Quem tem medo da morte? Nunca cruzei com alguém que o
tenha. Mas quase todo mundo com quem cruzei tem medo da vida.
Esqueça o medo da vida...Ou você tem medo ou você vive — a
decisão é sua. E o que há para temer? Não há nada que possa
perder. Você só tem a ganhar.
Esqueça todos os medos e mergulhe de cabeça na vida.
Só o passado não vivido é que se torna um fardo psicológico.
Deixe-me repetir: o passado não vivido, aqueles momentos que você
poderia ter vivido, mas não viveu. Os casos de amor que não
existiram, que você deixou passar...Aquelas canções que não cantou,
porque estava ocupado com alguma coisa boba...É o passado não
vivido que se torna seu fardo psicológico e fica cada vez mais pesado a
cada dia que passa.
E por isso que o idoso fica tão rabugento. Não é culpa dele. Ele
não sabe por que é tão rabugento — por que tudo o deixa irritado, por
que está sempre zangado, por que não pode deixar que os outros
sejam felizes, por que não gosta de ver as crianças dançando,
cantando, pulando, festejando. Por que ele quer que todo mundo
fique quieto? O que há com ele?
Trata-se, simplesmente, de um fenômeno psicológico: toda a
vida que ele não viveu. Quando ele vê uma criança dançar, sua criança
interior sofre. Sua criança interior foi, de alguma forma, impedida de dançar — talvez pelos pais, pelos mais velhos, talvez por ele mesmo,
porque era respeitável, honrado. Ele foi levado à presença dos
vizinhos e apresentado: "Olhem que criança mais quieta, calma,
silenciosa. Não atrapalha, não faz travessuras." O ego dele era
massageado. De qualquer forma, ele saiu perdendo. Agora não
suporta mais isso, não consegue tolerar essa criança. Na verdade, é a
sua infância não vivida que começa a doer. Deixou uma ferida.
E quantas feridas você está carregando? Milhares de feridas
ainda doem, pois quanta coisa você deixou de viver?
Seja a favor da vida. Vida é sinônimo de Deus. Você pode
esquecer a palavra "Deus" — a vida é Deus. Viva com reverência, com
grande respeito e gratidão. Você não conquistou esta vida: ela é um
mero presente do além. Sinta-se grato e reverente. Abocanhe o
máximo que puder, mastigue bem e digira tudo muito bem. E desfrute
a vida de todas as maneiras possíveis — viva o bom e o ruim, o doce e
o amargo, o escuro e o claro, o inverno e o verão. Viva todas as
dualidades. Não tenha medo da experiência: quanto mais experiência
você tiver, mais integrado ficará.
Do Livro: Faça o seu coração vibrar, de Osho