Não sei você, mas eu leio Gabito Nunes, Pablo Neruda, Martha Medeiros, Paulo Leminski, Mia Couto...
Não sei você, mas eu nunca sei para onde estou indo e mesmo assim, insisto no caminho. Perco-me nos espaços. Tenho medo de altura.
Não sei você, mas eu acordo de bom humor, tomo café as pressas, uso de uma riqueza exagerada de detalhes sem nenhuma importância para contar um fato simples, faço várias coisas ao mesmo tempo e consigo dar conta pelo menos da metade.
De você eu ainda não sei, mas eu não tenho juízo. Não sou adepta ao acaso. Tenho sonhos absurdos e sinceramente nesse momento não tenho certeza se dentro de mim há uma criança curiosa ou um adulto insatisfeito...
Não sei você, mas eu curto bossa nova de Caymmi e Vinícius (que agora já não é tão nova) a MPB de Caetano, Chico, Elis, as invenções da internet e tenho como melhor companheiro alguns livros na cabeceira da cama, com páginas dobradas, algumas marcações e vários suspiros.
Não sei você, mas choro em dramas cinematográficos, sou adepta a uma ginástica no exato momento em que meu velho e bom jeans fica apertado...
Não sei você, mas eu tenho medo de escuro e muito mais de morrer sem ter feito tudo que eu desejo, encarno várias facetas sem lamentos, atrapalho-me com nomes, não sei fazer rimas e o restante eu sempre deixo para a próxima sexta-feira.
Não sei você, mas eu não me entendo e acho que isso não faz mal algum. Transcrevo apenas algumas interpretações das fases que vivi e o restante deixo desaguar. No mais eu tenho uma profunda devoção a tudo aquilo que me faz bem e nessa eu acredito em anjos, energia abençoada da natureza e no sagrado de todo humano...
Não sei você, mas eu ainda acredito na lua, no sol nas estrelas e acho fenomenal a gente sonhar sem saber onde vai chegar.
Não sei você, mas eu faço de conta que a lua é dos enamorados. Que a vida não é um oceano para lamentações. Que o amor acontece a qualquer horinha e coração nunca está pronto.
Não sei sobre você, mas eu invento, me esforço, faço apelos e guardo tudo na memória, faço promessas para que nunca morra a pulsação no corpo que nos leva a sonhar. Não sei você, mas eu encontro dentro de mim, um repertório novinho de coisas para viver.
Não sei você, mas eu acho que no final tudo vai acabar bem. E se o final é próximo ou distante isso é para outra pessoa, porque eu sou apenas aprendiz de ilusões."
Ita Portugal