Encher a casa de coisas é uma forma de preencher vazios internos.
Os acumuladores são mostrados em documentários, programas de TV e, muitas vezes, vistos como pessoas estranhas. A realidade é que esse comportamento é mais comum do que se pensa, inclusive pode ser que conviva com acumuladores em seu círculo social sem ao menos saber disso.
Vamos falar do que muita gente cala para não ver em sinal de negação: “acumula-dores”. Muitos acumuladores conseguem manter segredo sobre sua condição e suas casas. Ser acumulador é ter uma aflição ao longo da vida. Normalmente os acumuladores compulsivos não procuram tratamento porque não percebem que a sua situação é uma doença. O transtorno pode se iniciar na juventude e idade adulta e se acentuar durante o envelhecimento, quando as dificuldades adaptativas e de relacionamento se tornam mais evidentes, agravando o quadro da doença. Os familiares e amigos tem um papel fundamental em ajudar a pessoa a se curar.
Os acumuladores compulsivos são obcecados em armazenar coisas que não usarão, mas livrar-se delas lhes causa uma grande angústia e sofrimento. O que motiva este comportamento?
Em muitos casos o Transtorno da Acumulação (TA), se manifesta após algum evento traumático (ou uma série deles), privações materiais e/ou emocionais na infância, a morte de um ente querido, desemprego, separações, diagnóstico de doenças graves ou outros transtornos psíquicos como: Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), depressão, ansiedade; predisposição genética, já que estudos identificaram alta prevalência em gêmeos com o transtorno e também há uma maior porcentagem de transtornos psiquiátricos em seus pais.
O acumulador se comporta de forma semelhante às pessoas viciadas em álcool e outras drogas, jogos e/ou outros tipos de vícios. Estas pessoas acumulam “coisas” a fim de entorpecer suas emoções e ansiedade o que faz da acumulação um vício.
O primeiro alarme é quando a pessoa não convida mais ninguém para visitar sua casa. Mesmo que os familiares e amigos se ofereçam ela sugere que façam algum programa na rua.
A higiene também serve como indicativo, é importante observar os odores e aparência. Mofo e urina nas roupas, sinais de má higiene ou deixar de manter cuidados básicos como pentear o cabelo. Faltar as consultas médicas ou outros eventos sociais são sinais que costumam aparecer com o tempo. Além de esquecer de pagar as contas, pois no meio da bagunça, não se encontra o que está procurando.
Qual a diferença entre os Acumuladores e os Colecionadores?
Os dois são bem diferentes. Os acumuladores vão espalhando os objetos pela casa desorganizadamente, sem nenhum critério, não há nenhum prazer em acumular, apenas ansiedade; e na maioria das vezes, os objetos não tem nenhum valor. E os ambientes vão ficando inutilizáveis por causa de tanta ''tralha'' acumulada. Já os colecionadores, querem mostrar as suas coleções e fazem isso de uma forma criteriosa e organizada, há prazer em colecionar e geralmente são objetos com valor sentimental, como por exemplo: carros antigos, selos, brinquedos, chaveiros..., seguindo um padrão. Os objetos guardam uma coerência entre si. Nos acumuladores não tem essa coerência, eles vão juntando pela casa qualquer coisa que encontram por aí ou vão comprando coisas supérfluas.
Os acúmulos não são apenas de objetos, existem muitos casos de indivíduos que acumulam animais de estimação em suas casas. Geralmente, eles acolhem cães e gatos de rua com a intenção de protegê-los e acabam os submetendo a condições insalubres. Nesses casos, é fundamental que os animais sejam encaminhados a quem possa cuidar deles adequadamente e o acumulador passe por um tratamento psicológico.
Quando nos perguntamos por que algumas pessoas se tornam acumuladores compulsivos, é importante nos aprofundarmos no aspecto biológico. Algo que pesquisas como as realizadas na Universidade de Yale mostraram é que pessoas que apresentam comportamento de acumulação mostram anormalidades nas regiões frontais do cérebro. Especificamente no córtex pré-frontal medial. No entanto, é preciso observar que, em média, o tratamento à base de antidepressivos, somado à terapia tende a dar bons resultados nesses pacientes.
Acumular objetos desnecessários não é algo saudável, a bagunça no ambiente reflete o estado emocional do indivíduo. Ainda, a dificuldade em se desapegar de objetos está muito relacionada com a dificuldade do desapego de situações, pessoas, pensamentos e sentimentos que geram angústia, isolamento e sofrimento. Se você conhece alguém com essas características, saiba que essa pessoa pode ser ajudada e precisa procurar um tratamento médico e psicológico adequados.
Extraído de várias fontes: Revista Psi; Conselho Federal de Psicologia; Psicologias do Brasil; A Mente é Maravilhosa.
Uma boa estratégia é limpar todos os armários da casa de vez em quando e tirar tudo que não se usa mais, com a ajuda da família. Gosto dessa frase de Martha Medeiros: ''Todo diɑ é umɑ ocɑsião especiɑl. Guɑrde ɑpenɑs o que tem que ser guɑrdɑdo: lembrɑnçɑs, sorrisos, poemɑs, cheiros, sɑudɑdes, momentos."