“Com tantas diferenças, as coisas só poderiam ir por água abaixo, certo? Não, errado! As diferenças sempre vão existir nos relacionamentos e precisamos aprender a conviver com isso, negociando e contornando cada uma delas. Portanto, se você for se separar porque o outro é diferente de você, vou logo lhe dar um conselho: nem comece a relação. Ninguém vive com um espelho…
Quando estamos dispostos a nos relacionar com alguém, é preciso ter maturidade para compreender que o outro tem coisas de que gostamos muito, mas que haverá uma porção de pontos de desencontro. Insistir que o outro tape meus buracos emocionais, colando nele minhas fantasias infantis à la “propaganda de margarina”, em que tudo é feliz, perfeito, limpo, organizado e bom, é uma das grandes tragédias dos relacionamentos. Isso só torna as pessoas incapazes de se relacionarem verdadeira e profundamente entre si. O segredo não está em querer que o outro preencha o meu vazio, mas que ele me dê a certeza vitalícia de que não estou sozinho na minha condição humana, que é naturalmente carente e cheia de desamparos…
O que quero que você compreenda é que há tantos modelos de relacionamentos quanto pessoas no mundo, e que você e a pessoa que você ama vão ter de encontrar o de vocês. E eu não estou dizendo que os relacionamentos podem, precisam, devem ser: abertos, fechados, meio abertos, estáveis, vai e volta, monogâmicos, poligâmicos, poliamor, competitivos, enrolados, acomodados, homoafetivos, independentes… chega a cansar tanta tentativa de classificar pelos outros!
Existem mil maneiras de preparar o amor, mas, para inventar a sua forma, você vai ter de ousar mergulhar nas suas verdades e desmontar as verdades dos seus pais, da família e dos amigos, verdades que você engoliu como uma pílula e acabou acreditando serem suas.
Afinal, quem sou eu em um relacionamento?
O que de fato eu sinto, desejo ou sonho?
O que é mesmo que me faz sofrer ou me deixa feliz numa relação a dois?
Do livro: Amar, Desamar, Amar de Novo, de Marcos Lacerda