Todos nós já vimos o estereótipo de "bêbado" em filmes e programas de televisão. É aquele cara que anda cambaleando pelas ruas, com as roupas amarrotadas, falando enrolado e tropeçando nas próprias pernas. Mas, na realidade, o alcoolismo é geralmente muito mais difícil de notar. Os alcoólatras podem esconder seus problemas com bebida dos amigos, da família e até de si mesmos.
Somente nos Estados Unidos, o alcoolismo afeta milhões de pessoas e custa ao país bilhões de dólares por ano. No Brasil, não é diferente.
Neste artigo, aprenderemos a diferença entre o que pode ser considerado "beber em excesso" e o alcoolismo. Conheceremos os fatores genéticos, sociais e psicológicos que levam os indivíduos ao alcoolismo e saberemos como os alcoólatras podem encontrar tratamento para seu vício.
Mas primeiro, o que é o alcoolismo?
A maioria das pessoas pode curtir um copo de vinho no jantar ou uma cerveja com os amigos. Mas, para outras, um copo torna-se dois, dois se tornam quatro e assim sucessivamente. Elas são simplesmente incapazes de parar de beber.
Nem toda pessoa que bebe muito álcool é considerada alcoólatra. Mesmo que o consumo afete a família ou as responsabilidades de trabalho, ou exponha a pessoa a situações de perigo - como dirigir embriagado -, essa pessoa não é necessariamente alcoólatra. Apesar de abusar do álcool, o que não é nada saudável, pode não desenvolver uma dependência física.
Os alcoólatras, por outro lado, têm uma doença crônica. Eles são fisicamente dependentes do álcool. Sentem necessidade de beber como as outras pessoas sentem necessidade de comer e, uma vez que começam, dificilmente conseguem parar. Eles desenvolvem uma tolerância ao álcool, precisando sempre de mais e mais bebida para sentir os mesmos efeitos. Quando o alcoólatra tenta parar de beber, experimenta os sintomas da abstinência: suores, náuseas, ansiedade, delírios, visões, tremores intensos e confusão mental.
De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais de 17 milhões de americanos abusam do álcool ou são alcoólatras. No Brasil, são 19 milhões de dependentes do álcool. O alcoolismo nos Estados Unidos afeta mais homens que mulheres: cerca de 10% dos homens, comparados com 3% a 5% das mulheres, tornam-se alcoólatras durante a vida. Homens que bebem 14 ou mais drinques por semana e mulheres que bebem mais de 7 apresentam risco de se tornarem alcoólatras. O alcoolismo é mais comum em jovens entre 18 e 44 anos do que entre idosos.
Como alguém se torna alcoólatra?
Convivendo com um alcoólatra. O alcoolismo não afeta somente o alcoólatra, mas também as pessoas que convivem com ele, especialmente a família e os amigos. Pesquisas demonstram que mais de 40% dos americanos tiveram casos de alcoolismo na família. Uma entre cinco pessoas cresceu com um alcoólatra.
Filhos de alcoólatras são mais suscetíveis a padecer de ansiedade, depressão e problemas de comportamento do que filhos de não-alcoólatras. Há também um risco maior de eles próprios se tornarem alcoólatras. Existem várias organizações especializadas em tratar famílias de alcoólatras, incluindo a Alanon.
Por que algumas pessoas podem beber socialmente e não se viciar, enquanto outras tornam-se alcoólatras? A razão é uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, psicológicos e sociais.
Os genes podem ser um importante fator no desenvolvimento do alcoolismo. Pesquisas indicaram que os filhos de alcoólatras são quatro vezes mais propensos a se tornarem dependentes. Apesar dessa estatística estar, em parte, relacionada a fatores de convivência, os cientistas determinaram que há uma substancial ligação genética. Pesquisadores têm trabalhado para determinar exatamente quais genes são responsáveis pela propensão ao alcoolismo, no intuito de desenvolver novas medicações para tratar a doença.
Fisiologicamente, o álcool altera o equilíbrio químico no cérebro. Ele afeta substâncias químicas no sistema nervoso central, como a dopamina. O corpo eventualmente anseia pelo álcool para restaurar sentimentos de prazer e evitar sentimentos negativos. Pessoas que já sofrem de muito estresse ou problemas psicológicos, como baixa autoestima e depressão, apresentam maior risco de desenvolver alcoolismo.
Fatores sociais como a pressão social, as propagandas e o ambiente também desempenham um importante papel no desenvolvimento do alcoolismo. Pessoas jovens normalmente começam a beber porque seus amigos bebem. Anúncios de cerveja e bebidas destiladas tendem a retratar que beber é um glamouroso e excitante passatempo.
Os sinais de que alguém pode ser alcoólatra incluem:
beber para esquecer os problemas
beber sozinho com frequência
mentir sobre seu hábito de beber
perder o interesse por comida
sentir-se triste ou irritado quando não está bebendo
perder as memórias de certos eventos ("ter um branco")
O álcool e o cérebro: a longo prazo Beber muito frequentemente pode causar danos permanentes, como redução no tamanho do cérebro e deficiência nas fibras que transportam informações entre as células cerebrais. Muitos alcoólatras desenvolvem uma doença chamada Síndrome de Wernicke-Korsakoff (site em inglês), que é causada por uma deficiência de tiamina (uma vitamina do complexo B). Essa deficiência ocorre porque o álcool interfere na forma como o corpo absorve as vitaminas B. Pessoas com Síndrome de Wernicke-Korsakof apresentam confusão mental e falta de coordenação e ainda podem ter problemas de memória e aprendizado.
O corpo responde ao contínuo consumo de álcool tornando-se dependente dele. Essa dependência, a longo prazo, causa alterações nas reações químicas do cérebro. Ele se acomoda à presença regular de álcool, alterando a produção de neurotransmissores. Quando o indivíduo pára ou reduz drasticamente a bebida, cerca de 24 a 72 horas depois, o cérebro começa a sentir os efeitos da abstinência ao tentar reajustar sua química. Os sintomas de abstinência incluem: desorientação, tremores, alucinações, delírios, náuseas, suores e convulsões.
Tratamento para o alcoolismo
Valores - Estima-se que o alcoolismo custe para os cofres dos Estados Unidos US$ 185 bilhões por ano em despesas médicas, crimes, perda de produtividade e acidentes, segundo dados do National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (Instituto Nacional de Combate ao Alcoolismo). Nos Estados Unidos, aproximadamente 2 milhões de pessoas por ano procuram ajuda para tratar o alcoolismo. Veja logo abaixo o que esse tratamento geralmente inclui.
Desintoxicação - isso implica abstinência de álcool para eliminá-lo completamente do organismo. Leva cerca de quatro a sete dias. Pessoas que passam pela desintoxicação normalmente tomam medicações para prevenir delírios e outros sintomas da abstinência;
Medicamentos - alguns remédios são administrados para prevenir recaídas. Alguns reduzem o desejo de beber, bloqueando as regiões do cérebro que sentem prazer quando o álcool é consumido; outros causam uma reação física grave ao álcool, que inclui náusea, vômitos e dores de cabeça.
Aconselhamento: sessões de aconselhamento e terapia individual ou em grupo podem auxiliar na recuperação do alcoólatra, identificando situações nas quais as pessoas podem ser tentadas a beber e encontrando meios de contornar esse desejo. Um dos mais reconhecidos programas de recuperação alcoólica é o Alcoólicos Anônimos (AA). Nesse programa de 12 passos, os alcoólatras em recuperação encontram-se regularmente para auxiliar uns aos outros durante o processo de recuperação. A eficácia desse programa varia, dependendo da gravidade do problema, dos fatores sociais e psicológicos envolvidos e do comprometimento individual no processo. Um estudo realizado em 2001 demonstrou que 80% das pessoas que passaram por um programa de 12 passos como o do AA, mantiveram-se abstêmios nos seis meses seguintes, contra cerca de 40% das que não passaram por nenhum programa. Estudos também demonstram que combinar medicações com terapia funciona melhor do que qualquer um dos tratamentos de forma isolada. A medicação controla os desequilíbrios químicos que causam o vício de álcool, enquanto a terapia ajuda as pessoas a lutar contra a abstinência.
Infelizmente, não há cura para o alcoolismo. Alcoólatras em recuperação devem trabalhar continuamente para prevenir uma recaída. No entanto, uma pesquisa de 2001/2002 realizada pelo National Institutes of Health descobriu que aproximadamente 35% dos alcoólatras adultos foram capazes de se recuperar completamente de seu vício.
Somente nos Estados Unidos, o alcoolismo afeta milhões de pessoas e custa ao país bilhões de dólares por ano. No Brasil, não é diferente.
Neste artigo, aprenderemos a diferença entre o que pode ser considerado "beber em excesso" e o alcoolismo. Conheceremos os fatores genéticos, sociais e psicológicos que levam os indivíduos ao alcoolismo e saberemos como os alcoólatras podem encontrar tratamento para seu vício.
Mas primeiro, o que é o alcoolismo?
A maioria das pessoas pode curtir um copo de vinho no jantar ou uma cerveja com os amigos. Mas, para outras, um copo torna-se dois, dois se tornam quatro e assim sucessivamente. Elas são simplesmente incapazes de parar de beber.
Nem toda pessoa que bebe muito álcool é considerada alcoólatra. Mesmo que o consumo afete a família ou as responsabilidades de trabalho, ou exponha a pessoa a situações de perigo - como dirigir embriagado -, essa pessoa não é necessariamente alcoólatra. Apesar de abusar do álcool, o que não é nada saudável, pode não desenvolver uma dependência física.
Os alcoólatras, por outro lado, têm uma doença crônica. Eles são fisicamente dependentes do álcool. Sentem necessidade de beber como as outras pessoas sentem necessidade de comer e, uma vez que começam, dificilmente conseguem parar. Eles desenvolvem uma tolerância ao álcool, precisando sempre de mais e mais bebida para sentir os mesmos efeitos. Quando o alcoólatra tenta parar de beber, experimenta os sintomas da abstinência: suores, náuseas, ansiedade, delírios, visões, tremores intensos e confusão mental.
De acordo com uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, mais de 17 milhões de americanos abusam do álcool ou são alcoólatras. No Brasil, são 19 milhões de dependentes do álcool. O alcoolismo nos Estados Unidos afeta mais homens que mulheres: cerca de 10% dos homens, comparados com 3% a 5% das mulheres, tornam-se alcoólatras durante a vida. Homens que bebem 14 ou mais drinques por semana e mulheres que bebem mais de 7 apresentam risco de se tornarem alcoólatras. O alcoolismo é mais comum em jovens entre 18 e 44 anos do que entre idosos.
Como alguém se torna alcoólatra?
Convivendo com um alcoólatra. O alcoolismo não afeta somente o alcoólatra, mas também as pessoas que convivem com ele, especialmente a família e os amigos. Pesquisas demonstram que mais de 40% dos americanos tiveram casos de alcoolismo na família. Uma entre cinco pessoas cresceu com um alcoólatra.
Filhos de alcoólatras são mais suscetíveis a padecer de ansiedade, depressão e problemas de comportamento do que filhos de não-alcoólatras. Há também um risco maior de eles próprios se tornarem alcoólatras. Existem várias organizações especializadas em tratar famílias de alcoólatras, incluindo a Alanon.
Por que algumas pessoas podem beber socialmente e não se viciar, enquanto outras tornam-se alcoólatras? A razão é uma combinação de fatores genéticos, fisiológicos, psicológicos e sociais.
Os genes podem ser um importante fator no desenvolvimento do alcoolismo. Pesquisas indicaram que os filhos de alcoólatras são quatro vezes mais propensos a se tornarem dependentes. Apesar dessa estatística estar, em parte, relacionada a fatores de convivência, os cientistas determinaram que há uma substancial ligação genética. Pesquisadores têm trabalhado para determinar exatamente quais genes são responsáveis pela propensão ao alcoolismo, no intuito de desenvolver novas medicações para tratar a doença.
Fisiologicamente, o álcool altera o equilíbrio químico no cérebro. Ele afeta substâncias químicas no sistema nervoso central, como a dopamina. O corpo eventualmente anseia pelo álcool para restaurar sentimentos de prazer e evitar sentimentos negativos. Pessoas que já sofrem de muito estresse ou problemas psicológicos, como baixa autoestima e depressão, apresentam maior risco de desenvolver alcoolismo.
Fatores sociais como a pressão social, as propagandas e o ambiente também desempenham um importante papel no desenvolvimento do alcoolismo. Pessoas jovens normalmente começam a beber porque seus amigos bebem. Anúncios de cerveja e bebidas destiladas tendem a retratar que beber é um glamouroso e excitante passatempo.
Os sinais de que alguém pode ser alcoólatra incluem:
beber para esquecer os problemas
beber sozinho com frequência
mentir sobre seu hábito de beber
perder o interesse por comida
sentir-se triste ou irritado quando não está bebendo
perder as memórias de certos eventos ("ter um branco")
O álcool e o cérebro: a longo prazo Beber muito frequentemente pode causar danos permanentes, como redução no tamanho do cérebro e deficiência nas fibras que transportam informações entre as células cerebrais. Muitos alcoólatras desenvolvem uma doença chamada Síndrome de Wernicke-Korsakoff (site em inglês), que é causada por uma deficiência de tiamina (uma vitamina do complexo B). Essa deficiência ocorre porque o álcool interfere na forma como o corpo absorve as vitaminas B. Pessoas com Síndrome de Wernicke-Korsakof apresentam confusão mental e falta de coordenação e ainda podem ter problemas de memória e aprendizado.
O corpo responde ao contínuo consumo de álcool tornando-se dependente dele. Essa dependência, a longo prazo, causa alterações nas reações químicas do cérebro. Ele se acomoda à presença regular de álcool, alterando a produção de neurotransmissores. Quando o indivíduo pára ou reduz drasticamente a bebida, cerca de 24 a 72 horas depois, o cérebro começa a sentir os efeitos da abstinência ao tentar reajustar sua química. Os sintomas de abstinência incluem: desorientação, tremores, alucinações, delírios, náuseas, suores e convulsões.
Tratamento para o alcoolismo
Valores - Estima-se que o alcoolismo custe para os cofres dos Estados Unidos US$ 185 bilhões por ano em despesas médicas, crimes, perda de produtividade e acidentes, segundo dados do National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism (Instituto Nacional de Combate ao Alcoolismo). Nos Estados Unidos, aproximadamente 2 milhões de pessoas por ano procuram ajuda para tratar o alcoolismo. Veja logo abaixo o que esse tratamento geralmente inclui.
Desintoxicação - isso implica abstinência de álcool para eliminá-lo completamente do organismo. Leva cerca de quatro a sete dias. Pessoas que passam pela desintoxicação normalmente tomam medicações para prevenir delírios e outros sintomas da abstinência;
Medicamentos - alguns remédios são administrados para prevenir recaídas. Alguns reduzem o desejo de beber, bloqueando as regiões do cérebro que sentem prazer quando o álcool é consumido; outros causam uma reação física grave ao álcool, que inclui náusea, vômitos e dores de cabeça.
Aconselhamento: sessões de aconselhamento e terapia individual ou em grupo podem auxiliar na recuperação do alcoólatra, identificando situações nas quais as pessoas podem ser tentadas a beber e encontrando meios de contornar esse desejo. Um dos mais reconhecidos programas de recuperação alcoólica é o Alcoólicos Anônimos (AA). Nesse programa de 12 passos, os alcoólatras em recuperação encontram-se regularmente para auxiliar uns aos outros durante o processo de recuperação. A eficácia desse programa varia, dependendo da gravidade do problema, dos fatores sociais e psicológicos envolvidos e do comprometimento individual no processo. Um estudo realizado em 2001 demonstrou que 80% das pessoas que passaram por um programa de 12 passos como o do AA, mantiveram-se abstêmios nos seis meses seguintes, contra cerca de 40% das que não passaram por nenhum programa. Estudos também demonstram que combinar medicações com terapia funciona melhor do que qualquer um dos tratamentos de forma isolada. A medicação controla os desequilíbrios químicos que causam o vício de álcool, enquanto a terapia ajuda as pessoas a lutar contra a abstinência.
Infelizmente, não há cura para o alcoolismo. Alcoólatras em recuperação devem trabalhar continuamente para prevenir uma recaída. No entanto, uma pesquisa de 2001/2002 realizada pelo National Institutes of Health descobriu que aproximadamente 35% dos alcoólatras adultos foram capazes de se recuperar completamente de seu vício.