Este livro relata-nos uma comovente lição de vida.
Lendo esta fascinante história, fui identificando meus sentimentos, às vezes indignação, perplexidade e raiva, outras vezes, admiração e simpatia pelos personagens.
Jeannette Walls é hoje uma bela mulher, bem sucedida na sua carreira de jornalista. Mas há duas décadas que ela esconde um segredo: as suas raízes.
Jeannette é filha de Rex e Rose Mary Walls que tiveram mais quatro filhos. Rex e Rose eram dois idealistas que formavam, com os filhos, uma família excêntrica, disfuncional e que viveu sempre, por vontade dos pais, no limiar da pobreza. Optaram por viver como nômades, mudando constantemente de cidade em cidade. Sem casa, iam vivendo em armazéns abandonados, acampavam nas montanhas, ou viviam no próprio carro. Os filhos tiveram de sobreviver sozinhos. Eram eles que arranjavam a comida, limpavam o espaço onde viviam e eram ainda eles que tentavam convencer os pais a trabalhar. Ao longo dos anos foram-se amparando uns aos outros, numa luta sem fim para conseguir sobreviver.
O livro retrata uma família disfuncional com suas nuances peculiares. A negligência da mãe, o vício do pai, a dor e o sofrimento dos filhos, mas em contrapartida... esse pai que vivia embriagado era sonhador e carismático, essa mãe mesmo sendo negligente, amava a liberdade, a arte, era criativa e excêntrica. Ensinava-lhes física, geologia e acima de tudo, como enfrentar a vida com coragem. Controversos, por opção, os Walls são retratados com lirismo, humor e lucidez, mas sem qualquer traço de piedade, numa narrativa biográfica que mescla absurdo e beleza de uma maneira raramente alcançada nas mais fantasiosas obras de ficção.
“Filha, a gente não tem dinheiro para o presente, mas escolhe uma estrela no céu, e fica com ela pra toda a vida.”
Jeanette conta sua vida de uma maneira emocionante, sem qualquer resquício de autopiedade, descreve suas aventuras de forma divertida, e amor incondicional por seus pais, revelando profundo carinho e admiração.