“A vida não começa no sim,
nem termina no fim.
Ela mora é no meio da travessia,
na poeira dos caminhos,
no silêncio que a gente aprende a ouvir
quando já cansou de gritar.
Tem dia que esquenta,
tem dia que esfria.
A vida é assim mesmo:
espremida entre o aperto e o alívio.
E o que ela quer da gente, no fundo,
é coragem.
Coragem de mudar de ideia.
De perdoar.
De ficar sozinho por dentro até o eco virar resposta.
Coragem de se ver, e de se perder um pouco pra se achar melhor depois.
A gente não sabe quase nada,
mas desconfia.
E nessa desconfiança mora uma sabedoria mansa,
que vem de quem já andou demais,
e ainda assim não corre.
Porque a felicidade, essa danada,
não é anunciada.
Ela escorrega pelas brechas,
só vem quando a gente descuida,
num café morno, num riso bobo,
num amor que não precisa se mostrar bonito pra ser bonito.
E o amor, ah…
Esse amor que não grita,
não cobra,
não exige ter razão.
Esse amor é saúde.
É o que salva a gente da loucura do mundo.
Então vai.
Anda mais um pouco.
Com raiva contida e coração atento.
E lembra sempre:
o que importa não é chegar inteiro
é não esquecer de sentir enquanto se atravessa.” 🌻
Inspirado na obra de Guimarães Rosa