TDAH é uma sigla que representa o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Trata-se de um transtorno do neurodesenvolvimento. As características centrais são a dificuldade em regular a atenção e controlar impulsos e hiperatividade. O TDAH é uma síndrome de base genética bastante relevante. O Déficit de atenção está relacionado com a regulação de um determinado conjunto de funções cerebrais e comportamentos relacionados. Essas operações cerebrais são coletivamente referidas como “habilidades de funcionamento executivo”. Incluem funções importantes como atenção, concentração, memória, motivação e esforço, aprendizagem a partir dos erros, impulsividade, hiperatividade, organização e habilidades sociais. Existem vários fatores contribuintes que desempenham um papel nesses desafios, incluindo diferenças químicas e estruturais no cérebro, bem como genética.
Pesquisas apontam que aproximadamente 5% dos adultos têm TDAH. Isso representa mais de 10 milhões de pessoas no Brasil. Ocorre em homens e mulheres e, na maioria dos casos, persiste ao longo da vida, não estando limitado a crianças. Uma vez que o TDAH é uma condição neuro-comportamental, não há cura e a maioria não supera. Aproximadamente dois terços ou mais de crianças com TDAH continuam a ter sintomas e desafios na idade adulta que requerem tratamento.
Existem diferentes subtipos de TDAH (desatento, hiperativo e combinado), e cada pessoa tem um perfil cerebral único. Como com qualquer outra coisa, nenhuma pessoa com TDAH é exatamente a mesma e todos experimentam TDAH a sua maneira.
Muitas crianças com Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) desenvolvem sintomas da desordem antes de entrarem na escola. Mas, é na escola, quando eles manifestam dificuldades para atender expectativas relacionadas a crianças da idade, que os diagnósticos começam a ser formados.
O TDAH é a primeira questão a ser levantada quando o comportamento ou as notas estão problemáticas. As situações são bem conhecidas: a criança não consegue ficar sentada, “grita” respostas sem aguardar sua vez, não consegue fazer as lições de casa ou fica sonhando acordada enquanto o professor passa as instruções das tarefas. Estes são sintomas bastante comuns no transtorno.
Claro que estes comportamentos podem ser resultado de outros fatores, que vão da ansiedade ao trauma. Muitas vezes, sintomas similares ao TDAH podem surgir apenas pelo fato de a criança ser um pouco mais nova do que os colegas e, portanto, menos madura.
Por isso, é fundamental que professores e pais conheçam e compreendam como o TDAH se manifesta em sala de aula.
Observar as crianças com cuidado é especialmente importante quando elas são pequenas demais para articularem como estão se sentindo. Manter um olho atento sobre as crianças é relevante não apenas porque afeta a capacidade de aprendizado (dos colegas também), mas como também a vida social e emocional do jovem.
Quando os pequenos começam a fracassar ou ter grandes dificuldades na escola por um período de tempo extenso, a frustração pode levar a padrões de comportamento disfuncional que são bem difíceis de quebrar.
Sintomas de TDAH em sala de aula
Existem três tipos de comportamentos associados ao TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Sim, todas as crianças têm estes comportamentos ocasionalmente. Falamos, aqui, de casos extremos, que impedem um cotidiano saudável.
Os sintomas do TDAH são divididos em dois grupos – desatenção e hiperatividade-impulsividade. Algumas crianças manifestam mais a desatenção, outras a hiperatividade-impulsividade. Porém, a maioria diagnosticada com TDAH terá uma combinação de ambos.
A desatenção manifesta-se comportamentalmente no TDAH como divagação em tarefas, falta de persistência, dificuldade de manter o foco e desorganização – e não constitui consequência de desafio ou falta de compreensão.
A hiperatividade refere-se a atividade motora excessiva (como uma criança que corre por tudo) quando não apropriado ou remexer, batucar ou conversar em excesso. Nos adultos, a hiperatividade pode se manifestar como inquietude extrema ou esgotamento dos outros com sua atividade.
A impulsividade refere-se a ações precipitadas que ocorrem no momento sem premeditação e com elevado potencial para dano à pessoa (p. ex., atravessar uma rua sem olhar). A impulsividade pode ser reflexo de um desejo de recompensas imediatas ou de incapacidade de postergar a gratificação. Comportamentos impulsivos podem se manifestar com intromissão social. Por exemplo: interromper os outros em excesso. Ou na tomada de decisões importantes sem considerações acerca das consequências no longo prazo. Por exemplo: assumir um emprego sem informações adequadas.
Veja os comportamentos mais comuns na escola.
Sintomas de desatenção:
– Incapacidade de observar detalhes, comete erros por falta de cuidado
– Facilmente distraída ou levada por estímulos externos
– Dificuldade de seguir instruções
– Parece não estar escutando mesmo quando falam diretamente com ela
– Problemas para organizar tarefas e materiais
– Dificuldade em concluir lições na escola ou em casa
– Evita tarefas que exijam concentração e esforço mental
– Perde lições de casa, livros, roupas e acessórios
Sintomas de hiperatividade-impulsividade:
– Balança pernas e bate dedos ou mãos constantemente
– Corre e pula quando não é o momento
– Dificuldade de brincar quietinha
– Extrema impaciência, não consegue aguardar sua vez
– Fala excessivamente
– Responde antes das perguntas serem concluídas
– Interrompe e invade conversas e atividades alheias
Mantenha em mente que nem toda criança com estes sintomas tem TDAH. Crianças diagnosticadas com TDAH demonstram estas questões tão frequentemente, que elas geram dificuldades graves em pelo menos dois ambientes, como casa e escola. Ainda, os problemas devem prosseguir por ao menos seis meses.
A idade importa
Também observe que, ao considerar o comportamento do seu filho, você deve compará-lo às crianças da mesma idade. Muitas vezes, dentro de uma sala de aula, você encontra diferentes idades que podem variar em meses ou até mesmo anos. Nesta fase, isso pode representar grandes diferenças comportamentais.
Um estudo concluiu que as crianças mais novas na sala de aula tendem a ser equivocadamente diagnosticadas com TDAH. A pesquisa da Universidade de Michigan, descobriu que, entre crianças em idade pré-escolar, as mais novas tinham 60% a mais de chances de serem diagnosticadas com o transtorno do que seus colegas mais velhos.
Lembre-se: meninas são diferentes
Não poderíamos finalizar sem enfatizar que o transtorno se manifesta de formas diferentes nos meninos e nas meninas. Enquanto o estereótipo do TDAH é a criança que grita e não para quieta, as meninas podem ter sintomas mais leves. Muitas delas, inclusive, têm apenas o tipo desatento de TDAH – e acabam sendo categorizadas como “sonhadoras” ou “distantes”.
Mas, um dos grandes motivos pelos quais as meninas acabam sendo esquecidas nesta questão é porque tendem a se culpar por suas fraquezas, tentando esconder sua vergonha e dificuldade. Enquanto amadurecem, a consciência de que elas terão que lutar muito mais para conquistar as mesmas coisas que suas amigas pode ser muito prejudicial para a autoestima. Pais de meninas devem ficar atentos a este fato.
O Hiperfoco no TDAH
O Hiperfoco no TDAH
“Crianças e adultos com TDAH têm dificuldade em mudar a atenção de uma coisa para outra”, diz o especialista em TDAH Russell Barkley, Ph.D. “Se eles estão fazendo algo de que gostam ou se sentem psicologicamente recompensados, tendem a persistir nesse comportamento, diferente de outros sem TDAH que normalmente passam para outros assuntos. Os cérebros das pessoas com TDAH são atraídos por atividades que dão feedback instantâneo ”.
Na opinião de Larry Silver, MD, psiquiatra da Escola de Medicina da Georgetown University em Washington D.C., essa concentração intensa é, na verdade, um mecanismo de enfrentamento.
“É uma maneira de lidar com a distração”, diz Silver. “Os jovens com TDAH da Universidade me dizem que, intencionalmente, entram em um estado de foco intenso para fazer um trabalho. As crianças mais novas fazem a mesma coisa inconscientemente, quando estão fazendo algo prazeroso, como assistir a um filme ou jogar um jogo de computador. Muitas vezes nem sabem que estão se concentrando tão intensamente”.
“As crianças com TDAH costumam gostar do que é divertido e emocionante, e são contrárias a fazer coisas que não querem”, diz Joseph Biederman, chefe do programa de psicofarmacologia pediátrica do Massachusetts General Hospital, em Boston.
Fontes: FOCUS
1 WHAT’S ADHD (AND WHAT’S NOT) IN THE CLASSROOM. CHILD MIND INSTITUTE. Disponível em: https://childmind.org/article/whats-adhd-and-whats-not-in-the-classroom/
2 NEARLY 1 MILLION CHILDREN POTENTIALLY MISDIAGNOSED WITH ADHD. MICHIGAN STATE UNIVERSITY. Disponível em: https://msutoday.msu.edu/news/2010/nearly-1-million-children-potentially-misdiagnosed-with-adhd/
3 ELDER T. 2010. The Importance of Relative Standards in ADHD Diagnoses: Evidence Based on Exact Birth Dates. Journal of Health Economics. Volume 29, Issue 5, September 2010, Pages 641-656. doi: <https://doi.org/10.1016/j.jhealeco.2010.06.003>. Disponível em: https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0167629610000755 .
Uma dica de Livro para os pais e educadores, escrito de uma maneira fácil para os leigos, sem tantos termos científicos, é o livro: Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade, de Ana Beatriz Barbosa Silva (psiquiatra).
Uma dica de Livro para os pais e educadores, escrito de uma maneira fácil para os leigos, sem tantos termos científicos, é o livro: Mentes Inquietas: TDAH: Desatenção, Hiperatividade e Impulsividade, de Ana Beatriz Barbosa Silva (psiquiatra).