Uma mulher especial sabe que o mundo está longe de ser ideal, mas se encarrega de dizer “vai dar tudo certo” e arregaça as mangas para fazer o que lhe cabe pro dia terminar bem.
Uma mulher especial entende que não é possível abraçar todas as causas, mas nem por isso deixa de fazer sua parte. Ama, luta, ora e dá o seu melhor por aquilo que tem fé.
Uma mulher especial olha para o espelho e aceita suas imperfeições com bom humor, confiante de que pode driblar o tempo com muita bossa e borogodó.
Uma mulher especial se presenteia de vez em quando. Corta o cabelo, faz depilação, pinta as unhas, experimenta uma roupa nova, lê um livro bom. Aprendeu, com a maturidade, que não precisa dar conta de tudo se primeiro não se der conta dela. Faz exames, papanicolau e mamografia, toma um bom vinho e assiste a um filme novo no cinema.
Mulheres especiais usam salto alto, anabelas, sapatilhas, chinelos de dedo ou simplesmente andam descalças, certas de que não é o calçado que faz seus passos firmes, e sim a vontade de resistir, dia após dia, pé ante pé.
Uma mulher especial sabe que a vida é muito curta para ser levada à sério, e por isso releva pequenos dramas diários cantarolando uma música nova enquanto enfrenta o trânsito da cidade ou passa roupas na varanda...
Mulheres especiais estão nas firmas, consultórios, empresas, comércio, hospitais, escolas e dentro de casa. São especialistas, aposentadas, patroas e empregadas. Sonham com a carreira, com mais tempo ao lado dos filhos, com a viagem para rever os netos e o pagamento no fim do mês. Comemoram vitórias, aumento de salário, carreira deslanchando, novas parcerias, um rebento a caminho. Sofrem com baixa remuneração, desvalorização, sobrecarga em jornadas triplas, filas nos hospitais, ônibus lotado, falta daqueles que ama. Trabalham, estudam, namoram, engravidam, choram, vibram, suam, tentam, resistem, vencem.
Uma mulher especial pode ser sua avó, sua mãe, sua irmã, sua tia. Pode trabalhar na sua casa, ao seu lado na empresa, ser sua chefe ou subordinada. Pode pegar o ônibus com você, estacionar o carro diante do seu na academia, ser a moça que pega o elevador e olha para o espelho encabulada todas as manhãs. Elas estão em todo lugar, num sorriso tímido na padaria ou num banco de jardim. Na igreja, no shopping, na estrada ou num café. Carregam consigo suas dores, alegrias, sonhos e desistências. Sabem que caminho seguir, mas nem sempre trilham a estrada correta. Tropeçam, caem, levantam e recomeçam. Amam, querem bem, se descabelam e se desesperam. Mas acima de tudo, acreditam na força que carregam. Uma força que desperta nos momentos mais decisivos, e que permite que sejam, simplesmente, mulheres especiais…
Fabíola Simões