Olá meus queridos, tudo bem com vocês?
Eu espero que sim.
Acho esse assunto sobre trauma bem pertinente, porque alguns sempre questionam: “ah, mas a minha infância foi muito boa, meus pais me deram de tudo, eram bons pais… enfim.
Muitas vezes quando pensamos em trauma podemos pensar apenas em abuso, negligência, violência, abandono, rejeição… etc. E claro que essas coisas podem ser consideradas bem traumáticas. Mas nem sempre o trauma é tão evidente assim.
O trauma é bem mais complexo do que isso. Às vezes ele pode ser muito sutil, silencioso e quase imperceptível e mesmo assim, deixar marcas bem profundas. O trauma não vem apenas das coisas ruins que nos acontecem, ele também pode vir das coisas boas que não aconteceram, dos sonhos e das expectativas que não se realizaram. Todo trauma abala o sentimento de segurança e o sentimento de pertencimento do indivíduo.
Há vários tipos de traumas: o trauma de evento único, que acontece uma só vez na vida, como por exemplo: um acidente grave, um assalto, um divórcio, etc. Mas também que foi suficiente para abalar toda a estrutura psíquica. E o trauma complexo, que é aquele que se forma ao longo do tempo por meio de experiências repetitivas como estresse, invalidação, frustrações, injustiças, brigas, discussões, desrespeito, falta de apoio, zelo ou acolhimento. E esse segundo tipo, é o mais experimentado pelas pessoas e elas quase nem percebem.
Então, o trauma pode nascer de um acontecimento marcante e bem pontual, ou de vários acontecimentos sutis e imperceptíveis, mas que vão se repetindo durante um longo período de tempo. Há também o trauma geracional, esse é aquele trauma aprendido, passado de geração a geração… com vários tipos de crenças limitantes, pensamentos arcaicos, preconceituosos… com tabus; e a parentificação, é quando um membro da família desempenha um papel que não é o dele, responsabilidades que não são suas e isso pode gerar um trauma, baixa autoestima com sentimentos de que não é amada pelo que é, mas é amada pelo o que faz; por exemplo: uma criança, cuidando dos seus irmãos menores, sendo obrigada a desempenhar um papel de pai ou de mãe, que não é o seu, e carregando responsabilidades emocionais que não são suas, e ainda levar bronca, se algo acontecer com os menores. Adultos que foram parentificados podem ter dificuldades nos seus relacionamentos, não conseguir estabelecer limites ou não externalizar suas emoções ou sentimentos.
E aqueles que foram obrigados a trabalhar em tenra idade, é a mesma coisa… tiveram a sua infância roubada. Quando tornam-se adultos, eles trazem dentro de si um anseio de que precisam cuidar de todo mundo da família, não podem sair do controle, são o amparo, não podem errar, precisam fazer tudo certo e carregam o mundo nas costas… muitas vezes desenvolvendo apegos desorganizados na vida, ou relacionamentos um pouco difíceis, por não conseguirem demonstrar o que sentem, e por querer estar sempre no controle da situação. Talvez expressem amor de outras maneiras, por exemplo: não deixam faltar nada dentro de casa, mas tendem a ser mais distantes emocionalmente, pois foram ensinados a engolir o choro e a não externalizar as próprias emoções, quando eram crianças.
Aonde eu quero chegar com essa postagem? Que há dentro de nós, um ou mais traumas, e que muitas vezes, eles estão lá, sem que saibamos.
Alguns escutam isso desde criança: “você tem tudo, então por quê está sofrendo tanto?” Muitos não entendem, acham que os bens materiais são mais importantes do que presença, afeto, amor, carinho, compreensão e cuidado.
E muitos não sabem nem nomear o que estão sentindo hoje em dia, porque suas dores emocionais, não foram validadas por aqueles que estavam mais próximos. E muitos além de não saber o que sentem, também tem dificuldade de pedir ajuda. Apresentando hoje, dentro dos relacionamentos apego desorganizado, apego inseguro, ou apego evitativo.
Apego desorganizado - as pessoas com esse apego tendem dificuldades em lidar com as emoções intensas, apresentando ora intimidade, ora retraimento e muitas vezes oscilando o humor com explosões sentimentais. Podem estar constantemente ansiosos, insatisfeitos e muitas vezes sentem que não são bons o suficiente.
Apego inseguro - as pessoas com esse apego têm dificuldades em construir relacionamentos de intimidade, confiança e segurança, pois não lidam bem com as suas emoções e tem dificuldades de expressá-las. Costumam não confiar em si mesmo e nem nos outros.
Apego evitativo - as pessoas com esse apego desejam conexão e intimidade, mas quando o relacionamento vai ficando mais sério, afastam ou fogem. Oscilam entre independência/ autossuficiência e segurança, mas vivem com medo do abandono e da rejeição.
O trauma nem sempre é uma experiência óbvia, ele pode deixar marcas bem sutis de autossabotagem, insegurança, invalidação, medo de perder algo ou alguém, não confiar plenamente nas pessoas ou evitar relacionamentos pessoais, etc. Mesmo que esquecemos de vários acontecimentos dolorosos na nossa vida, isso não significa que a ferida ainda não esteja lá. O objetivo disso tudo é que você reconheça seus traumas e possa dar um novo significado aos seus sentimentos a partir de hoje. Você tem todo o direito de expressar as suas emoções e pedir ajuda, quando for necessário.
Bjs, meus amores, fiquem bem! ❣️🌻🫶🏻