O estresse psicológico na meia-idade pode levar ao desenvolvimento da demência na velhice, especialmente a doença de Alzheimer, diz um estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. O estudo foi feito a partir de dados coletados por um estudo longitudinal – de ampla amostragem e duração – que acompanhou mais de 1.400 mulheres durante 35 anos. Os dados iniciais da pesquisa, publicada no periódico Brain, foram colhidos pela primeira vez em 1968, com mulheres entre 38 e 60 anos. “O estresse, para esse estudo, foi definido como uma sensação de irritação, tensão, nervosismo, ansiedade, medo ou relacionado a problemas para dormir por mais de um mês, envolvendo assuntos relacionados ao trabalho, família, saúde e outros problemas”, detalha Lena Johansson, pesquisadora e principal autora do estudo.
Durante os 35 anos de duração do acompanhamento, 161 indivíduos desenvolveram demência, principalmente na forma da doença de Alzheimer. O risco para a demência era 65% maior nas mulheres que indicavam repetidos períodos de estresse na meia-idade em comparação àquelas que não haviam enfrentado tais problemas. As mulheres que haviam sofrido com o estresse por mais de três décadas consecutivas (independentemente da idade) também tinham o dobro de chance de desenvolver demência. “Esse é um dos primeiros estudos que mostram os efeitos do estresse na meia-idade e sua relação com o desenvolvimento da demência com o avanço da idade. Os resultados confirmam pesquisas anteriores feitas com modelos animais. O estresse já mostrou, anteriormente, estar relacionado ao aumento de problemas cardiovasculares, maior incidência de acidentes vasculares cerebrais (AVC), ataques cardíacos e hipertensão”, aponta a pesquisadora, que trabalhou em outro estudo que também ligou a má saúde cardiovascular ao desenvolvimento do Alzheimer. “Nosso estudo pode resultar em um melhor entendimento dos fatores de risco que levam à demência, mas ainda é um estudo inicial. São necessários outros estudos similares para que comprovemos os resultados”, finaliza. Evitar o estresse, entretanto, já se mostrou benéfico para a saúde de uma forma em geral, e mesmo sem estudos comparativos é possível recomendar que as pessoas se engajem em rotinas mais saudáveis para contrabalancear esse fator de risco.
Fonte: University of Gothenburg