Esse livro é mais um convite da autora para reflexões infinitas. Afinal, por qual motivo insistimos em deixar tudo mais confuso? Mais difícil? Menos acessível e tolerável?
As respostas não estão no livro. Estão dentro de nós. A autora só nos ajuda a encontrá-las por meio de relatos pessoais, troca de e-mails com os seus leitores, indicações de obras e observações do dia a dia. Tudo em uma linguagem amigável, com um vocabulário diversificado e de fácil identificação.
Entre tantas coisas boas, destaquei cinco trechinhos:
“A dor nas costas vem das costas, a dor de estômago vem do estômago, a dor de cabeça vem da cabeça. E sua dor existencial, vem de onde? ” Crônica: De onde vem a nossa dor
“...vale adotar desde cedo uma postura mais equilibrada entre a vida pessoal e a profissional, começando por essa questão de identidade: você não é o que você faz para ganhar dinheiro, você é o que você faz para ser feliz” Crônica: O que você vai ser quando crescer?
“Amar é doar. Não vem do doer ”– Crônica: Viciados em companhia
“Te desejo toda a felicidade que puder aguentar.'' Foi com essa frase que uma pessoa que gosta de mim, encerrou seu e-mail, e fiquei petrificada diante do computador, um pouco pela explosão de gentileza de alguém que nem conheço e outro tanto pela contundência que me fez pensar: quanta felicidade eu aguento? ”
E aí Martha vai discorrer sobre o tema felicidade, que é um deleite.
Da crônica: Quanta felicidade eu aguento
“O bem estar vem de onde? Óbvio: da convivência com amigos, de relações saudáveis, de não permitir que frustrações e ressentimentos virem a tônica da vida, de não reagir com exagero diante de insignificâncias, da valorização das miudezas grandiosas do cotidiano, de sentir-se disponível para o novo e o diferente a fim de enriquecer a própria existência, mantendo uma espiritualidade básica que envolva a generosidade, a compaixão, a tolerância (não é obrigatório ter religião para isso). Mais: de aceitar as mudanças, de trocar de perspectiva quando estiver obcecado com algo, de buscar a evolução da mente... ” Crônica:Tão Óbvio
Nessas cem crônicas, transbordam a perspicácia, o olhar atento, o bom humor, a leveza e a sensibilidade aguçada de uma das escritoras que melhor nos entende. Espero que esse seja o seu próximo livro de cabeceira, combinado?