Como é que funciona a escrita terapêutica? Para responder essa questão, vou falar um pouquinho sobre o inconsciente. Imagine o inconsciente não como um lugar, mas como um modo de processar e elaborar situações traumáticas. É uma analogia aqui para que você entenda. Você tem uma gaveta bem bagunçada, e lá você guarda algumas mágoas, ressentimentos, emoções, sensações, vontades, alguns fragmentos (de pensamentos, de situações traumáticas, como feridas, dores, experiências, vivências, etc) eles ficam lá guardados nessa gaveta, e você não quer olhar o que tem dentro dela. Tudo aquilo que você reprime em você, ou não quer aceitar, resisti, suas negações, vai para essa gaveta (que é o inconsciente). Há coisas que você sabe que precisa jogar fora, tirar algumas coisas velhas, mas você vai adiando. E às vezes, nessa gaveta está a raiva, a angústia, o medo, a melancolia, a tristeza… etc Essa gaveta seria muitos dos fragmentos. E nesses casos, a escrita terapêutica pode ajudar. Se abra, olhe para os seus sentimentos, sensações, emoções e vontades. Coloque no papel tudo aquilo que você deseja ou gostaria de falar, colocar para fora, mas não sabe como… isso irá te ajudar. “Ah, mas eu não sei o que escrever!” Não se preocupe com isso, escreva o que vier na sua cabeça… Você não sabe, mas o seu “Eu essencial” sabe. O que te atormenta? Quais as feridas que você carrega desde a sua infância? O que você gostaria de ter falado e não falou para alguém? Quais são os seus anseios hoje? Quem você precisa perdoar, resolver pendências emocionais? Esse é um exercício terapêutico que pode ajudar aqueles que querem se expressar, colocar para fora algo, mas não sabem como. Depois leia com atenção tudo o que você escreveu. E se quiser rasgue e jogue fora. Ou entregue para a pessoa que você quiser ou leia com alguém. Organize a sua bagunça interior, através da escrita terapêutica. Pode apostar que por mais que seja um exercício difícil e muitas vezes, doloroso para alguns, depois disso, com o passar dos dias, virá um alívio, ressignificação, início da compreensão, sentimentos de bem-estar e libertação. Tente, experimente, seja sincero com você, com suas emoções, sentimentos, sensações, desejos e anseios. E mãos à obra. Jung dizia: “Aquilo que você resiste, persiste.”
Carlos Drummond de Andrade dizia: “Um dia desses, eu separo um tempinho e ponho em dia todos os choros que não tenho tido tempo de chorar.”
Eu tenho tantas cartas, e algumas delas escrevi para Deus… E a pergunta mais recorrente é: Por que teve que ser dessa maneira? Não poderia ter sido mais fácil? 🥲 Mesmo sabendo sempre a resposta, que é “Não, não poderia. Sem isso, você não cresceria e nem amadureceria.”