Recomendo esses dois filmes ao mesmo tempo, porque um é a continuação do outro, se você for assistir Antes do Pôr do Sol não entenderá a história de amor que eles vivenciaram, as aventuras, os passeios por Viena, os momentos juntos e na hora da despedida os planos de se reencontrarem. Então aconselho assistir primeiro Antes do Amanhecer e depois assistir Antes do Pôr-do-sol.
ANTES DO AMANHECER (Before Sunrise) é um filme que vale a pena vê-lo, talvez pela forma como ele consegue ser paradoxalmente romântico e ao mesmo tempo, realista. Jesse (Ethan Hawke) e Céline (Julie Delpy) se conhecem em um trem a caminho de Paris. Ela, uma francesa voltando da casa da avó, ele, um americano em férias. Ambos são jovens, idealistas e sonhadores, mas ao mesmo tempo são céticos e críticos. Após algumas poucas palavras trocadas, Jesse convida Céline a descerem em Viena e passarem o dia juntos. Pensando no roteiro do filme, isso pode ser apenas um pretexto para que, durante o tour na cidade de Viena, possam ser discutidos, temas como os relacionamentos modernos, destino, sexo, livre arbítrio. E ao mesmo tempo tramar todo o envolvimento da história (e o carisma) dos personagens principais. No final, eles se despedem na estação de trem, pois Jesse precisa voltar para os Estados Unidos e Céline para Paris, mas, mesmo sem trocarem telefone ou sobrenome, prometem se reencontrar seis meses depois na mesma estação. O final é um mistério, vai depender da criatividade e sonhos de cada um. Os românticos acreditariam que os dois se reencontraram e se amaram meses depois. Os mais céticos, poderiam pensar que nada mais aconteceu entre eles. E, finalmente, há os que até hoje estão em dúvida.
Nove anos depois, estreiou o filme ANTES DO PÔR-DO-SOL com os mesmos protagonistas, que é a continuação da história que eles viveram. O Jesse está em Paris, última escala da turnê de divulgação de seu novo livro, que conta a história de um rapaz que conhece uma francesa em um trem e passa uma noite inesquecível ao seu lado.
Uma repórter, francesa, pergunta: "Essa noite aconteceu?". Ele responde. "Isso não importa". Ela insiste. "Mas aconteceu?". Ele reluta, mas confirma. Na pequena e charmosa livraria, em um canto, Céline observa a cena. O reencontro do casal põe fim a todas as perguntas acima. Céline e Jesse caminham juntos, agora, pelas ruas de Paris. É possível, de cara, perceber que o tom da conversa mudou. Como diria outro, com vinte anos todo mundo quer mudar o mundo. Com trinta anos, a gente reluta em mudar os móveis de lugar dentro de casa. Naturalmente, ao tom sonhador do primeiro filme são adicionadas as experiências dos protagonistas, uma certa melancolia. O filme se passa no tempo real de um passeio pela capital francesa, e tudo é centrado nos diálogos do casal. Céline e Jesse relembram histórias da noite em Viena, desvendam o obscuro dos nove anos separados. A situação é mais que o reencontro de dois amantes que se perderam por uma inconveniência da vida. Novamente é uma chance de se refletir sobre as relações amorosas e sobre todos aqueles “e se...”que apavoram nossas vidas. Sobre as nossas escolhas, as frustrações do dia a dia, as ilusões e sobre aquilo tudo que é maior que a nossa própria vontade. Ambos são filmes poéticos, mas enquanto o primeiro possui a impulsividade da juventude, o segundo tem a experiência e o desprendimento consciente da vida adulta.