Como se não bastasse o estresse causado pela separação dos pais, um estudo brasileiro, coordenado pelo Instituto Glia, mostra mais um risco para o desenvolvimento infantil: baixo desempenho escolar. Ao todo, os pesquisadores questionaram pais e professores de 5961 crianças e adolescentes (na faixa de 5 a 18 anos) de 17 estados. Mas se você passou - ou está passando - por um divórcio não precisa ficar tão preocupado. “O estudo mostra que há um risco, sim, mas não que seja uma causa do baixo rendimento na escola”, explica Marco Antonio Arruda, neurologista da infância e adolescência e coordenador da pesquisa.
Uma saída para controlar esse risco? Ficar perto das crianças durante o processo de divórcio. “Os pais devem preservar o filho o máximo possível e saber que, nesse momento, vão precisar dar mais atenção às crianças do que o habitual”, diz Arruda.
Esses dados fazem parte de um estudo maior, chamado Atenção Brasil, em que os pesquisadores avaliaram possíveis dificuldades emocionais, problemas de conduta, hiperatividade e desatenção, problemas com os colegas e comportamento pró-social (empatia) das crianças. E como o objetivo final é orientar os pais e professores sobre a boa saúde mental das crianças, o instituto criou uma cartilha, disponível para download gratuito no site do projeto. Como explica Arruda, saúde mental é um estado de bem estar no qual a pessoa está apta a exercer suas habilidades, superar as dificuldades da vida, poder estudar e trabalhar de forma produtiva, colaborando com sua comunidade. “Ou seja, é mais do que apenas não ter uma doença mental”, diz o neurologista.
A pesquisa foi desenvolvida em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), a universidade La Sapienza (de Roma, Itália) e o Albert Einstein College of Medicine (de Nova York, Estados Unidos).