Cada um sabe o que traz na bagagem. E ninguém tem visão de Raio X _como na esteira do aeroporto_ para desvendar o que vai dentro do outro. E mesmo tentando explicar, é difícil compreender. Porque somos complexos até para nós mesmos. Assimilamos distorções e colecionamos traumas, que culminam nas horas mais impróprias: um encontro inusitado, um filme bobo, um tropeção sem importância. E choramos "sem motivo", surtamos sem "razão", nos declaramos "do nada"...
... Sobreviver é reconhecer novas chances, novos recomeços, novas possibilidades.
Entender que uma janela se fecha enquanto uma porta se abre; entender principalmente que se fixar no cadeado sem chaves é perda de tempo, talvez burrice.
Então você se dispõe a recusar o papel de vítima; e aprende a desdenhar qualquer emoção ególatra…
Finalmente você percebe que é único. E algumas questões pertencem somente a você. Exclusivamente. E, se estar à flor da pele por motivos aparentemente banais faz de você quem é, apenas aceite. Aceite e toque seu barco sem perder a fé, acreditando que todo mundo tem uma bagagem também_ algumas mais leves, com rodinhas ultra deslizantes; outras pesadas, com a alça desabando…
Porém, haverá um momento_ quando você menos esperar_ que não estará tão pesado assim. Nem difícil. Estará apenas mais adaptado ao seu corpo, ao seu tamanho, às suas forças… a você.
Fabíola Simões