O uso do acessório em crianças é polêmico. Confira o que dizem os especialistas (e os pais) sobre o assunto.
Quantas vezes você pede, mais de uma vez, para o seu filho não se afastar de você na loja, no parque ou no supermercado e ele parece não ouvir? Procurando uma solução rápida para não perder os filhos nesses momentos, muitos pais estão aderindo à ideia de usar uma coleira nas crianças. Claro que não é aquela que usamos em nossos bichos de estimação. Ela pode ser de pulso, colete ou até mesmo uma mochila colorida e cheia de desenhos. Mas será que essa é a melhor solução mesmo? A prática tem dividido opiniões de pais e especialistas. Segundo Quézia Bombonatto, psicopedagoga e presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), essa atitude interfere no diálogo que se pode ter com os filhos. “A criança tem que aprender a lidar com o comando da mãe. Os pais têm de impor limites e explicar o que pode acontecer se ela sair de perto deles”, diz.
A auxiliar administrativa Samira Bereta de Almeida, mãe do João Victor, de 1 ano e 4 meses, afirma que jamais usaria a coleira no seu filho, porque acredita que a criança deve ter o seu espaço. "Eu sou contra e, todas as vezes que saio com meu filho, ando de mãos dadas, no colo ou com o carrinho. Não vejo necessidade de colocar esse acessório. Tem que deixar a criança à vontade e, se ela se afastar, os pais têm de mostrar onde deve andar", critica. Segundo uma rede especializada em produtos para bebês, o acessório tem bastante saída, principalmente em período de férias, quando as mães têm ainda mais medo de perder as crianças em lugares desconhecidos. É por esse motivo que a psicóloga Helena Porcheddu, mãe da Rebecca, de 3 anos - que vive em Londres, onde a prática é bastante comum –, diz que a coleira foi uma das melhores coisas que comprou para sua filha. "Vamos muito a museus, feiras, ou seja, lugares com muitas pessoas, e eu prefiro colocar a mochila que tem a coleirinha em vez de ficar empurrando carrinho. Ela se sente livre como se estivesse indo sozinha", defende. Para Quézia, apesar de atitudes como gritar, puxar e arrastar a criança sejam muito mais agressivas, “quando os pais pensam em encoleirar a criança, têm de se questionar por que estão fazendo isso”. “É hora de se perguntar por que não estão conseguindo fazer o filho obedecer e como fazer isso da melhor maneira possível”. O acessório jamais deve substituir a disciplina dada pelos pais. “Os valores da criança são formados a partir do que os adultos ensinam. Assim, se a noção de autoridade for embasada em objetos e não no diálogo, como ela vai identificá-la quando estiver na adolescência?”, diz a psicóloga infantil Andréia Souza.
Impor limites e zelar pela segurança das crianças dá trabalho, sim, mas também é uma forma de criar vínculos com elas. É isso que vai fazer com que se sintam amadas e seguras.
E você, o que acha sobre este assunto tão polêmico?