A consciência, ou estado de alerta, é mantida graças ao oxigênio dissolvido no sangue, que nutre áreas do cérebro responsáveis por essa função. Existe um fluxo mínimo de oxigênio, abaixo do qual o cérebro perde seu estado de alerta. A síncope é a consequência da interrupção ou diminuição crítica da oferta de sangue e oxigênio cerebral. Deve ser diferenciada da epilepsia, que também provoca perda de consciência, mas, neste caso, por alterações elétricas primárias das células cerebrais.
A síncope ocorre em três a cada cem adultos e também pode acometer crianças nos primeiros anos de vida. A maior parte dos adultos saudáveis pode apresentar pelo menos um episódio de síncope durante a vida, sem grandes consequências. No entanto, quando esse sintoma se repete, quando ocorre na vigência de doença cardíaca ou quando provoca acidentes, deve ser investigado com rigor, pois estas são consideradas situações de alto risco para o paciente. As principais condições clínicas responsáveis pela ocorrência de síncopes são as doenças cardíacas, as neurovasculares e as disautonomias.
• Síncopes cardíacas – Podem ocorrer devido ao entupimento das válvulas do coração, das artérias coronárias, por doenças do músculo cardíaco ou ainda por alterações no ritmo cardíaco (arritmias).
• Síncopes neurológicas – Obstruções vasculares por aterosclerose (placas de cálcio e gordura que bloqueiam os vasos) ou processos reumáticos da coluna cervical. Acometem mais a população idosa e geralmente provocam síncopes durante mudanças de posição do pescoço.
• Síncopes disautonômicas – São as mais frequentes causas de síncope. O controle do diâmetro dos vasos sanguíneos, da força de contração do coração e da frequência dos batimentos cardíacos é determinado pelo sistema nervoso autônomo (conjunto de células e nervos responsáveis pela conexão entre o cérebro e os demais órgãos do corpo, cujo funcionamento é automático).
As síncopes causadas por disfunções do sistema nervoso autônomo são conhecidas como síncopes “disautonômicas”, “vasovagais” ou ainda “neuromediadas”. São síncopes reflexas, nas quais uma súbita e crítica queda da pressão arterial, com ou sem lentificação dos batimentos cardíacos, diminui bruscamente a oxigenação cerebral e provoca perda de consciência.
Quando a pessoa desmaia e cai, imediatamente esses eventos interrompem-se e a pressão arterial se restabelece. Esse tipo de síncope acomete principalmente adultos jovens e adolescentes e mais raramente crianças e idosos.
Ocorre mais frequentemente durante emoções, em ambientes abafados, multidões, permanência em pé por período prolongado, mudanças bruscas de postura, punção venosa para exames de sangue ou após um esforço físico.
A síncope requer avaliação multiprofissional especializada e geralmente necessita de múltiplos testes diagnósticos, já que muitas são as causas e muitas as possibilidades de tratamento.
O Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês dispõe de uma Unidade de Arritmia e Síncope para auxiliar o corpo clínico na investigação diagnóstica e tratamento deste sintoma, contando com ampla e moderna metodologia diagnóstica e terapêutica.
Por Denise Hachul, médica do Centro de Cardiologia do HSL