A sombra é um dos conceitos mais importantes desenvolvidos por Carl Gustav Jung dentro da Psicologia Analítica ou Psicologia Junguiana, uma das especialidades do conhecimento psicológico que aprofunda a Psicanálise, criada por Sigmund Freud.
Este aspecto do ego humano é fundamental na conquista do aprimoramento da personalidade integral do Homem, ou seja, de sua individuação. Isto não ocorre sem a inclusão da sombra no mar de sua consciência, o ser não cresce, não completa este trabalho, o desenvolvimento do ‘eu’. Segundo Jung, a natureza sombria foi legada à Humanidade, pelos estágios mais primitivos da existência, ao longo da jornada evolutiva empreendida pelo ser humano.
Geralmente, porém, as pessoas têm medo de olhar para si mesmas, de se verem como realmente são, e assim transmutar o que pertence ao campo das sombras. Normalmente o Homem prefere projetar no outro aquilo que ele rejeita em si mesmo, daí a importância de analisar com lucidez os aspectos da própria personalidade que são comumente transferidos para outras pessoas e situações.
O ângulo escuro do ser, as trevas que ainda residem na alma, o que cada ser tenta esconder de si mesmo, carece, segundo a Psicologia Analítica e a Psicologia Profunda, ser conhecido, iluminado, para que se possa vencer e transcender estes conteúdos. Esta árdua tarefa deve ser realizada no âmago do Homem, que para isso precisa despertar no seu íntimo suas forças mais maléficas – pois a sombra também se revela, muitas vezes, sob terríveis aparências -, exilando-as de sua alma ao enfrentá-las com a luz da consciência.
O ser humano sempre temeu sua própria sombra, pois nela pressente a presença de tudo que, na verdade, desejaria esquecer ou fingir que nunca existiu. Mas sem a conscientização da natureza sombria não há processo de individuação que se sustente. É importante também perceber que este movimento de transformação é constante, pois uma vez que admite a existência da natureza sombria em seu interior, o Homem terá que lutar incessantemente contra ela, pois enquanto ele tiver o livre arbítrio, que pressupõe a escolha, algo será sempre relegado à margem, ou seja, ao âmbito da sombra.
Neste sentido, o indivíduo terá invariavelmente a companhia da sombra em sua viagem evolutiva rumo à individuação. E terá que derrotar sem cessar seus medos e tudo mais que o impeça de trazer à esfera da consciência o que está na periferia da psique, partindo constantemente da percepção de sua natureza sombria. Os sonhos podem contribuir muito para isso, muitas vezes constituindo o primeiro passo no processo de admissão da presença deste atributo negativo do ego, que pode igualmente se revelar positivo ao conferir intensidade à criatividade, à inspiração e a todas as emoções que envolvem o processo da criação.