Conta-se que Xantipa, esposa de Sócrates (470-399 a.C.), possuía pavio curto.
Inquieta e irritadiça, não raro ocasionava-lhe problemas.
Certa feita, depois de azucriná-lo por ninharias, enfurecida com sua serenidade, jogou-lhe um balde d’água.
Aos amigos e discípulos que observaram aquela impertinência, ele comentou, bem-humorado:
– Depois das trovoadas sempre vem a chuva.
Reação típica do filósofo, cujo comportamento era marcado pela serenidade, mesmo diante das turbulências provocadas por aqueles que o rodeavam, particularmente a voluntariosa cara-metade.
As raízes de sua estabilidade emocional estavam nele próprio. Não dependia de fatores externos, dos humores alheios.
Rudyard Kipling (1865-1936), reportando-se às características do homem de verdade, com agá maiúsculo, destaca, no famoso poema “Se”:
Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem e te acusam disso.
Exatamente como Sócrates fazia, mesmo ao enfrentar situações bem mais graves que aquele inusitado banho.
Demonstrou isso diante da própria Xantipa, quando foi condenado a beber cicuta pelo crime de estimular as pessoas a pensar.
Ela, agitada:
– Sócrates, os juízes te condenaram à morte!
Ele, tranquilo:
– Os magistrados também estão condenados, pela Natureza. Também vão morrer!
Ela, inconformada:
– És inocente…
Ele, imperturbável:
– Querias que eu fosse culpado?
Inquieta e irritadiça, não raro ocasionava-lhe problemas.
Certa feita, depois de azucriná-lo por ninharias, enfurecida com sua serenidade, jogou-lhe um balde d’água.
Aos amigos e discípulos que observaram aquela impertinência, ele comentou, bem-humorado:
– Depois das trovoadas sempre vem a chuva.
Reação típica do filósofo, cujo comportamento era marcado pela serenidade, mesmo diante das turbulências provocadas por aqueles que o rodeavam, particularmente a voluntariosa cara-metade.
As raízes de sua estabilidade emocional estavam nele próprio. Não dependia de fatores externos, dos humores alheios.
Rudyard Kipling (1865-1936), reportando-se às características do homem de verdade, com agá maiúsculo, destaca, no famoso poema “Se”:
Se és capaz de conservar o teu bom senso e a calma,
Quando os outros os perdem e te acusam disso.
Exatamente como Sócrates fazia, mesmo ao enfrentar situações bem mais graves que aquele inusitado banho.
Demonstrou isso diante da própria Xantipa, quando foi condenado a beber cicuta pelo crime de estimular as pessoas a pensar.
Ela, agitada:
– Sócrates, os juízes te condenaram à morte!
Ele, tranquilo:
– Os magistrados também estão condenados, pela Natureza. Também vão morrer!
Ela, inconformada:
– És inocente…
Ele, imperturbável:
– Querias que eu fosse culpado?
O caminho dessa admirável estabilidade íntima está na famosa sentença do oráculo de Delfos, não raro atribuída ao próprio Sócrates:
Conhece-te a ti mesmo.
Respondendo a uma indagação de Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, questão 919, o Espírito Santo Agostinho revela que desvendaremos o continente interior com a análise diária de nossas ações.
É fundamental identificar o que há de certo ou de errado em nós, aprendendo a cultivar acertos e eliminar desacertos.
Há quem busque ajuda alheia, nesse mister, envolvendo profissionais de saúde, religiosos, amigos de boa vontade…
É válido, sem dúvida, mas melhor seria eleger um roteiro preciso, como um mapa que nos permita devassar os refolhos de nossa alma.
O mais precioso, o mais perfeito, todos o sabemos, é o Evangelho, em que Jesus define e exemplifica os caminhos que devemos seguir.
É preciso investir alguns minutos diários no confronto entre nossos impulsos e a orientação evangélica. E que apliquemos a mesma desenvoltura e rigor com que julgamos o comportamento alheio.
Poderíamos começar pelos “baldes d’água” que nos jogam, quando as pessoas nos contrariam ou nos atingem com leviandades.
O que faria Jesus em nosso lugar?
Lembramos a sua recomendação em O Sermão da Montanha (Mateus, 5:44):
… orai pelos que vos perseguem e caluniam.
Não se trata de mera retórica.
Foi exatamente o que fez Jesus, na suprema injúria da Cruz, quando, elevando o pensamento a Deus, rogou:
– Pai, perdoa-lhes. Não sabem o que fazem.
Emocionalmente não seremos afetados se, em todas as circunstâncias, nos dispusermos a orar pelos que nos injuriam.
Complicado, não é mesmo, leitor amigo?
Contrariar o impulso de jogar uma geladeira em cima do ofensor e, ainda, orar por ele!
Um amigo, homem generoso e dedicado à Doutrina Espírita, explicava:
– Sou cheio de defeitos. Um deles é não levar desaforo para casa. Se alguém me ofende, peço licença a Allan Kardec e suspendo, temporariamente, a fé espírita. Apenas alguns minutinhos, suficientes para colocar o atrevido em seu devido lugar, dizendo-lhe “poucas e boas”!
Nosso querido codificador há de agitar-se na sepultura, ante disparates dessa natureza.
Como justificar semelhante atitude quando prestarmos contas de nossas ações, no retorno à Espiritualidade?
Alegaremos que não sabíamos, que não tínhamos noção de que um comportamento assim é desastroso?
Certamente, esse juiz severíssimo – nossa consciência – não aceitará tal argumento, porquanto a ênfase da Doutrina Espírita está na reforma íntima, que implica em superar tais reações, típicas da inferioridade humana.
Imperioso, nessas situações, além de orar pelos que nos ofendem, pedir por nós mesmos.
Rogar ao Céu, ardentemente, que trave nossa boca, a fim de não nos comprometermos com destemperos verbais.
Livro: Abaixo a Depressão, de Richard Simonetti