Crie um filho que ama a vida
Podemos criar filhos otimistas, que vivem rindo e aproveitam a vida, dia após dia? A ciência diz que sim. Veja como!
Os cientistas parecem ter chegado à conclusão de que existe, sim, um único gene responsável por haver algumas pessoas naturalmente otimistas e outras, infelizmente, pessimistas. Provavelmente, dizem os cientistas, essas atitudes são determinadas por maior ou menor quantidade de serotonina, substância química produzida pelo cérebro, que entra na corrente sanguínea e controla nosso estado de espírito. No entanto, os cientistas acreditam que apenas 50% de uma atitude positiva diante da vida, são determinados geneticamente. “A felicidade é na verdade uma série de emoções positivas, que são muito mais aprendidas do que herdadas”, afirma a Dra. Christine Carter, diretora executiva do Centro Científico do Bem Maior, em Berkeley, na Califórnia. “Nossos filhos desenvolvem o hábito de pensar, sentir e se comportar, baseados em nossos relacionamentos, expectativas e no que ensinamos a eles sobre o mundo”, define.
Por isso, não faz muita diferença se seu filho nasceu alegre como o ratinho Jerry ou mal humorado como o gato Tom. Não se trata de termos em casa um filho que é um otimista inato, ou de transformar um indivíduo de humor sombrio num cara sorridente. “O que queremos é uma felicidade profunda e duradoura”, diz o médico Aaron Cooper, co-autor do livro Só quero que meus filhos sejam felizes! E quem não quer ter filhos felizes e contentes, capazes de lidar com as frustrações, se alegrar com o que possuem e tirar o que há de melhor em cada situação? Para descobrir onde estão as tais raízes da felicidade, fui conversar com especialistas e pais que acham que seus filhos são realmente bem humorados. Descobri que há cinco atitudes básicas que podemos incorporar a nossa vida, e que certamente irão ajudar nossos filhos a viver na zona da alegria.
Demonstrar gratidão
Ter tudo que o dinheiro pode comprar não garante filhos felizes. Eles precisam saber que temos uma gratidão genuína por aquelas coisas que recebemos de graça, especialmente da natureza. Seja grata e eles também serão: “Quando os pais demonstram gratidão por fatos cotidianos como um céu azul, um dia de sol, as crianças crescem mais animadas e interessadas no mundo”, diz Dra. Carter.Um bom jeito de se habituar à gratidão é tentar de vez em quando, parar no meio do dia para agradecer o momento que vocês estão vivendo, e torná-lo bem consciente. Seja um por de sol, um sorvete de copinho ou um simples passeio num parque. Agradeça sempre que puder e sorria muito. Segundo uma pesquisa do Instituto Nacional de Saúde norte-americano, nós temos mais facilidade de sorrir e agradecer a um estranho, do que às pessoas que convivem conosco. Não é um absurdo? Vamos mudar isso. Uma das mães que entrevistei me disse: “Nas últimas semanas incluí sessões de agradecimento na hora de ir para a cama e perguntei as nossas filhas de 5 e 2 anos o que elas queriam agradecer – elas agradeceram o fato de todos nós existirmos. Foi muito lindo”, ela admitiu.
Ouvir, ouvir e ouvir
Você sabe bem o que significa desabafar com uma amiga e ouví-la dizer apressada, "Ah! querida, você vai superar isso!..." e logo mudar de assunto. As crianças sentem a mesma indiferença quando não sabemos ouví-las. Seu filho só desenvolve a autoconfiança, que vem com a felicidade, quando se sente aceita por seus pais, diz Bonnie Harris, autora de Pais Confiantes, Filhos Especiais. “Ouça seu filho sem julgar nem dizer se está certo ou errado. Ouça apenas o lado dele da história”, reflete. Sua filha chega da pré-escola e reclama que uma colega brigou com ela. “Eu a odeio, nunca mais vou ser amiga dela”, diz. Você responde: “Não é bonito falar assim, minha filha”. Ela vai se calar e reprimir os sentimentos, que escondidos vão crescer, diz Harris. Seria melhor se você dissesse algo como: “Parece que ela fez algo que te magoou mesmo”. Assim o filho vai sentir que os pais se interessam por ele, e isso é fundamental para que se sinta feliz. “Quando minha filha de dois anos e meio fica chateada”, acrescenta outra mãe, “eu a estimulo a chorar todas as lágrimas possíveis de tal maneira, que deixe toda a tristeza para trás. E peço para me contar o que aconteceu; depois a abraço e espero ela chorar bastante, até se cansar de falar e de sofrer”, aconselha. É um santo remédio.
Criar uma rotina
Rotina é como dieta: a gente fica tentada a furar, mas quando insistimos no nosso objetivo nos sentimos fortes e felizes. Com as crianças é a mesma coisa: "Rituais diários dão ao seu filho um senso de segurança e prazer na vida”, diz a Dra. Martha Straus. Rotinas na hora do banho e de ir para a cama, fortalecem os laços familiares e a criança fica mais produtiva. E também beneficiam sua saúde, como, por exemplo, mantendo o hábito de escovar os dentes, lavar as mãos e praticar exercícios. Um estudo da universidade de Columbia, em Vancouver no Canadá, revelou que a rotina estimula tanto o lado esquerdo (lógico) quanto o direito (emocional) do cérebro. O hábito de contar histórias e cantar na hora de dormir, também ajuda as crianças a se sentirem mais amadas e seguras.
Deixar seu filho errar sozinho
Queremos que nosso filho seja feliz e, como pais , tentamos eliminar os obstáculos que surgem em seu caminho. Errado: se tentamos resolver os problemas por nosso filho, ele não vai aprender a lutar suas próprias batalhas, aceitar seus erros e aprender a dar a volta por cima. “Hoje as crianças têm uma tolerância menor à frustração, e mais dificuldade para adiar a gratificação”, diz a psicóloga Jenn Berman. Autora de Criando Crianças Felizes e Confiantes de A a Z., ela diz: “Um dos segredos de uma vida feliz é aceitar frustrações, admitir erros, mudar de direção. Isso se aprende através da experiência”, explica. Quando seu filho reclama que não consegue amarrar o tênis ou terminar um quebra-cabeça, não vá correndo fazer isso por ele. Diga: “Tudo bem, não precisa fazer agora, quando você achar que pode fazer sozinho, me avisa”. Vai levar tempo, mas uma hora ele pede ajuda. Aí você ajuda.
É importante permitir que seu filho tenha um horário flexível e desestruturado, para desenvolver a criatividade. Se ele está sempre ocupado com aulas fora de casa todos os dias, fica sobrecarregado. Ele não precisa de tantas atividades quanto você imagina. Dra. Alice Domar, consultora da Parents, diz: "Tempo livre dá espaço para a felicidade. As pessoas que se permitem entrar numa zona criativa do cérebro são mais contentes que as apressadas”. Ah! e resista à tentação de ser a principal companheira de brincadeiras de seu filho: ele deve aprender a ficar consigo mesmo, desde cedo. Livre para desenvolver suas potencialidades: isso é algo que certamente vai fazê-lo mais feliz.
Fonte: Revista Pais&Filhos