ou tem uma fé, esse pode ser o momento de se conectar com ela mais profundamente.
Lembre-se: Câncer não é sentença de morte. Muitas pessoas vivem anos e décadas com câncer, outras se curam completamente. A medicina avançou muito. Cada corpo é único, e sua história também será.
Superar uma doença, seja ela física, emocional ou crônica, não é apenas vencer o sintoma, mas aprender a viver com mais presença, força e consciência. Envolve disciplina, mas também acolhimento consigo mesma, paciência e ressignificação.