Transtornos psíquicos, depressão e tantos outros temas que envolvem a questão da saúde mental costumam nos chegar carregados de preconceitos e complexidades – que na maioria das vezes prejudicam justamente a parte mais necessitada: a pessoa em sofrimento, que carece de ajuda. Mais de 23 milhões de pessoas sofrem de algum transtorno mental no Brasil, (ou seja, 12% da população) e a maioria não procura ajuda, seja por medo, estigma, ignorância, preconceito, ou por não ter acesso ao atendimento adequado. Hoje o assunto será sobre a Esquizofrenia.
A esquizofrenia é um doença mental que afeta a forma como as pessoas pensam, sentem e percebem o mundo.
A esquizofrenia é um dos principais transtornos mentais humanos e aflige cerca de 1% da população mundial, podendo atingir pessoas de qualquer gênero, raça, classe social e país. Os primeiros sintomas acontecem entre os 15 e 35 anos de idade. A doença pode ocorrer em crianças, mas esses casos são raros. Portanto, a esquizofrenia atinge uma parcela significativa da população em idade produtiva, sendo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a terceira doença que mais afeta a qualidade de vida da população entre 15 e 44 anos.
Sintomas:
- alucinações;
- delírios;
- agitação corporal;
- pensamentos desordenados;
- redução da capacidade de expressar emoções;
- falta de vontade de exercer atividades que antes eram prazerosas;
- dificuldade de se manter concentrado em uma atividade;
- redução da fala;
- lentidão intelectual;
- incapacidade de tomar decisões.
- Como por exemplo, ver coisas que não são reais ou ouvir vozes, desconfiança excessiva ou mania de perseguição, paranoia, em alguns casos automutilação... etc.
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O que é a Esquizofrenia?
É um transtorno mental caracterizado por psicose (perda do contato com a realidade), alucinações (percepções falsas do ambiente), delírios (crenças falsas), perda do juízo crítico, embotamento afetivo (dificuldade em expressar sentimentos e emoções), déficits cognitivos (comprometimento na capacidade de racionalizar) e disfunção ocupacional e social.
Principais características
- Alucinações, delírios, fala e comportamento desorganizados, afeto comprometido e disfunção nas relações sociais em alguns casos.
- Alto índice de suicídio.
- Recomendação de uso de antipsicóticos no tratamento.
- Com a psicoterapia o paciente poderá entender e tratar seus sintomas e dificuldades advindas do transtorno, além de auxiliar na utilização e conscientização dos medicamentos.
- Com o devido tratamento, um terço dos pacientes apresentam melhora significativa a médio e longo prazo.
Há predisposição genética para a doença?
Há fortes evidências de componentes genéticos e ambientais, porém a causa ainda é desconhecida. Geralmente os sintomas têm início na adolescência ou no início da vida adulta, raramente na infância.
Pacientes com familiares em 1º grau que tenham esquizofrenia apresentam risco de 10% a 12% de desenvolver o transtorno, assim como gêmeos monozigóticos tem uma prevalência em torno de 45%.
Já os fatores externos (abuso de substâncias, desemprego, relacionamento, sair de casa, alistamento, entre outros) influenciam no desencadeamento da doença, porém é relativo de pessoa a pessoa (considerando a predisposição à doença). Os sintomas devem permanecer por no mínimo 6 (seis) meses antes que qualquer diagnóstico seja feito.
Quais os primeiros sinais da doença?
A fase inicial se caracteriza pela sensação de que algo está acontecendo, mas o paciente não sabe o quê, e esse desconhecimento inicial gera tensão e ansiedade. Em determinado momento, porém, os sintomas podem agravar-se, iniciando com pequenos delírios ou alucinações. Por exemplo, ele pode mencionar a sensação de que algo está sendo tramado contra si, que estão sabotando alguma coisa, ou que está sendo perseguido e que o mandam fazer algo.
O paciente percebe que algo está acontecendo a seu redor, mas imagina que é o resultado de alguma ação de outros querendo prejudicá-lo. Na verdade, nesse momento, ele não tem consciência crítica de que está adoecendo.
Como a esquizofrenia é diagnosticada?
Quanto mais cedo o diagnóstico é feito, melhor o resultado. O diagnóstico é feito por um especialista a partir da manifestação dos sintomas do transtorno. Obtenção de informações de familiares, amigos e colegas de trabalho auxilia enormemente no diagnóstico.
Não há como diagnosticar o transtorno a partir de exames laboratoriais como exame de sangue, raio X, tomografia, eletroencefalograma etc. No entanto, tais exames podem ser úteis para um diagnóstico diferencial do transtorno, ou seja, para descartar transtornos com sintomas semelhantes à esquizofrenia. Alguns testes psicológicos podem ser úteis para identificar algumas sintomatologias, como o teste de Rorschach para a compreensão da dinâmica de personalidade, através do levantamento dos aspectos intelectuais, afetivo-emocionais e relacionais; e o Programa de Investigação Neuropsicológica – PIEN (elaborado por Pena Casanova) para a compreensão das funções cognitivas.
Quais os tratamentos disponíveis?
O tratamento é feito com fármacos antipsicóticos, reabilitação (treinamento na comunidade, serviços de suporte, etc.) e psicoterapia. Quando tratados precocemente o paciente responde de forma mais rápida e completa.
O uso contínuo de antipsicóticos pode reduzir o reaparecimento da doença em até 1 (um) ano para 30% dos casos. Toda medicação deve ser regulada pelo psiquiatra responsável para adequação da dosagem utilizada pelo paciente.
Devido a recorrência e a longa duração do transtorno, torna-se necessário ensinar ao paciente habilidades de manejo para lidar da melhor forma possível com os sintomas. A realização de treinamentos de habilidades psicossociais (fazer compras, higiene pessoal, afazeres domésticos etc.) e reabilitação vocacionais auxiliam na adaptação social e no desenvolvimento cognitivo. Também é de fundamental importância a psicoeducação dos cuidadores para obtenção de maior efetividade no tratamento.
Quando há necessidade de internação?
A preocupação maior reside nos surtos mais graves, quando o paciente pode representar risco em algum grau, devido ao seu comportamento imprevisível. Tudo pode piorar quando as pessoas ao redor não entendem a situação ou não sabem como lidar com ela. Hoje, há restrições quanto ao tempo de internação e às condições em que ela pode ocorrer.
Um procedimento comum é a internação temporária, mas que ocorre apenas quando o paciente apresenta riscos para si ou para terceiros. O recurso hospitalar é muitas vezes necessário e benéfico, desde que usado com critérios clínicos rigorosos, assim como o restante do tratamento. A Lei 10.216, de 2001 que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais define três modalidades de internação psiquiátrica:
- internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
- internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiros;
- internação compulsória: aquela determinada pela Justiça.
Por que alguns pacientes não melhoram apesar de já terem usado várias medicações?
Como acontece com frequência, os casos clínicos não são uniformes, cada caso é um caso. A falta de resposta ao tratamento medicamentoso (antipsicóticos) pode ser devido ao próprio curso da doença, o que torna o paciente refratário (sem a reposta clínica esperada) ao tratamento. Isto acontece em aproximadamente 30% dos pacientes tratados adequadamente.
Outra causa pode ser a falta de adesão, isto é, a falta de frequência no uso, a dosagem incorreta ou administrada incorretamente pode afetar a efetividade do tratamento. Eventualmente, este comportamento leva o paciente a se tornar refratário ao tratamento.
Outro fator de igual importância é o uso de drogas (maconha, cocaína, crack, entre outras) que provocam os sintomas que as medicações combatem. Fatores como comorbidade (outras doenças relacionadas que afetam a doença primária) e reações a eventos externos também podem interferir na resposta ao tratamento.
Fonte: Psicologia Viva
Bom dia meus queridos! Não existe uma causa única para o desencadear do transtorno, o prognóstico é incerto para muitos casos, tendo geralmente causa multifatorial. Admite-se hoje que várias causas concorrem entre si para o aparecimento, como: quadro psicológico; o ambiente; complicações no parto, histórico familiar da doença e de outros transtornos mentais; traumas; depressão, e mais recentemente, tem-se admitido a possibilidade de uso de substâncias psicoativas (como a maconha, por exemplo), poderem ser responsáveis pelo desencadeamento de surtos e afloração de quadros psicóticos. O transtorno caracteriza-se por uma grave desestruturação psíquica, em que a pessoa perde a capacidade de integrar suas emoções e sentimentos com seus pensamentos, podendo apresentar crenças irreais (delírios), percepções falsas de ambiente (alucinações) e comportamentos que revelam a perda do juízo crítico. A doença produz também dificuldades sociais, como as relacionadas ao trabalho e relacionamento, com a interrupção das atividades produtivas da pessoa. A esquizofrenia não causa a morte, mas o índice de tentativas de suicídio entre pacientes esquizofrênicos é dez vezes maior do que no de pessoas sem o transtorno psiquiátrico; cerca de 50% dos acometidos pelo transtorno ao menos tentam o suicídio. A explicação vem do fato de a grande maioria dos esquizofrênicos também desenvolverem depressão e outros transtornos psíquicos; o preconceito e a exclusão social também os encorajam a acabar com a própria vida, o que 20% dos que tentam conseguem fazer. É uma doença que precisa ser muito bem analisada e diagnosticada, pois há muitas variações ou tipos de Esquizofrenia. Para ajudar inicialmente, é bom estimular o paciente a buscar atendimento especializado com um psiquiatra e um psicólogo. A família geralmente descobre a esquizofrenia num ente querido, quando ele começa a perder a noção da realidade e ter comportamentos bizarros.
E para finalizar, algumas dicas de filmes que abordam esse tema: Uma Mente Brilhante (2001); Janela Secreta (2004); O Solista (2009); Ilha do Medo, com Leonardo DiCaprio (2010); Cisne Negro (2010) e Nise: O Coração da Loucura (2015).