Essa frase de Caio F. Abreu, é um retrato poético das fragilidades humanas, diante do amor. As flores representam o esplendor, o auge de uma fase em que tudo parece brilhar. Elas encantam pela cor, pelo perfume e pela beleza que oferecem aos olhos. É nesse momento de abundância que muitos se aproximam, atraídos pela vitalidade e pela energia de quem floresce e se apaixonam.
Mas o ciclo da vida não se resume à primavera. Inevitavelmente, chega o outono, com seus ventos que derrubam folhas e transformam a paisagem. Essa estação carrega o símbolo da mudança, da transição e da perda do que antes era exuberante. No campo das relações, ela representa os períodos de fragilidade, de silêncio, de vulnerabilidade. E é justamente aí que muitos não sabem como permanecer, muitos casais se distanciam ou se separam, entediados pela rotina.
O amor genuíno, no entanto, não se restringe às flores. Ele reconhece que a essência de uma árvore não está apenas no que ela mostra ao mundo, mas também em suas raízes invisíveis, em sua força silenciosa, em sua capacidade de renascer após cada estação. Amar de verdade é compreender que ninguém pode estar em permanente primavera. Todos nós atravessamos fases em que não temos flores para oferecer, em que o cansaço pesa e a beleza não é evidente.
Aqueles que se apaixonam apenas pelas flores costumam se decepcionar diante do outono. Não compreendem que a queda das folhas é necessária para o renascimento. O encanto passageiro se desfaz porque não havia preparo para lidar com o real: a impermanência e as profundezas do amor. E assim muitas relações se desfazem, não por falta de amor, mas por falta de maturidade para amar.
Amar, afinal, não é apenas se deslumbrar com o que é belo. É permanecer quando as cores se apagam, é segurar a mão quando o outro já não sabe sorrir, é regar mesmo quando o solo parece árido. É compreender que as estações se sucedem e que, depois do outono e do inverno, a primavera inevitavelmente retorna.
Essa reflexão nos convida a repensar nossas expectativas sobre o amor. Queremos um amor que se alimente apenas das flores ou um amor capaz de atravessar todas as estações? O primeiro é efêmero, condicionado às circunstâncias; o segundo é duradouro, enraizado na aceitação do outro em sua totalidade.
Somente quem aprende a amar o outono em nós, as vulnerabilidades, os silêncios, os dias cinzentos, pode merecer novamente a beleza da primavera. Amar, é um exercício de paciência e fidelidade ao ciclo natural da vida, que nunca deixa de se renovar para aqueles que sabem aguardar a volta da primavera.
Portanto, muitas vezes, as pessoas se encantam pelo que é aparente: o sorriso fácil, a alegria contagiante, a beleza exterior, a extroversão, mas esquecem de olhar para a essência do outro… suas fragilidades, vontades, imperfeições, sentimentos, necessidades e profundezas. Assim, a frase nos convida a refletir sobre que tipo de amor estamos buscando e oferecendo para o outro? Um amor fugaz ou um amor que perdure todas as estações? Pense nisso! 🌸
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