A Bailarina de Auschwitz é um livro transformador, um exame profundo do espírito humano e da nossa capacidade de cura. O que se segue é a história das escolhas, grandes e pequenas, que podem nos levar do trauma ao triunfo, da
escuridão à luz, da prisão à liberdade.
Assim como outros livros importantes sobre o Holocausto, este mostra
tanto o poder da maldade quanto a força indomável do espírito humano
diante dela. Mas ele vai além. Talvez o melhor livro para comparar com
o de Edie seja outra memória do Holocausto, o brilhante clássico de
Viktor Frankl, Em busca de sentido. A Dra. Eger compartilha o profundo
conhecimento da humanidade de Frankl, mas acrescenta o entusiasmo
e a intimidade de uma vida como psicóloga clínica. Frankl apresentou a
psicologia dos prisioneiros que estavam com ele em Auschwitz. A Dr. Eger
nos oferece a psicologia da liberdade.
''Estou dançando no inferno”, pensou Edith Eva Eger, aos 16 anos, no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Bailarina e ginasta profissional, a jovem, então de cabelo raspado e uniforme de prisioneira, recebeu a ordem de Josef Mengele: “Pequena dançarina, dance para mim”. Mengele, médico e capitão da SS, tropa de elite nazista, ganharia o apelido de “anjo da morte” — e a adolescente judia já sabia do que esse anjo era capaz. Ao chegar a Auschwitz, a mãe de Edith foi selecionada por Mengele para seguir na fila da câmara de gás. “Ela vai tomar banho”, mentiu ele, sorrindo. O pai também teve a vida ceifada naquele que se tornaria o mais notório palco do Holocausto, onde morreu 1,3 milhão de pessoas. Mengele tinha outro prazer obscuro: tratar as prisioneiras como entretenimento. O carrasco passeava pelos barracões em busca de talentos que pudessem diverti-lo, rotina que o fez conhecer Edith. Por um ano, entre 1944 e 1945, a garota usou mais vezes a dança para sobreviver ao genocídio.
''O passado ainda me assombrava: uma sensação de atordoamento e
ansiedade sempre surgia quando eu ouvia sirenes, passos pesados ou
homens gritando. Isso, eu aprendera, é o trauma. A sensação quase permanente no estômago de que alguma coisa está errada – ou de que algo terrível está para acontecer – faz as respostas automáticas do medo em meu
corpo me dizerem para fugir, me proteger, me esconder do perigo que está
em toda parte. Meu trauma pode ainda aparecer em situações prosaicas.
Uma visão súbita ou um cheiro específico têm o poder de me transportar
de volta para o passado. No dia em que conheci o capitão Fuller, fazia mais
de trinta anos que eu tinha sido libertada dos campos de concentração do
Holocausto. Hoje, mais de setenta anos se passaram. O que aconteceu não
pode ser esquecido, muito menos mudado. Porém, ao longo do tempo,
aprendi que posso escolher como reagir ao passado. Posso me sentir triste
ou esperançosa, posso ficar deprimida ou feliz. Sempre temos essa escolha,
essa oportunidade de controle. Estou aqui, isso é agora, aprendi a repetir
para mim mesma, sem parar, até o pânico começar a diminuir.''
''Se você me perguntasse qual é o diagnóstico mais comum entre as pessoas
que atendo, eu não diria depressão ou transtorno de estresse pós-traumático, embora essas doenças sejam bastante recorrentes entre aqueles que
conheço, amo e oriento para a liberdade. Eu diria que é a fome. Temos fome.
Fome de aprovação, de atenção, de afeição. Temos fome de liberdade para
aceitar a vida e para realmente nos conhecermos e sermos nós mesmos.''
O objetivo da autora é ajudar cada um de nós a escapar da prisão da própria mente. De certa forma,
todos somos prisioneiros, e a missão de Edie é nos ajudar a entender que,
assim como agimos como nossos próprios carcereiros, também podemos
nos tornar nossos próprios libertadores. [...] Cada um de nós tem um herói interior
esperando para ser revelado. Somos todos “heróis em desenvolvimento”.
Nosso treinamento para o heroísmo é a vida, as circunstâncias cotidianas
que nos convidam a cultivar os seguintes hábitos: realizar ações de bondade diariamente, demonstrar compaixão, começando com a autocompaixão, revelar o melhor dos outros e de nós mesmos, conservar o amor
inclusive nos relacionamentos mais desafiadores e celebrar e exercitar o
poder de nossa liberdade mental. Edie é duplamente heroína porque ensina
as pessoas a amadurecer e a criar mudanças significativas e duradouras em
si mesmas, em seus relacionamentos e no mundo.
"Nossas experiências dolorosas não são um fardo, elas são um presente. Elas nos dão perspectiva e significado, uma oportunidade para encontrar nosso propósito único e nossa força."
"É muito fácil transformar nossa dor, nosso passado, numa prisão. Na melhor das hipóteses, a vingança é inútil. Ela não muda o que foi feito conosco [...]. Na pior das hipóteses, vingança perpetua o ciclo de ódio. Quando buscamos vingança, até mesmo uma vingança não violenta, estamos retrocedendo, não evoluindo.''
''Você pode viver para vingar o passado ou para enriquecer o presente.''
Enquanto eu cultivei esse ódio, fiquei presa junto com ele, em um passado destrutivo, presa na minha dor. [...] Perdoar é sofrer pelo que aconteceu e pelo que não aconteceu, e abrir mão de um passado diferente. Aceitar a vida como ela era, e como ela é".
"Existe uma diferença entre ser vítima e se fazer de vítima. Somos todos suscetíveis a nos tornar vítimas de alguma maneira. Todos sofremos algum tipo de aflição, desgraça ou abuso causado por pessoas ou circunstâncias sobre as quais não temos controle. Isso é ser vítima. É algo que vem de fora. Em contrapartida, o complexo de vítima vem de dentro. Ninguém pode fazer você se sentir inferior a não ser você mesmo. Nós nos tornamos vítimas não pelo que acontece conosco, mas quando escolhemos nos agarrar ao sofrimento."
"Não podemos escolher ter uma vida livre de sofrimento. Mas podemos escolher ser livres, escapar do passado independentemente do que aconteça e aceitar o possível."
''O tempo em si não cura. A questão reside no que você faz com o tempo. A cura é possível quando escolhemos assumir a responsabilidade, quando escolhemos correr riscos e, por fim, quando escolhemos nos soltar da ferida, abandonar o passado ou o luto.''
"Segundo a teoria de Rogers, quando a necessidade de desenvolvermos o nosso potencial entra em conflito com a necessidade de uma atenção positiva, ou vice-versa, podemos optar por reprimir, esconder ou negligenciar nossas verdadeiras personalidades e vontades. Quando passamos a acreditar que não há nenhuma maneira de sermos amados e verdadeiros, corremos o risco de negar nossa verdadeira natureza."
"Quando nos entristecemos, não é apenas pelo que aconteceu, mas também pelo que não aconteceu."
"[...] às vezes os piores momentos de nossas vidas, aqueles que nos arrebatam em uma teia de desejos horrendos, que ameaçam nos desgastar com a absoluta impossibilidade oferecida pelo sofrimento que devemos suportar, são de fato os momentos que nos levam a entender o nosso valor."
É possível dançar no inferno? Sim, esse livro revela que é possível.
Quem já leu Viktor Frankl, ou até mesmo os relatos de Anne Frank, possivelmente gostará desse livro também. Para mim, todos esses que vivenciaram os campos de concentração, são os verdadeiros heróis. Um livro muito comovente e ao mesmo tempo, inspirador. Eu lendo esse livro, sinto que mesmo imaginando os horrores da guerra, ainda sinto que foi muito pior... muitas coisas é impossível de relatar... um livro maravilhoso para a vida, com diversos ensinamentos. A palavra que fica lendo esse livro seria: libertação.
Sua história é uma mensagem de esperança, para superarmos as nossas adversidades e encontrarmos significado e alegria, mesmo nos momentos mais sombrios de nossas vidas.