Anotar na agenda mental: reler Fernando Pessoa, principalmente Alberto Caeiro, (em anexo poema de Ricardo Reis); re-ouvir Terra de Caetano; reler aqueles poemas zen póstumos de Cecília Meireles.
Ou não reler nem ouvir nada.
Pegar as pedras fortemente, apertá-las contra o peito, comprimir a cabeça e o corpo inteiro contra as árvores, pisar descalço na terra, colocar balas e doces (sempre em número impar) ao pé das árvores grandes para os duendes e devas e erês comerem e ficarem teus amigos, deixar na cabeceira toda noite copos de água com açucar para as fadas virem beber de madrugada.
Acender velas para chamar luz, jogar rosas amarelas nas águas dos rios para Oxum.
Coisas assim: ritualizar, para dialogar com o mistério.
Para que ele te/nos proteja.
Coisas claras, panos brancos, incensos e flores.
Purificar, purificar o que na essência da nossa condição humana é pura e medonha treva de desconhecimento de todos os porques.
Caio F. Abreu - Cartas, SP 10.09.91 a Maria Lídia Magliani , pág 196