Versões de "O Diário de Anne Frank"
Existem quatro versões do diário. A primeira delas, chamada de a versão "A", é o manuscrito original, sem cortes. A segunda, ou "B", é a versão revisada pela própria Anne, quando ouviu no rádio, em 29 de março de 1944, que Gerrit Bolkestein, um membro do governo holandês no exílio, pretendia transformar cartas, diários e afins em documentos históricos assim que a Segunda Guerra acabasse, a jovem decidiu reescrever seu diário, usando nomes falsos - a família Frank se tornaria os Robin - e adotando o gênero epistolar.
"Imagine como seria interessante se eu publicasse um romance sobre o Anexo Secreto. Só o título faria as pessoas acharem que é uma história de detetives", escreveu, radiante, naquele mesmo dia.
A terceira, ou "C", é a versão editada por seu pai, Otto Frank, em 1947. Nela, omitiu detalhes considerados desnecessários, como as reflexões de Anne sobre sexualidade - e suas explosões de raiva contra a mãe, Edith.
A quarta e última, a "D", é a versão revista, ampliada e organizada pela escritora e tradutora alemã Mirjam Pressler. Lançada em 1995, a "edição definitiva", de mais de 700 páginas, resgata os trechos suprimidos pelo pai em 1947.
Jovens mortos permanecem sempre jovens, e é assim também com Anne Frank. Ela será sempre a menina de 15 anos que estava procurando em seu diário um substituto para um amigo ou interlocutor. E ela tinha um grande desejo: viver como uma escritora.
"Depois da guerra, eu gostaria de publicar um livro com o título 'O anexo secreto'", escreveu Anne no seu diário em 11 de maio de 1944. Menos de três meses depois, ela foi deportada juntamente com as outras sete pessoas que estavam no esconderijo.
Anne Frank morreu em fevereiro de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, provavelmente devido a tifo, exaustão e desnutrição.
Dois anos após o fim da guerra, em 25 de junho de 1947, foi publicado o livro O diário de Anne Frank (em holandês, Het Achterhuis ou O anexo secreto, como Anne queria). A primeira impressão, de 1.500 livros, se esgotou rapidamente.
Nesse meio tempo, O diário de Anne Frank tornou-se parte indispensável da leitura escolar na Alemanha e de escolas de várias partes do mundo. A conhecida edição de bolso da editora Fischer Verlag pode ser encontrada em muitos lares alemães.
Mirjam Pressler, grande tradutora e autora que morreu em janeiro de 2019, trabalhou juntamente com Otto Frank nesta versão sem omitir, como fez anteriormente o pai de Anne Frank em sua primeira versão por motivos de discrição, detalhes como referências da filha sobre a mãe e pensamentos dela sobre sua própria sexualidade.
Este texto completo, histórico-crítico, foi publicado primeiramente em 1986 em língua holandesa e, em 1986, na língua alemã. O diário de Anne Frank se tornou um clássico mundial após uma adaptação cinematográfica de Hollywood na década de 1950, seguida de filmes e peças de teatro em várias línguas.
Atualmente, os registros de Anne Frank sobre sua vida confinada no esconderijo estão novamente no topo da lista dos livros independentes mais vendidos, que inclui publicações de 160 editoras independentes na Alemanha.
"Eu nem sabia que a minha pequena Anne era tão profunda", disse Otto Frank anos após a morte da filha. Seus registros diários cobrem 779 dias de vida, dos quais 753 dias confinados atrás de um armário de arquivo no prédio do escritório do seu pai.
Como amiga da família e pesquisadora sobre Anne Frank em Seattle, Nussbaum, que conheceu Anne e sua irmã Margot pessoalmente, esperou 25 anos por essa edição. "O diário que todos conhecemos é uma amálgama, uma mistura do diário espontâneo e de retoques posteriores feitos pela Anne", conta Nussbaum, que trabalhou 25 anos no projeto de reedição da obra.
"Essa é a grande questão: alguma vez serei capaz de escrever algo grande, serei jornalista e escritora? Espero que sim. Eu espero muito que sim!" O desejo de Anne Frank, que ela confiou ao seu diário no dia 5 de abril de 1944, tornou-se realidade.
Boa leitura!
“Como é maravilhoso que ninguém precise esperar um minuto sequer antes de começar a melhorar o mundo”. Anne Frank