Olá meus amores, boa noite! Uma pessoa me escreveu lá nos e-mails, pedindo meu conselho de como superar um amor que acabou? Pois já faz dois anos que acabou e a pessoa não encontra um sentido na vida, já tentou outros relacionamentos e foi em vão. Não consegue seguir em frente. Não consegue esquecer e enfim, ficou dentro de um relacionamento durante seis anos. Vou ajudá-la.
Olá pessoa querida, quanto ao que você me escreveu, o tempo será o seu grande aliado. É aquilo que dizia Caio Fernando Abreu: “Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo, há então uma morte anormal. O nunca mais de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter nunca mais quem morreu. E dói mais fundo - porque se poderia ter, já que está vivo.” Muitas das vezes e isso eu já vi acontecer, as pessoas sofrem mais quando perdem um relacionamento - que poderia ter sido, e não foi - do que o sofrimento de perder alguém por morte. Toda separação é a elaboração de um luto, por isso que dói muito, dói a cabeça, dói o corpo todo… e toda essa dor, requer tempo para lidar, porque além da dor física, há a dor psíquica. O sofrimento nesses casos é até maior, porque você sabe que a pessoa está viva, mas ela escolheu seguir em frente sem você, e essa dor dói muito, porque houve promessas não cumpridas, vida, sonhos e projetos interrompidos. Há estudos que comprovam isso. Chico Buarque fez uma música que já foi tema de dissertações e teses sobre a separação, chama-se ''Atrás da Porta'', é uma letra bem angustiante para quem está enfrentando a dor de uma separação, dentro de um casamento. Num primeiro momento, eu te aconselharia a dar um tempo nas redes sociais da pessoa, não ficar stalkeando, principalmente se a pessoa que você gosta, está lá, postando fotos e mais fotos, todos os dias, para você não ter gatilhos emocionais. Se for o caso, procurar um bom terapeuta, para te ajudar nesse processo de autoconhecimento, para você identificar se é mesmo amor, ou é uma dependência emocional, carência afetiva, ou um medo da solidão, pois isso acontece com muita frequência. A princípio, a pessoa achava que era amor, mas no meio do processo percebe que tem saudade da rotina, da vida em comum com a outra pessoa, do dormir “de conchinha” e não necessariamente, da ''pessoa em si''. Entende? Aqui, está presente a angústia, o apego e uma incapacidade de ficar sozinha. Um outro ponto importante, é estar aberto e receptivo para novos relacionamentos, sair mais, se divertir, ir a shows, festas, eventos... para conhecer novas pessoas, fazer novas amizades, ou quem sabe, se matricular em cursos presenciais, academia, aulas de dança, etc. E não se sinta culpado de querer falar do passado ou querer lembrar das fases que vocês tiveram juntos, às vezes falar é necessário para se curar. Falar é importante para não adoecer. Fale com algum amigo, pois falando, você se escuta e se escutando, poderá organizar seus pensamentos e sentimentos. Quero que você reflita sobre o que você disse: “não consigo parar de correr atrás, mesmo sabendo que acabou e todas as vezes sendo menosprezado”. Eu vou explicar o que pode estar acontecendo, mas é claro que uma terapia seria ideal, pois cada caso é único… vou falar de uma maneira simples para que você possa entender, porque tudo na psicologia é meio complexo e profundo, mas vou tentar explicar de uma maneira simples… isso é uma compulsão. O seu Eu sofre, sim ele sofre e muito, mas para o seu inconsciente isso é um “gozo”. Sim, foi isso mesmo que você leu, para o seu inconsciente, isso tudo é muito prazeroso. Por isso, que às vezes, você se sente num looping sem fim, nos mesmos padrões repetitivos de comportamentos e não consegue sair. O inconsciente “prega muitas peças em nós”, ele é uma parte da mente que contém pensamentos, emoções e memórias que não estão disponíveis à consciência imediata. Sua função é proteger o indivíduo de informações que seriam dolorosas ou ameaçadoras. O desejar ou o desejo estão lá no inconsciente, já a -vontade e o querer- estão na consciência. Por isso, que muitas vezes, a pessoa quer uma coisa e faz outra, completamente diferente. Será que você me entende?
Vou lhe contar uma história para clarificar: uma pessoa namora uma outra muito ciumenta, controladora, manipuladora, eles brigam e voltam, brigam e voltam, brigam e voltam. Por quê? Geralmente, porque inconscientemente, esse controle que uma pessoa exerce sobre a outra, satisfaz seus desejos inconscientes. Então, a pessoa “precisa, necessita” de ser controlada, ela tem um masoquismo inconsciente nela mesma, que sente prazer em ser dominada, controlada, tolhida e manipulada. A nível inconsciente, não há perdas, há ganhos… de desejos inconscientes que estão sendo satisfeitos. Já num nível de consciência, só há dor e sofrimento para o Eu. Não sei se consegui ser clara, mas explicar é difícil. É por isso, que nesses casos, e em tantos outros, não cabe aqui nenhum julgamento. E sim, entender como funcionam esses processos inconscientes, e essas dinâmicas. Já dizia Jung: “Até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir a sua vida e você vai chamá-lo de destino.”
E como tratar isso? Através da terapia. Isso é um tipo de compulsão e toda compulsão precisa ser tratada com um certo distanciamento. Se você é um viciado em álcool por exemplo, e quer se tratar, você vai evitar festas e bares durante um bom tempo, até se curar completamente e nunca mais beber. E esse processo será fácil? De jeito nenhum, virá a crise de abstinência, terá recaídas, dor, sofrimento, precisará do apoio psicológico, da família, amigos… terapia em grupo, e decidir sinceramente, com o seu coração, não querer mais chegar perto do álcool e ter consciência de ser uma pessoa autodestrutiva. Certo? Em todos os processos de compulsão, você terá que se distanciar do seu vício. O que eu quero dizer com isso? Que toda mudança, vem com novos hábitos e comportamentos. Mudanças de pensamentos, atitudes e muita vontade de se curar, parar de ser autodestrutivo e parar de se sabotar. O primeiro passo é querer distanciar-se. Pois você é um viciado na outra pessoa. E você precisa conscientizar-se disso para mudar essa situação.
Um dia de cada vez, um passo de cada vez, “só por hoje, não vou mandar mensagem. Só por hoje, não vou stalkear, só por hoje, não vou perguntar da pessoa para os amigos, só por hoje não vou falar mais sobre a pessoa… Só por hoje não vou mais procurá-la…” E os dias vão passando, passando, passando. E num belo dia, você acorda… e sente que aquilo não te incomoda mais, não te deixa mais tão triste, não te faz chorar, você não é mais o mesmo… está diferente, e pode falar sobre aquilo sem tanta dor. Você está se curando. Tudo é um processo e eu lhe digo, tenha paciência com o seu processo. Muitas das vezes, a dor chega na nossa vida, porque precisamos amadurecer de uma forma ou de outra. Então, sempre que a dor chegar lembre-se de fazer essa pergunta: “o que eu preciso ser, fazer, sentir, ou mudar para me tornar uma pessoa melhor, diante dessa tempestade?” E a palavra de ordem nesse caso é: aceitação. Pois se o outro quis ir embora, não há muito a se fazer. Para você não adoecer, precisará aceitar e deixar ir… Você também me perguntou: “como eu faço para esquecer?” Esquecer talvez você não consiga, mas deixá-la no passado, onde ela queira ficar, talvez seja a melhor forma de você conseguir a sua paz. Amar por dois é impossível. Nessas horas, invista em você e na sua saúde mental. Espero ter ajudado de alguma maneira. Quando você quiser fazer alguma loucura… inspire e expire 30 vezes ou vai fazer um Ho’oponopono… ok? 🧘🏻♀️🙏 😘 Bjs no seu coraçãozinho e acalme-se!
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