Ontem à noite, terminei de ler o livro Para Sempre Alice, de Lisa Genova e recomendo para todos. Principalmente para os profissionais da área de saúde, para os cuidadores, amigos e familiares dos portadores de Alzheimer. É um livro revelador e fascinante, que mostra como o portador de Alzheimer sente, se comporta e enfrenta a sua doença.
Alice sempre foi uma mulher de certezas. Professora e pesquisadora bem sucedida, ela sempre se destacou em sua área de atuação e sempre participou com distinção de debates e conferências. Não havia referência bibliográfica que não guardasse de cor. Alice sempre acreditou na formação acadêmica como o melhor caminho para o sucesso profissional, e tentou convencer sua filha caçula, Lydia a seguir o exemplo de seus irmãos e abandonar o sonho de ser atriz. Alice sempre foi antes de tudo uma mulher racional. Sempre gostou de planejar a vida no seus mínimos detalhes. Sempre acreditou que poderia estar no controle. Mas nada é para sempre. Talvez só Alice seja para sempre. Mas como? Perto de completar cinquenta anos, Alice começa a esquecer, no início coisas sem importância, ela achava que era o estresse ou a chegada da menopausa. Até que um dia, ela se perde a caminho de casa. Ironicamente, a professora de memória mais afiada de Harvard é diagnosticada, precocemente com o mal de Alzheimer, uma doença degenerativa incurável. Daqui para frente haverá poucas certezas para Alice. Ela terá que reinventar, a cada dia, a própria vida, terá que abandonar o controle de tudo, terá que aprender a se deixar cuidar, terá que conviver com a única certeza que parece lhe restar: a de que ela não será a mesma pessoa daqui um mês.
'' Eu luto para encontrar as palavras que quero dizer e muitas vezes me ouço dizer as palavras erradas. "
" Às vezes derrubo coisas, levo muitos tombos e sou capaz de me perder a dois quarteirões de casa. E minha memória de curto prazo está por um fio, um fio esgarçado."
''Estou perdendo os meus ontens. Se vocês me perguntassem o que fiz ontem, o que aconteceu, o que vi, senti e ouvi, eu teria muita dificuldade para fornecer detalhes. A realidade é que não sei, não me lembro do ontem nem do ontem antes dele."
'' Temo com frequência o amanhã. E se eu acordar e não souber quem é o meu marido? E se não souber onde estou nem me reconhecer no espelho? Quando deixarei de ser eu mesma?"
" Meus ontens estão desaparecendo e meus amanhãs são incertos. Então, para que eu vivo? Vivo para cada dia. Vivo o presente. Num amanhã próximo esquecerei que estive aqui diante de vocês e que fiz este discurso. Mas o simples fato de eu vir a esquecê-lo num amanhã qualquer não significa que hoje eu não tenha vivido cada segundo dele. Esquecerei o hoje, mas isso não significa que o hoje não tem importância."
'' Ainda tenho uma esperança de cura para mim, para meus amigos com demência, para minha filha que tem o mesmo gene mutado. Talvez eu jamais consiga recuperar o que perdi, mas possa conservar o que tenho. E ainda tenho muito."
"Quando não há mais certezas possíveis, só o amor sabe o que é verdade."
Leia, é um livro muito interessante!