Jung dizia:''Em nós vivem os mitos, as lendas, a arte, a ciência, o sonho coletivo da humanidade, que se faz sonhar em cada vida individual. Somos uma sopa de símbolos que se encontram e formam novas sínteses simbólicas, criando uma sucessão de imagens... do mundo, de nós, de cada feito e drama humano, reencenado em cada indivíduo. Em nós as diferenças dialogam, as imagens primordiais se intercambiam, as cores se mesclam, as histórias dos povos e suas culturas nos atravessam...''
Há uma multidão de seres dentro de nós, somos um oceano de ''eus'' multidimensionais, fractais, extensões de almas, sub-personalidades, um infinito particular, enfim..., tudo isso nos governa, além do inconsciente coletivo. Lembrei agora de um livro muito interessante que chama: As Moradas do Castelo Interior, de Santa Theresa d´Ávila. Não se prenda à religião ou dogmas, extraia a mensagem desse livro. O Castelo Interior que ela refere-se somos nós mesmos, e dentro de nós há várias Moradas, algumas com cobras, jacarés, lagartos, outras bem escuras, sujas, que é aquele submundo que ainda habita dentro de nós, quanto mais vamos limpando esses cômodos, essas moradas, mais luz vai entrando, começamos a enxergar, ter uma clareza e podemos visitar outros cômodos, ou seja, conforme a nossa percepção vai aumentando, começamos a ter acesso aos cômodos mais altos, vamos subindo e podemos entrar no próximo cômodo, é um processo, que vai depender de cada um de nós, querer entrar e descobrir o que tem lá dentro. Muitos, segundo ela, jamais se atreverão a sair dos cômodos mais baixos, já outros, através do autoconhecimento, da meditação e oração, conseguirão enxergar as moradas mais altas, isso vai depender muito da vontade de cada um. Esse é um livro fantástico, li há muitos anos, mas vale muito a pena pela Psicologia envolvida, e pelo aprendizado profundo que Santa Theresa d'Ávila realizou em 1577. Ela fala que a meditação e a oração são formas do indivíduo sair dessas moradas mais baixas e adentrar as moradas mais altas do castelo. O autoconhecimento convida-nos ao estudo profundo de nós mesmos e de nossa sombra. Enxergar todas as camadas (todos os cômodos que habitam em nós - todas as moradas) é um processo inadiável. Hoje eu não vou estender muito nesse assunto, mas todos nós temos no núcleo da nossa personalidade ''um sofrimento - um conflito, um trauma'' que retroalimenta o Ego Inferior, como por exemplo: orgulho, vaidade, raiva, sarcasmo, inveja, compulsões de várias formas, mentira, apegos, a lista é vasta... e se você não enxergar e acolher essa sombra dentro de si e ir em busca de algo para curá-la, ela vai crescer cada vez mais e você usará mecanismos de defesas como: projeção, racionalização, negação, regressão, compensação, fixação..., e muitas outras artimanhas do ego negativo, para ocultá-la. Só para esclarecer, não é tão difícil identificar isso em nós, se estamos ligados mais ao nosso Eu Superior ou ao Eu Inferior, pois quanto mais o Ser tiver dificuldades de perdoar alguma situação ou alguém, mais ele está preso ao Eu Inferior, no Ego Negativo, enxergar isso em si é um passo para o processo de cura.
Eckhart Tolle diz: ''Definir-se através do pensamento significa limitar-se.'' Sim, porque somos uma extensão de Deus, somos eternos, não somos humanos, estamos humanos, mas só nos tornaremos um dia ''consciência pura'', quando tivermos clareza de todas as nossas sombras. Já dizia Jung: ''Só aquilo que somos, tem o verdadeiro poder de curar-nos.'' Se eu não sei quem sou, como vou poder enxergar essas camadas, esses fragmentos do Ego Negativo, que há dentro de mim? Precisamos nos libertar da Roda de Samsara, o quanto antes e tirar o véu de Maya de nossos olhos.