Inevitavelmente, todos nos veremos sozinhos e solitários, em alguns
momentos de nossas vidas. Nessas horas, teremos somente a nós próprios
para atravessarmos a escuridão avassaladora dos caminhos tortuosos que
se descortinarão à nossa frente.
Existe uma linha, por vezes
tênue, que separa o sentimento de solidão da situação de estar sozinho. O
que nos torna solitários pode ser nossa própria vontade, nossa
necessidade de nos retirarmos do burburinho que pode incomodar. Já a
solidão é um sentimento melancólico e que incomoda quem não quer ficar
sozinho de jeito nenhum.
Nem todo mundo que está sozinho sente solidão e nem todo mundo que
está acompanhado foge dela, simplesmente porque se trata de algo íntimo,
subjetivo, dependendo do que cada um sente dentro de si. Podemos, por
exemplo, estar nos sentindo vazios e afastados do mundo, mesmo quando
temos um companheiro ou nos encontramos em meio a muitas pessoas. A
solidão vem lá de dentro.
Da mesma forma, apreciar a companhia de
si mesmo, gostar de estar sozinho, apreciando tudo o que somos e temos
por nós mesmos, sem dramas ou tristezas, é o que chamamos de solitude,
que ocorre quando somos a nossa própria companhia, uma companhia gostosa
e que basta. Solitude tem a ver com amor-próprio, com aceitação de si
mesmo, com entendimento de toda luz e de toda escuridão que há dentro de
si, lidando com isso sem se machucar nem machucar ninguém.
Fato é que muitas pessoas acabarão indo embora de nossas vidas, uma
ou outra hora, por vontade própria, pelas distâncias que a vida traz,
por causas diversas. Inevitavelmente, todos nos veremos sozinhos e
solitários, em alguns momentos de nossas vidas, mesmo quando menos
esperarmos, ainda que contra os nossos desejos. Nessas horas, teremos
somente a nós próprios para atravessarmos a escuridão avassaladora dos
caminhos tortuosos que se descortinarão à nossa frente.
Por isso, é
preciso que aprendamos a apreciar a nossa própria companhia, a escutar o
nosso coração, a entender os sentimentos que preenchem a nossa alma,
pois lidar com as repetidas ausências alheias sempre será uma luta
individual, íntima e pessoal. Se estivermos de bem com o que temos
dentro de nós, será mais fácil conseguir superar os vazios afetivos que
vêm ao nosso encontro. É assim que a gente se sente bem,
com alguém ou sem ninguém além de nosso eu verdadeiro e feliz, apesar de
tudo.
Marcel Camargo